Quase 30 anos após viver o apogeu de ter um presidente da República, o PSDB perdeu o protagonismo no País, deixou de ser referência de oposição ao PT e não tem mais espaço entre os gigantes em representatividade no Congresso Nacional. Atualmente, amarga uma das suas maiores crises e tenta ‘ressuscitar’ - já que os próprios tucanos remanescentes admitem que faltou pouco para sepultar o partido.

Só para se ter uma ideia do abismo, a sigla chegou ao fim da janela partidária de 2024 (expressão que se refere ao período de 30 dias, em ano eleitoral, em que parlamentares podem trocar de partido sem perder o mandato) deixando de ter vereadores em 12 capitais brasileiras. Apesar de esta fase se restringir ao Poder Legislativo Municipal, o impacto foi bem maior, gerou movimentações políticas mais amplas e expôs o enfraquecimento da legenda.

A federação partidária formada entre PSDB e Cidadania elegeu, em 2022, apenas 18 deputados (dos quais 13 tucanos) e nenhum senador − o que fez com que a sigla ficasse com apenas 2 representantes no Senado (e um deles, o senador Izalci Lucas, já comunicou migração para o PL nos próximos dias). Foi o pior resultado da história do partido.

Em Alagoas, o PSDB minguou. Não tem representantes na Câmara de Maceió nem em Arapiraca, colégio eleitoral que foi tão generoso com a sigla, já elegendo prefeitos e a maior bancada de vereadores, em 2020, medindo forças diretamente com o MDB. No jogo de acomodações partidárias, valeu quem tinha mais prestígio e força política.

Figura histórica no ninho tucano, Claudionor Araújo até estremeceu as relações com a executiva nacional, mas não abandonou o barco no naufrágio. Este ano, a missão dele parecia impossível: percorrer o Estado para recompor o partido, atrair antigos e novos filiados e montar chapas competitivas para a disputa majoritária e proporcional. Ele lembra que estes fatores acima e a atuação desastrosa de algumas lideranças foram decisivos para a queda do PSDB.

“Quem tem poder ou expectativa de poder consegue atrair e ter mais força político-eleitoral. O PSDB praticamente morreu e faltou muito pouco para que fosse enterrado de vez. A saída de figuras historicamente tucanas também contribuíram muito para este cenário. Agora, estamos vivendo uma etapa de reconstrução após o partido definhar. Por isso, que os ‘cabeças brancas’ do partido, a exemplo do ex-governador Teotonio Vilela, criaram um grupo de trabalho para reconstruir o PSDB”, adiantou.

Pela experiência de anos na articulação política, Claudionor foi escolhido para viajar pelo Estado na busca de novas filiações e estruturação das futuras chapas para prefeito, vice-prefeito e vereadores. Ele visitou parte dos municípios e revela que o PSDB disputará as eleições para prefeito ou vice-prefeito em 15 municípios e montou chapas de pré-candidatos em 26. A meta é pavimentar o caminho para 2026.

“Nosso foco eram as cidades com maior densidade eleitoral, sem abrir mão de localidades em que o PSDB era forte. Por isso, estive em vários municípios e conseguimos iniciar este trabalho de reconstrução. Estamos otimistas de que o partido sairá fortalecido do pleito deste ano”, comentou.

Ele adiantou que o partido aposta nas eleições em Arapiraca, onde lançará o nome de Lindomar Ferreira para a prefeitura em uma provável composição com o PSOL. O objetivo tucano é, na chapa proporcional, eleger até três vereadores.

Em Maceió, a sigla não teve êxito nas tentativas de montar uma chapa para vereador. O grupo até então liderado pelo vereador Samyr Malta partiu para o Podemos de última hora e enterrou a chance tucana de brigar por cadeiras na Câmara. O partido mantém o compromisso de apoiar JHC (PL) à reeleição.

“Como todo partido político, o PSDB passa por momentos melhores e outros nem tanto. E, isso, inclusive foi tema da reunião executiva nacional esta semana, da qual sou membro. O PSDB tem muita coisa pra contar, muitas realizações no âmbito nacional e também no âmbito de Alagoas. É conhecido nacionalmente pela excelência de seus quadros”, destacou o presidente do diretório estadual do PSDB, Pedro Vilela.

Segundo ele, o desafio em 2024 é fazer as propostas percebidas em um cenário de extrema polarização.