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Nº 5693
Caderno B

THRILLER POLÍTICO EXPÕE PROGRAMA DE TORTURA DA CIA

Adam Driver dá vida a assessor parlamentar que descobre esquema de tortura

Por CLARA BALBISÃO PAULO/ FOLHAPRESS | Edição do dia 13/11/2019 - Matéria atualizada em 13/11/2019 às 04h00

Foto: Divulgação
 

Parceiro frequente do diretor Steven Soderbergh, o roteirista Scott Z. Burns teve que correr para filmar "O Relatório". O thriller, sobre os esforços de um assessor parlamentar (Adam Driver) para denunciar um programa de tortura implementado pela CIA, a Agência Central de Inteligência, durante a Guerra do Iraque, teve seu orçamento inicial reduzido em US$ 10 milhões (R$ 40 milhões), e foi rodado em apenas 26 dias, contra os 50 originalmente previstos. A razão para tanta pressa, diz Burns, é a mesma que vem suscitando críticas de pesos-pesados como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, e até mesmo o brasileiro Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus". Hollywood não quer investir em histórias que não sejam de super-heróis. “Vivemos numa época em que as pessoas decidiram que filmes deveriam ter muitas coisas explodindo", afirma Burns. O cineasta acha que a situação é ainda pior para os thrillers políticos. Em tempos de polarização, ele diz que a indústria teme afastar parcelas consideráveis do público potencial. "Mas meu filme não é sobre a esquerda versus direita, e sim certo versus errado." De fato, na trama não sobra nem para o ex-presidente, o democrata Barack Obama. O longa alterna passado e presente ao retratar os seis anos da batalha de Daniel J. Jones para divulgar um documento que revelava as técnicas de tortura adotadas pela agência de inteligência americana no Oriente Médio pós-11 de setembro. Contratado por um comitê bipartidário para analisar centenas de páginas de documentos do órgão, Jones é trancado numa sala sem acesso à internet ou privado de entrevistas com profissionais que atuaram no programa – os primeiros de muitos obstáculos burocráticos. Mesmo assim, descobre detalhes pavorosos o suficiente para encher quase 7.000 páginas de um relatório preliminar, que ninguém, do diretor da CIA ao chefe de gabinete da Casa Branca, quer ver publicado. A escolha de Driver para o papel foi fundamental, afirma Burns. O ator serviu na marinha antes de migrar para o cinema. "Ele entende como funciona uma hierarquia. E é extraordinariamente obsessivo", conta. Driver e os outros integrantes do elenco conviveram com Jones em pessoa durante as filmagens. Ele também foi uma das principais fontes para o roteiro. O diretor afirma que o assessor é uma versão real de personagens como Erin Brockovich e Frank Serpico, que lutaram contra sistemas a princípio inabaláveis. "Ele é um super-herói, mas o único poder dele é conseguir ler muito", diz.

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