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Entre a sofrência e a pista de dança

Letrux faz primeiro show em Maceió nesta quinta-feira, no Rex Jazz Bar; confira entrevista

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Imagem ilustrativa da imagem Entre a sofrência e a pista de dança
| Foto: ANA ALEXANDRINO

Visceral, tragicômico, íntimo e humano. O trabalho de Letrux, que protagonizou a cena musical independente nos últimos dois anos, certamente pode ser definido com essas palavras. A cantora carioca sobe ao palco do Rex Jazz Bar nesta quinta-feira, 24, com o espetáculo ‘Letrux em Noite de Climão’, show do disco homônimo, lançado em 2017, que hipnotizou uma legião de fãs. A casa abre às 21h.

É sob a persona de Letrux que Letícia Pinheiro de Novaes interpreta canções e poemas em seus shows. Ela une as apaixonadas, magoadas, empoderadas e frenéticas mulheres que habitam a artista, que atribui o sucesso à sinceridade. O CD é o primeiro álbum da carreira solo e figurou como o 10º melhor disco brasileiro de 2017, a cantora está no final da extensa turnê , que na reta final ganhou o título ‘Letrux em Climão de Despedida’.

“Encerrar a turnê do disco Letrux em Noite de Climão é deveras prazeroso, porque percebemos o quanto alcançamos inúmeras pessoas, de todas as idades, gêneros, estilos. O Climão de fato rasgou tudo: o céu, minha cara, a vida, tudo. Mas não sou inimiga do fim, pelo contrário, amo ponto final, então, natural encerrarmos esse ciclo e partir para a próxima ideia. Fico muito feliz com toda essa trajetória curiosa, divertida e profunda”, declarou a artista, que concedeu entrevista ao Caderno B, enquanto se preparava para o aguardado show em Maceió. Confira o bate-papo.

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| Foto: ANA ALEXANDRINO

Gazeta de Alagoas - Letrux em Noite de Climão rendeu. Você atribui esse fôlego a algo em particular?

Letrux - Acho que fui muito sincera nesse trabalho. Disse o que queria, segui minha intuição e fluí no tempo. Aconteceu. Ainda é misterioso pra mim, mas, se tiver que dizer algo, acho que é isso.

Na hora de compor você é engessada ou deixa fluir?

Sou bem caótica. Tudo é permissivo pra mim nessa hora. Posso estar dormindo e tenho que levantar se a ideia surge, ou pode vir de um exercício, de uma prática de composição, não tem regra. É o melhor momento pra mim: compor. Dá barato real.

Você está compondo ultimamente? O que podemos esperar dos próximos trabalhos?

Sim, estamos nesse processo delicioso de composição. Tem sido muito importante, tenho ido pra lugares inéditos, mas também continuo muito voyeur e contemplativa da vida cotidiana e contemporânea. Vai ser um disco emocionante, sinto.

Você é engajada nas redes. Que papel social você acredita que tem o artista?

Só sei ser assim. Entendo quem acha que é só fazer música, mas eu não consigo só cantar. Me enxergo de maneira mais além, como cidadã atuante. Artistas que admiro têm grandes lutas, então, cresci com alguns exemplos e dei continuidade a isso, de alguma maneira.

Como você avalia a imagem do artista no Brasil de hoje?

Artista sempre foi visto como marginal, em todas as fases da história, o que é uma pena, porque nosso trabalho tem total relação com sanidade, sabe? Viver, existir, sem arte, pra mim, é uma grande tristeza e beira a depressão. Sou grata por fazer arte e consumir também. Minha vida melhora muito.

O disco tem essa vibe dançante e ao mesmo tempo triste. É proposital?

Não foi proposital, não. Aconteceu, acho que em 2016/2017. Eu andava bem triste com o país, com minha vidinha, e acaba que as composições foram pra esse lado. Eu sempre fui assim também, mezzo triste, mezzo alegre. Não entendo só gente engraçada, tenho até preguiça. Também não sei lidar com gente só triste, acho chato. É preciso ter equilíbrio.

Letrux seria um alter ego? Como se desenvolveu?

Eu tenho gêmeos na casa do trabalho, apesar de capricorniana. Meu trabalho é muito multi. Sempre foi. Me utilizo de todas as nuances: literatura, teatro, música pra ir me camuflando, me portando, performando. Letrux sou eu, mas também não é. E gosto que seja assim, empresto coisas minhas, mas também invento.

Você acredita que a arte está respondendo bem aos ataques que vem sofrendo ao longo dos últimos anos?

Acho que temos grandes manifestações genuínas nos últimos anos, felizmente. Talvez ainda estejamos num estágio de medo por tudo que está acontecendo. Existe um horror a tudo, mas acho que é nesses momentos de caos que nascem grandes estrelas também.

É sua primeira vez em Maceió, qual a expectativa?

Foi uma das cidades que mais pediu pelo show, desde o início. É um prazer concretizar um desejo, estou muito feliz em ir e realizar.

Você está acompanhando a questão do petróleo nas praias?

Sim, de maneira desesperada e chocada. Uma vergonha, um horror, mas considerando o presidente e sua corja não me surpreende que isso esteja acontecendo. É um retrato desse governo, que tragédia, que crime, que terrível.

Qual o convite de Letrux em Noite de Climão?

“Onde a fossa dança e o gozo dói”, vem dançar essa fossa!

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