FILME SOBRE DIVÓRCIO NÃO É AUTOBIOGRÁFICO, DIZ DIRETOR
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Por ALEXANDRA POLLARD/ THE INDEPENDENT | Edição do dia 14/12/2019 - Matéria atualizada em 16/12/2019 às 14h28
Ao longo de sua carreira, Noah Baumbach sempre precisou negar que seus filmes sejam de alguma forma autobiográficos. "O filme é uma obra de ficção", garantiu o diretor e roteirista em 2005, quando o público começou a destacar as semelhanças entre o divórcio dos pais dele e o do protagonista de "A lula e a baleia". "Nada ali é autobiográfico", disse a respeito de "Enquanto somos jovens", de 2014, sobre um cineasta passando por uma crise de meia-idade. Com "História de um casamento" — seu filme mais recente, e líder de indicações ao Globo de Ouro 2020 — o discurso permanece o mesmo: "Não é sobre o meu casamento de forma alguma." O casamento a que ele se refere foi com a atriz Jennifer Jason Leigh. Em 2010, sete meses após o nascimento do filho Rohmer, Leigh pediu o divórcio. Mas ele garante que as semelhanças terminam aí. Baumbach mostrou o roteiro de "História de um casamento" para a ex-esposa e mandou uma cópia quando a obra ficou pronta, mas só porque sabia o que as pessoas iriam pensar, garante. "Eu sei que as pessoas não conseguem evitar esses paralelos. Eu queria que ela visse antes por esse motivo'" Mas ele teria mudado alguma coisa se ela não tivesse gostado? "Bem, na verdade foi como mostrar para qualquer outra pessoa. Não é algo que alguém possa ser contra, a não ser do ponto de vista artístico". A separação no centro de "História de um casamento" é complicada e sutil, uma mistura de ódio e amor. No início, Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) estão determinados a fazer tudo sem advogados e manter a amizade. Isso não dura muito. Nicole desiste primeiro. Ela se muda de Nova York para Los Angeles com o filho, Henry, e recruta a advogada Nora (Laura Dern), uma mulher de integridade ambígua. Charlie segue o exemplo, contratando Jay (Ray Liotta), um trator impetuoso com foco em dinheiro. Os advogados usam informações íntimas e atacam um ao outro, enquanto seus clientes assistem. Nicole e Charlie, diz Baumbach, são "duas pessoas articuladas, artísticas, criativas que se encontram em uma situação na qual não têm voz. Surgem esses avatares falando por eles, e sobre eles. É quase como se os advogados estivessem interpretando eles. O filme gerou debates sobre uma possível visão mais simpática em relação a Charlie, às custas de Nicole. Baumbach discorda. "O que o filme faz é permitir que o público balance naturalmente para frente e para trás. É natural, quando você assiste a um filme, seguir a perspectiva apresentada".