Guardiã da Cultura
Carlos Méro: imortal pelo legado
Membro da Academia Alagoana de Letras desde 1999, escritor questiona falta de apoio à instituição


Filho de Ernani Méro e Nair Barros Méro, Carlos Méro nasceu em Penedo, cidade alagoana às margem do Rio São Francisco. Ele ocupa a cadeira de número 2, do patrono Pedro Paulino da Fonseca, da Academia Alagoana de Letras (AAL) desde 17 de setembro de 1999, como sucessor de Aloísio Costa Melo, sucessivamente ocupada pelos escritores Leonino Correia, José Maria de Melo e Aloísio Vilela.
Méro já foi presidente da Academia Alagoana de Letras entre 2010 e 2017, por dois mandatos completos e o derradeiro interrompido por renúncia em outubro de 2017.
“O que fiz levado por motivos inteiramente pessoais, eis que vinculados à minha saúde. A Academia teve a felicidade de me ter sucedido por Alberto Rostand Lanverly, que tem luz própria e é reconhecidamente empreendedor. Confesso não enxergar, em minha gestão, o brilho daquelas de Moreira e Silva, primeiro Presidente, José Maria de Melo, Jayme de Altavilla, Carlos Moliterno, Ib Gatto Falcão e, hoje, de Rostand Lanverly. Por certo que em razão das minhas próprias limitações como gestor, haja vista que nunca me faltou o estimulante apoio de todos os meus confrades. Ainda assim, uma experiência de inestimável valia”, disse.
Sobre fazer parte da Academia, Méro define como um papel honroso porque trata-se de uma instituição centenária, cuja nobre finalidade é a de ser guardiã da cultura alagoana e estimuladora da sua afirmação.
“Tanto mais quando uma entidade que já contou entre seus membros com poetas da estatura universal de Lêdo Ivo e Jorge de Lima, este último até cogitado para o Prêmio Nobel da Literatura. Para não falar de tantos outros que quero homenagear nas pessoas de Carlos Moliterno, Heliônia Ceres, Guedes de Miranda, Jayme de Altavilla, Romeu de Avelar, Diégues Júnior, Theo Brandão, Mário Marroquim e Heloísa Medeiros”, defendeu.
Conforme o relato de Carlos Méro, o compromisso primordial da Academia é com a cultura alagoana e nesse rumo, “ela tem incansavelmente se empenhado” e “firme no enfrentamento de todas as dificuldades que lhe são agravadas pela ausência do apoio dos Poderes Públicos”. “Mas todos nós sabemos que poesia, história, prosa literária ou científica e assim por diante não rendem votos. Logo não são úteis para a conquista e a conservação do poder”, reforçou.
Quanto à imortalidade, Carlos Méro diz que entende que ela só deixa de ser um delírio quando se refere à obra e não ao homem.
“Machado de Assis, Graciliano e até Ovídio e William Shakespeare, por exemplo, não se imortalizaram porque simples viventes em um determinado momento histórico, com todas as alegrias, conquistas, derrotas e até tempestades típicas da existência humana; imortalizaram-se, isso sim, pelas obras singulares que legaram à posteridade”, contou.