Caderno B
CURTA REPRESENTA ALAGOAS EM IMPORTANTE FESTIVAL DA EUROPA
‘Como ficamos da mesma altura’ compete no Festival de Roterdã, mesmo sem ter sido inscrito


O curta alagoano ‘Como ficamos da mesma altura’, com direção, roteiro e edição de Laís Santos Araújo, foi selecionado para participar de um dos maiores festivais da Europa, o International Film Festival Rotterdam (IFFR) ou Festival Internacional de Cinema de Roterdã, em tradução. Filmado em Anadia, a produção é ficcional e, em seus quase dezoito minutos, traz uma abordagem diferente para a relação entre pai e filha. “Laura perde uma festa para viajar com seu pai. Lá, na casa em que cresceram, ela é deixada sozinha por ele, que só retorna à casa para o jantar”, conta a sinopse, adiantando um novo olhar na forma de retratar um tipo de relacionamento que provoca natural identificação. A diretora Laís explicou melhor a ótica. “Ele é um filme pensado de um jeito diferente. Eu acredito que ele tem um tema que é muito relacionado a todo mundo, que é a relação de paternidade, todo mundo é filho de alguém. Por causa disso, todo mundo tem algo a dizer sobre. Colocar a relação num ambiente diferente gera esse tipo de interesse. As cenas internas, principalmente, foram trabalhadas de um jeito diferente. Causa uma estranheza”, relata.
DUPLAMENTE INESPERADO
Receber a notícia da indicação para a categoria Voices de um festival internacional causou um choque na equipe do curta, principalmente porque ele não tinha sido inscrito. “Foi por e-mail. Eles mandam um e-mail convidando o filme, porque, na verdade, ele não foi inscrito. Eu fiz uma inscrição para o Hubert Bals Fund, um fundo de roteiro do festival de Rotterdam - fui selecionada por lá para desenvolver um longa chamado Marina, que também passou no edital audiovisual da prefeitura de Maceió -. Quando foram analisar a inscrição do longa, eles assistiram o curta. Eu comecei a ver várias visualizações da Holanda e comecei a achar estranho e, depois de uns dias, chegou esse e-mail convidando o curta para a mostra competitiva”. Ela prossegue falando sobre a reação da equipe. “Algo que deixou todo mundo muito feliz porque esse tipo de validação acaba sendo importante ainda pra gente. Um festival como o de Rotterdam selecionar um filme feito aqui, por pessoas daqui. Pessoalmente, eu estou muito feliz e todo mundo da equipe também. Algumas pessoas estavam comigo, pra outras eu liguei, e todo mundo ficou muito chocado mesmo e muito feliz. Entrar num festival daqui já é algo importante, algo grande, e entrar em Rotterdam joga uma luz muito grande, um passo pra entrar em outros grandes festivais”, explica. Laís revela que não tem muita expectativa sobre o filme ganhar. “Eu acho que ninguém tem expectativas para o filme ganhar. Tem filmes de todos os lugares do mundo. São cerca de 30 curtas. Tem mais algum brasileiro nesses 30, se eu não me engano. Não passa na cabeça de ninguém que ganhe. Estar nessa mostra… Não é um pensamento negativo, não há expectativa, mas tem muita coisa boa e de todos os lugares do mundo”, contextualiza.
IMPORTÂNCIA DE EDITAIS
A diretora, que também é jornalista, ressalta a importância que os editais públicos têm para a cultural local e também do País. Ela, inclusive, diz que sem editais públicos o curta selecionado não existiria. “Fazer um filme é muito caro e envolve também muito retorno imaterial. Os editais públicos são cada vez mais importantes, como o do município e o do Estado, e reverberam para muito além daquela obra. A gente poder levar imagens de Alagoas, filmadas por técnicos daqui, levando a nossa realidade, é um retorno importante para todo mundo”. ‘Como ficamos da mesma altura’ é uma produção da Aguda Cinema. A direção de arte é assinada por Ulisses Arthur, a direção de produção por Rafhael Barbosa e a direção de fotografia por Henrique Oliveira. A atriz principal é Anne Luz, estudante de artes cênicas na Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas (ETA/Ufal), que contracena com o ator Julien Costa.