Confira a programação do cinema (05/12/2019)
EM PROTESTO, BRASILEIROS POSTAM CARTAZES DE FILMES
Por O GLOBO | Edição do dia 05/12/2019 - Matéria atualizada em 05/12/2019 às 06h00
RIO DE JANEIRO, RJ - Com o nome de “Ancine sem filme e sem cartaz’”, uma campanha do coletivo de cineastas Filma Rio fez com que centenas de pessoas compartilhassem nas redes os pôsteres de seus filmes nacionais favoritos. A campanha foi divulgada na internet após o colunista do GLOBO Ancelmo Gois noticiar que a direção da Agência Nacional do Cinema (Ancine) ordenou a retirada de cartazes de filmes brasileiros que decoravam os corredores da entidade pública, sediada no Rio de Janeiro. Os mais de cem quadros, com moldura e vidro, eram trocados regularmente, para contemplar os lançamentos nacionais. A “limpeza” também ocorreu no site da Ancine, que não exibe mais as estreias do cinema brasileiro. Na sexta-feira (29), todos foram removidos dos espaços comuns dos dois edifícios da Ancine, que ocupa 13 andares em um prédio na avenida Graça Aranha e mais três em outro na rua Teixeira de Freitas. Foram levados a um depósito na rua Moraes e Vale, tudo no centro do Rio. Nos corredores e nas salas de reuniões gerais não ficaram nem mesmo as molduras envidraçadas. Além de filmes novos, alguns clássicos também foram removidos, como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, e “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho.
RESPOSTA DA ANCINE
A Ancine confirmou que “houve a descontinuidade das ações de divulgação institucional do lançamento comercial de obras audiovisuais e festivais”. Segundo a comunicação da Ancine, a retirada do material promocional dos filmes no site e nas dependências comuns foi feita para “garantir a impessoalidade e isonomia e o interesse público”. Para a agência, a decisão “foi mal interpretada justamente pela dificuldade de compreensão da natureza de uma Agência Reguladora”. “A Ancine é uma agência reguladora que tem como uma das suas atribuições o fomento para cinema, televisão, games e outros mercados. Uma agência reguladora precisa tratar todos os entes regulados da mesma forma. Se houver divulgação de cartazes de filmes, será necessário divulgar os cartazes de todos os filmes, sem exceção. E, por analogia, será necessária a divulgação de todos os canais de TV, serviços de streaming, distribuidores, desenvolvedores de games etc. Assim como não existe um critério para a escolha de um filme em detrimento de outro, não existe amparo legal que proteja a agência de futuras reclamações dos regulados que não tiverem material divulgado”.