EM CARTAZ
APESAR DE BOICOTE, FILME DE POLANSKI VAI BEM NA FRANÇA
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PARIS — "J'accuse", novo filme de Roman Polanski, lidera as bilheterias na França uma semana após sua estreia, apesar dos pedidos de boicote ao cineasta franco-polonês, acusado recentemente de um novo estupro. Com mais de 501 mil ingressos vendidos, é a "melhor estreia de sua carreira", segundo o site CBO Box Office, embora os dados não estejam disponíveis para os filmes anteriores a 1995. Até então, sua melhor estreia na França tinha sido "O último portal" (1999), seguido por "Oliver Twist" (2005) e "O Pianista" (2002). "J'accuse", que narra a história do militar judeu Alfred Dreyfus, acusado erroneamente de espionagem no final do século XIX na França, ganhou o prêmio do Grande Júri no Festival de Veneza. Sua estreia na França foi marcada por pedidos de boicote depois que uma fotógrafa francesa, Valentine Monnier, afirmou que o diretor a estuprou em 1975, quando ela tinha 18 anos. Polanski negou a acusação por meio de seu advogado. O cineasta é um fugitivo dos Estados Unidos, onde em 1977 foi acusado de estuprar uma menor de 13 anos. Em alguns cinemas, protestos foram organizados. Várias mulheres bloquearam a entrada na pré-estreia, aos gritos de "estuprador Polanski". A promoção de "J'accuse" também foi alterada: seus protagonistas Jean Dujardin e Emmanuelle Seigner, mulher de Polanski, cancancelaram as entrevistas. A nova acusação também levou a Sociedade Civil de Diretores e Produtores (ARP) a informar que, em sua assembleia geral, proporá suspender qualquer um de seus membros que tenha sido acusado pela justiça. Denunciando o "séquito incondicional de intelectuais e artistas" que apoiam o diretor, Valentine disse que decidiu tornar público seu testemunho para contrariar comparações entre o cineasta e seu último filme. "Estou familiarizado com muitas das performances do aparato de perseguição exibido no filme", disse o diretor, que afirma ter sido injustiçado. No Twitter, alguns internautas compartilharam a hastag #BoicotePolanski, enquanto circulavam outras modificando o título do filme para "Eu abuso". No original, "J'accuse" significa "Eu acuso". Houve também apoio a Polanski com denúncias de preconceito. "É muito sério agredi-lo neste momento, quando há um aumento do antissemitismo na Europa", disse a diretora Nadine Trintignant. Na pré-estreia oficial na Champs-Élysées, à qual Polanski compareceu, convidados disseram "diferenciar o homem do cineasta". "Venho ver o trabalho do diretor. Não sei se do que é acusado é verdadeiro", disse uma das espectadoras.