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Proximidade é a missão da Academia centenária

Presidente da AAL comentou marcos progressistas, como a presença feminina em foto oficial

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Imagem ilustrativa da imagem Proximidade é a missão da Academia centenária
| Foto: Felipe Nyland

Sobre esses marcos progressistas da Academia e, ainda, sobre a maneira como a instituição chega aos cem anos, o presidente Alberto Rostand Lanverly conversou com o Caderno B.

Gazeta de Alagoas – Qual a missão da Academia aos cem anos?

Alberto Rostand - A missão, pelo menos nos dois últimos anos que eu sou presidente, é mostrar ao povo alagoano que a coisa mais certa do mundo é o querer. Quando você quer, você pode. Mas, mais forte do que isso é você entender que o verdadeiro poder do ‘querer é poder’ está no saber. Então, quando você é uma pessoa que sabe, que tem capacidade de ter sabedoria, que você desenvolve uma cultura, você vai ter um poder que nem imagina, porque você tem capacidade de pensar, e quem pensa é diferenciado. Essa tem sido a missão: mostrar ao povo alagoano que o verdadeiro poder não está só no poder. O saber é tudo e lhe dá condições de avançar.

É relativamente nova a presença das mulheres na Academia. Isso estabelece um diálogo entre a instituição, a modernidade e a luta feminista?

Na minha concepção, o mundo é machista. Historicamente. Com o passar do tempo, a mulher foi se estabelecendo. Na literatura, ela não tinha condições de ler, não tinha condições de aprender. Aos poucos ela foi absorvendo a sabedoria. Ela começou a ler, escrever. Mas, mesmo assim, tudo era para o homem. Então, a Academia Alagoana de Letras foi inaugurada em 1919 e somente em 1945 a primeira mulher chegou a ocupar uma cadeira de sócio-efetiva, a ser acadêmica, ser imortal da Academia.

Quem foi a primeira imortal da AAL?

Chama-se Eunice Lavenere. Uma professora de línguas, uma pessoa que tinha muitos livros escritos e que marcou sua época. Para você ter uma ideia, na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz só entrou nos anos 1960. Nós conseguimos colocar uma mulher em 1945. Nesses 100 anos, 19 mulheres ingressaram na Academia Alagoana de Letras. Eu tenho até a alegria de dizer que tenho incentivado muito as mulheres. Em 100 anos, 19 mulheres e hoje nós temos 12 mulheres na Academia.

Como foi a criação da Academia Alagoana de Letras?

A Academia começou a ser arquitetada cinco anos antes de seu início. Ela foi inaugurada em 1 de novembro de 1919, às 13h, numa sala do Teatro Deodoro. Naquela época, as cabeças pensantes eram divididas entre o azul e o vermelho. A política imperava. Todas as cabeças pensantes ou eram Maltistas, de Euclides Malta, que tinha governado o Estado até 1915, ou eram Fernandistas, Fernandes Lima, que tinha recém assumido o governo. Quando eles se juntavam, não sabiam deixar a política de lado e o pau cantava e não se criava essa Academia Alagoana de Letras. Em 1919, resolveram, em nome da cultura, deixar a política de lado e criar a Academia. Instituição cujo lema é desenvolver estudos sobre a língua, sobre a cultura, sobre a letra, sobre as características literárias da comunidade. Ela, com todas as dificuldades da vida durante os cem anos, essas condições foram preservadas.

Ela tem algumas sedes, certo? Qual a história por trás disso?

Quando foi criada, ela passou a habitar o Instituto e Geográfico de Alagoas, porque muitas pessoas que fundaram a academia já integravam o Instituto. Por 50 anos funcionou ali. Até que, em 1969, o governador do Estado doou à Academia Alagoana de Letras sua primeira sede, na Praça Deodoro, em frente ao Teatro. Em 1999, a Prefeitura de Maceió doou à Academia a sua segunda sede, que é a Casa Jorge de Lima, na Praça Sinimbú, que é a nossa sede administrativa hoje, onde residiu Jorge de Lima, o grande poeta alagoano e brasileiro. Um dos nossos sócios, Paulino Santiago, não tinha herdeiros e deixou seu patrimônio para a Academia. Neste patrimônio tem uma casa na rua Dias Cabral, detrás do Teatro Deodoro. Apesar desse patrimônio, o grande tesouro é a cultura daqueles que passam por ali. Por isso que se diz que a Academia é a casa da cultura alagoana.

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