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Nº 5854
Caderno B

UMA MANHÃ BEM ALAGOANA

“Carnaval de Edécio Lopes” abre folia em Maceió neste domingo (12), às 10h

Por MAYLSON HONORATO/ ESTAGIÁRIO | Edição do dia 11/01/2020 - Matéria atualizada em 11/01/2020 às 06h00

Foto: Felipe Brasil
Foto: Felipe Brasil - Foto: Foto: Felipe Brasil;Felipe Brasil
 

O boneco gigante de Edécio Lopes vai pegar uma praia neste domingo (12), quando mais uma edição do bloco “O Carnaval de Edécio Lopes” ganha as ruas da capital alagoana. O tradicional abre-alas do Carnaval de Maceió desfilará pela Orla da Ponta Verde, com saída programada para às 10h. A concentração será em frente a Barraca Pedra Virada. O bloco é uma homenagem festiva a Edécio Lopes, radialista, escritor, compositor e amante da folia, que faleceu em 2009. O legado do pernambucano de coração alagoano, no entanto, pode ser verificado na reverência que milhares de foliões fazem ao boneco gigante. “É motivo de muito orgulho fazer essa festa anualmente, propagar e perpetuar a imagem de Edécio, o seu legado. É importante que as novas gerações saibam quem foi Edécio e a importância dele para a cultura de Alagoas, em especial para o Carnaval. Trazemos tudo isso de volta, as músicas de Edécio, a folia, o boneco gigante que toma a avenida. As pessoas beijam as mãos do boneco, fazem selfie, expressam respeito e carinho. Esses são os sentimentos que as pessoas têm por ele”, conta Dinho Lopes, filho do homenageado, que herdou do pai a paixão pelo Carnaval. Edécio Lopes era um apaixonado pelos costumes brasileiros e nordestinos. No rádio, onde fez carreira comandando o programa “Manhãs Brasileiras”, ele não perdia a oportunidade de divulgar o frevo e os artistas populares, que para ele traduziam a identidade do povo alagoano. Ele também compôs marchinhas e canções que embalaram os memoráveis carnavais de Alagoas, além de organizar festivais e encontros musicais. Hoje, é o filho de Edécio quem organiza o bloco e acredita que, com isso, também dá continuidade ao trabalho do pai. “Ele foi o maior incentivador do Carnaval em Alagoas, divulgando a música e promovendo os artistas da nossa terra. Todos os eventos de Carnaval de Maceió tiveram a divulgação ou participação de Edécio Lopes, inclusive com frevos de sua autoria. Um exemplo é bloco Filhos da Pauta, que teve vários frevos de Edécio como tema, ao longo de sua história. O hino do Bloco Pecinhas de Maceió também é de autoria dele, assim como o da Confraria do Rei. São muitos. Os Bailes de clubes e grandes eventos carnavalescos de Maceió, como o Pinto da Madrugada, foram criados ou incentivados e divulgados no seu programa”, relembra Dinho. A festa terá frevo, samba e desfile de outros bonecos gigantes. A participação dos foliões é gratuita e a produção sugere que as pessoas vistam verde e amarelo, cores que por 50 anos simbolizaram o programa Manhãs Brasileiras. Os blocos e eventos que integram o Carnaval da Liga Carnavalesca de Maceió participam do evento com alegorias, estandartes e bonecos. O comando da folia é da Banda Vulcão da Polícia Militar e da Orquestra Fogo Pagô, da Turma da Rolinha. Após o retorno do bloco ao local da concentração, o samba vai invadir a orla com o grupo Samba Lelê.


MANHÃS BRASILEIRAS

O “Manhãs Brasileiras” é o principal representante do legado de Edécio Lopes. O programa de rádio ficou no ar durante 43 anos e é considerado o programa diário com mais tempo de execução do rádio brasileiro. Entre Pernambuco e Alagoas, o programa fez história em diversas estações, mas sempre sob o comando da voz inconfundível de Edécio Lopes. No programa, além da conversa com o ouvinte e as entrevistas que mobilizavam cidades, ele aproveitava para expor sua adoração pelas músicas carnavalescas. Em cada ano, a partir do primeiro dia útil e até o Carnaval, o programa tocava somente frevos e seus entrevistados eram cantores, compositores, organizadores de eventos carnavalescos e incentivadores da festa de momo. Desde cedo, o pernambucano tinha duas paixões: serenata e rádio. De tanto ouvir e falar sobre a programação radiofônica, foi apelidado de “Rádio Clube” pelos vizinhos e era sempre visto pelas ruas cantando ao som de violões. Apesar de gostar de livros, mal conseguiu terminar o primário. De origem humilde, trabalhou como moleque de recados, cobrador de ônibus, garçom, limpador de telhados, varredor de quintais, operário de uma fábrica de café moído, antes de ser aprovado em um teste para ator de radioteatro, quando começou sua carreira radiofônica. O programa “Manhãs Brasileiras” teve sua importância para além das entrevistas e música. Por meio dos debates e por dar voz aos diversos segmentos da sociedade, Edécio Lopes passou a figurar como referência política. Durante a ditadura militar, por exemplo, mesmo trabalhando em emissoras cujos proprietários estavam alinhados com o regime, corajosamente deu voz a oposicionistas.

Apesar de ter começado essa história em Pernambuco, foi em Alagoas que ele se firmou. Por aqui, atuou nas rádios Difusora de Alagoas, Rádio Progresso, Rádio Palmares, Rádio Gazeta de Alagoas AM, Rádio Gazeta FM, Rádio Jornal de Hoje FM, Rádio Manguaba AM e Rádio Educativa FM. Foi diretor da TV Gazeta de Alagoas e da Gazeta FM. Com pouco estudo, a adoração pelo frevo lhe fez compor sucessos de Carnaval que se espalharam pelo Brasil. As mais conhecidas são Cidade Sorriso, Marceió, Olha a Cara Dele, Galo da Pajuçara, Vou Sair do Mapa, Carnaval de Vitória, Toque de Reunir, Lembre de Mim, Assim se Passaram Dez Anos, Ói Nós Aqui de Novo, Princesa do Capibaribe, Despedida e Tão Bonzinho. Em sua maioria, as letras homenageavam as belezas de Alagoas, de Maceió, do Brasil. “O convite é para celebrar a vida e o legado de Edécio Lopes e apresentar essa história para as novas gerações. Esperamos que o chamamento seja atendido pelo povo bom de Alagoas. Esperamos mais de cinco mil fooliões colorindo a Orla”, finaliza Dinho Lopes.

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