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ENTRANDO PRO CLUBE

Em busca de reinvenção, mercado editorial aposta em clubes do livro; tendência também conquistou alagoanos, que acreditam que assinaturas incentivam leitura

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| Foto: Acervo pessoal/Lara Moreira

Eles pagam um valor mensal e recebem em casa uma caixa com um livro, que pode ser inédito ou selecionado por personalidades como Fernanda Montenegro e Conceição Evaristo. Clubes literários têm empolgado leitores alagoanos e despontam como alternativa para o sofrido mercado editorial - finalmente - respirar. O ano que terminou se juntou aos últimos, com saldo negativo para o mercado editorial brasileiro, que desde 2006 sofre com sucessivas reduções de faturamento. Em 2018, a queda foi de quase 5%. O acumulado do encolhimento nos últimos anos chega a 25%. Além de um reflexo do avanço da crise econômica no país, os dados explicitam uma crise profunda nas livrarias brasileiras, que convivem com pedidos de recuperação judicial, dificuldade para pagar contas e fechamento de pontos.

Em Alagoas, a única grande livraria em atividade é a rede Leitura, que funciona em shoppings e segue apostando na diversificação de produtos à venda, como artigos para presentes. Outra aposta é em eventos temáticos, que se apropriam de personagens da literatura clássica e nos que ganham holofote por meio do cinema, séries, YouTube e TV. O resultado é lucro. A rede, que possui mais de 70 lojas pelo país, tenta comprar parte dos pontos da Saraiva. Ou seja, vai muito bem, obrigado.

Nesse caminho de reinvenção para o mercado dos livros, algumas iniciativas ganharam destaque nos últimos anos. Entre elas está a TAG Experiências Literárias, fundada em 2014 e que encerrou o primeiro ano de atividade com meros 100 assinantes em todo o país. Hoje, o número impressiona: são 50 mil pessoas, no gigante clube do livro brasileiro. Além da TAG, outros clube por assinatura atuam no Brasil. Juntos, possuem cerca de 2 milhões de assinantes.

“Levamos um ano e meio até angariar os primeiros assinantes. O pessoal não entendia direito. Nunca tivemos investidor, ficamos um ano e meio dando prejuízo e com dificuldades para crescer, mas logo começamos a lucrar”, contou Arthur Dambros, diretor de marketing da TAG, em recente entrevista ao El País. Para o gestor, não existe crise no mercado editorial. O que precisa ser revisto é a forma de vender livros.

ALAGOAS

O sucesso da iniciativa tem reunido dezenas de maceioenses em cafés, ao ar livre, ou na casa de algum dos assinantes. Segundo a uma anfitriã local da TAG em Alagoas, Lara Moreira, pelo menos vinte pessoas comparecem aos encontros mensais, que possuem um público rotativo. Além de debater as leituras e o próprio mercado editorial, a turma realiza sorteios de mimos enviados pela empresa, jogos que envolvem literatura e, nesse fim de ano, rolou até um “amigo secreto literário”.

“Conheci a TAG a partir de uma amiga, pelo Instagram da empresa. A proposta é bem interessante: um livro em edição especial com capa dura, com um marcador temático, uma luva de proteção para o livro e um mimo que faz correlação com a leitura (algo relacionado à história ou aos personagens ou ainda ao escritor). Eu assino a TAG desde maio de 2017”, conta a jovem de 27 anos, que contata os demais assinantes pelo app criado pela TAG, que percebeu, ainda em 2017, o desejo dos cliente por interação.

Essa rede social, que reveza entre online e offline, produz outros frutos, como perfis no Instagram voltados para a divulgação e para a crítica literária. A anfitriã lembrou alguns: @umoutroparagrafo; @liefalei; @primeirapessoa_; @compulsivaleitora e @direitoliterario. Lara diz que acolhe os demais leitores da mesma maneira que a literatura a acolheu tempos atrás.

“Eu tenho uma relação bem forte com a literatura, pois ela me resgatou de um momento bem difícil da minha vida. Quando minha avó adoeceu e eu fiquei com ela alguns meses num hospital em Coruripe. Os livros foram grandes companhias e não me deixaram entrar em depressão. Eu já gostava de ler, mas estava há um bom tempo distante dos livros, e essa internação da minha avó resgatou essa minha paixão pela leitura. Além de contribuir com os estudos, no tempo também voltei a estudar para o vestibular e a leitura ajudava bastante no Enem. A leitura melhorou o sono, a minha inspiração artística na pintura e as relações sociais”, revela a alagoana, que afirma que o grupo está aberto, mesmo para quem não é assinante da TAG.

COLETIVOS LITERÁRIOS

Além dos grupos baseados nas assinaturas e clubes de livro, iniciativas independentes, como a Oficina de Experimentação Literária (Ofélia) e Coleção Memorial buscam alternativas, inclusive, para publicações financiadas pelos coletivos. O Ofélia é focado em discussão crítica de textos, que podem ser autorais dos participantes. O coletivo existe faz dois anos e se identifica como um grupo de amantes da literatura, da língua e da palavra.

Já o Coleção Memorial é uma iniciativa do jornalista Rosalvo Acioli e que se reúne mensalmente para discutir literatura, artes e atualidades. O grupo é formado mais por escritores do que por leitores e, dos encontros, foi criado um fundo de edição de livros, no qual eles contribuem mensalmente para financiar as próprias produções. Para os encontros mensais, diferente do grupo de financiamento, o coletivo se diz aberto para todos os comprometidos com a cultura alagoana.

Outro clube de leitura que chama a atenção é o “Leia Mulheres Maceió”, dedicado somente na presença, autoria e protagonismo das mulheres na literatura. Além de um perfil no Instagram (@leiamulheresmcz), o grupo possui um site (leiamulheres.com.br).

APROVEITANDO A PAUTA

Reedição de "O Anjo Americano" é dica do Caderno B para a primeira leitura de 2020
Reedição de "O Anjo Americano" é dica do Caderno B para a primeira leitura de 2020 | Foto: Reprodução

O Caderno B leu e selecionou um clássico para indicar aos caros leitores neste começo de ano.

Trata-se de uma obra destacada na literatura brasileira e que foi escrita pelo alagoano Luiz Gutemberg.

“O anjo Americano”, obra aclamada pela crítica, ganhou uma nova - e caprichada - edição em 2019, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, duas décadas depois de ser publicada pela Companhia das Letras.

O romance é uma história de mistério policial, que começa com o assassinato de Judite Haziot, uma jovem judia alagoana, em seu apartamento, no Rio de Janeiro. A narrativa surpreendente é ambientada, principalmente, em Maceió, nos anos 1940. O protagonista é Timothy Duncan, noivo da vítima, que desembarca em Alagoas, em busca de respostas para a elucidação do crime.

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