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Nº 5710
Política

Lessa vai criar observatório de estudos políticos para debater Alagoas

Em entrevista à GazetaNews, vice-governador falou sobre relação com Paulo Dantas e futuro político

Por Fábio Costa | Edição do dia 04/05/2024 - Matéria atualizada em 04/05/2024 às 04h00

O vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) vai articular debates com diversos setores da sociedade alagoana e brasileira. Para isso, está criando o Observatório de Estudos Políticos para reunir especialistas, pensadores e a academia a fim de debater a situação atual.

Segundo Lessa, a instantaneidade e o imediatismo das redes sociais tem atrapalhado o papel essencial da política, que é o de pensar o presente com vistas no futuro.

“Venho de uma geração que discutiu e conversou muito com a sociedade para entender suas demandas. Sempre tive isso comigo e foi assim que consegui viver todos esses anos fazendo política”, disse Lessa.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast Gazeta Entrevista, apresentado pelo âncora Wyderlan Araújo, com a participação do jornalista Marcos Rodrigues. O primeiro episódio vai ao ar neste sábado, às 20h, pela Gazeta News, canal 525 da Net/Claro. O conteúdo também ficará disponível no canal da tv no YouTube.

ALIANÇA

Lessa falou da liberdade que tem para conversar e contribuir com a gestão do Governador Paulo Dantas (MDB). Sobre a aliança que o fez deixar a Vice-prefeitura de Maceió, ele disse que ocorreu num momento importante para o País. Conforme lembrou, coincidiu com a época em que o prefeito JHC e seu grupo político estavam se aliando ao então presidente Jair Bolsonaro.

“Minha relação com o Governador Paulo Dantas é, acima de tudo, de muito respeito. Ele tem a mesma preocupação que eu quanto à inclusão dos mais pobres, com a educação e o desenvolvimento de Alagoas. Quando fui governador, criamos as bases para isso. Vejo que ele dá continuidade e pode fazer o Estado avançar mais do que já avançamos”, acredita o governador.

Isso, porém, não o impede de apontar a necessidade de ajustes. Em sua avaliação, por exemplo, o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) não é para ser deslocado para o tratamento de dependentes químicos. Ele afirma reconhecer a importância de ajudar no tratamento, porém o recurso criado não é para essa finalidade.

Segundo explicou, foi criado para contribuir com ações e políticas públicas totalmente voltadas para pessoas em situação de vulnerabilidade. “O Fecoep pode ser uma das principais fontes para o enfrentamento da fome. E o governador tem feito isso quando cria condições do Estado estar atuando com políticas de inclusão, geração de emprego e renda. Sei que tem esse compromisso assim como eu. Por isso, continuarei apontando saídas que para mim sejam necessárias para darmos saltos na qualidade de vida das pessoas”, completou Lessa.

Como ex-governador, ele lembrou que teve grandes desafios. Lembra, por exemplo, que pegou uma estrutura estadual totalmente desmontada após a gestão de Divaldo Suruagy e Manoel Gomes de Barros. Isso porque, com o Plano de Demissão Voluntária (PDV), muitos órgãos ficaram sem servidores.

“Por isso, a única saída eram os concursos públicos. Fizemos isso e demos uma nova cara para o serviço público. Destaco a área de segurança que ficou com autonomia para trabalhar. Mudamos a filosofia da PM, que ganhou até prêmio nacional de Direitos Humanos”, disse Lessa.

Ele lembrou que, no passado, quando se fala em PM, a referência era a “Gangue Fardada”. Que os índices de violência eram altíssimos. E que fez a base para que hoje isso tudo esteja em condições diferentes.

“Admito, também, que não consegui fazer a união das polícias, que hoje ocorre de forma maravilhosa por meio dos Cisps. Isso é uma conquista dos governos do MDB, primeiro com Renan Filho e agora com o Paulo. É uma ideia muito boa pois une todos com um mesmo objetivo, que é o combate à violência”, reconheceu o vice.

FUTURO

Sobre o futuro político, ele não confirmou que poderá sair candidato em 2026, mas sim que a prioridade política é para o governador Paulo.

“Não é justo que eu esteja num governo que me acolheu criando condições para permanecer. Quem está a frente é o Governador Paulo e, desse modo, se ele for para qualquer disputa, o que irei fazer é assumir o governo”, revelou Lessa.

Ele conta que não é “carreirista” e que seu futuro político está totalmente ligado a sua condição física de saúde. Lessa lembra que sofreu muito com problemas de coluna enquanto estava no comando do Estado. E sabe do peso da responsabilidade, em especial, nos dias de hoje. Mas que qualquer posição sobre disputa eleitoral passa pela capacidade de cumprir com as demandas que o cargo exige.

No momento, ele conta que tem acompanhado e participado de várias discussões de interesse do Estado, dentro e fora de Alagoas. Conforme explicou, o próprio governador faz questão de sua presença e recentemente até o convidou para uma viagem internacional. Lessa disse que não irá pela necessidade de realizar exames médicos.

Uma das discussões que acompanhou e viu que vai sair do papel é sobre o concurso para a agricultura do Estado. Lessa lembra que, quando assumiu a pasta no passado, ficou impressionado com o fato de que um órgão tão importante não tenha quadros próprios para ajudar Alagoas. “Esse concurso é um dos que particularmente acredito ser essencial, porque a agricultura é a base da economia. É no campo que estão as famílias que precisam de apoio”, destacou o vice-governador.

Ronaldo não escondeu o orgulho de, neste momento de sua vida política, ainda ter condições de contribuir com um governo que tem compromisso social. Ele conta que, desde que iniciou sua militância na vida política, foi a necessidade da maioria da população que sempre o motivou a enfrentar desafios.

Durante a entrevista, ele falou da atuação no movimento estudantil, de quando atuou como professor e que inclusive foi professor de sua mãe, Noélia Lessa. Sobre ela, revelou detalhes importantes de como conseguiu criar os sete filhos com muita dignidade e amor, mas que, aos 39 anos, perdeu o marido, Geraldo Melo Santos. “Minha mãe foi uma guerreira. Criar sete filhos sem o marido foi uma luta. E para completar, perderam seus documentos da escola e ela teve que estudar o segundo grau de novo e fui seu professor”, revelou Ronaldo.

Conforme lembrou, em seu governo ela teve uma atuação relevante, pois atendia as pessoas no palácio num período em que assumiu o Soprobem. Ao mesmo tempo, além de suas vitórias políticas, também viu uma de suas derrotas. Por isso, não titubeou em homenageá-la dando o seu nome a um centro de saúde.

O local deverá passar por uma grande reforma. O assunto já foi inclusive conversado com o Governador Paulo Dantas, que se comprometeu a reestruturar o local para ser uma Clínica da Família. Tudo isso e muito mais Lessa conversou em quase duas horas de entrevista.

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