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Nº 5852
Caderno B

UM GOSTINHO DE SURURU

Exposição ‘Fragmentos’ é prévia do maior encontro fotográfico de Alagoas, o Fotosururu

Por ALICE MEVIS*/ ESPECIAL PARA A GAZETA | Edição do dia 14/01/2020 - Matéria atualizada em 14/01/2020 às 06h00

 

Foto: Elysee Nyland
 

A contagem regressiva para a segunda edição do encontro fotográfico Fotosururu começou ainda no ano passado, quando a Casa do Patrimônio (IPHAN) abriu as portas para a exposição ‘Fragmentos’, que segue em cartaz até o dia 20 de janeiro, com visitação gratuita. A mostra faz parte dum ciclo de quatro prévias, que prepararão o ambiente para o 2º encontro de fotografia criativa em Maceió. ‘Fragmentos’ reúne 38 fotografias divididas em quatro seções, com trabalhos de 24 fotógrafos vinculados ao coletivo Fragma. Entre os temas abordados estão diversidade brasileira, urbanidades e consciência negra.

Para o fotógrafo Jorge Vieira, Alagoas experimenta um movimento de ressignificação da fotografia, incluindo as fotografias conceitual e criativa em um local de prestígio, antes ocupado somente pelo fotojornalismo. Ele comemora que o Fotosururu tenha tomado fôlego para uma edição ainda maior que a primeira.

“As prévias são uma novidade da segunda edição e visam ampliar a divulgação do evento dentro de Alagoas”, explica Vieira, um dos organizadores da mostra de fotografia criativa. Ele também relata que a primeira edição foi um sucesso, mas que a participação dos alagoanos, como expositores, foi tímida. “Apenas 28% dos participantes da primeira edição eram alagoanos”, lamenta. “Então, precisamos incentivar que os alagoanos acreditem na própria criatividade fotográfica. Embora o evento oficial seja aberto ao Brasil todo, as prévias são, por sua vez, especificamente dedicadas ao povo alagoano”, diz, apostando que a edição 2020 contará com participação 50% alagoana. “Seria uma vitória”.

Foto: Elysee Nyland
 

FOTOSURURU

Fotosururu - Encontro de Fotografia Criativa em Maceió é um evento que busca constituir um ambiente para pensar e fomentar a cultura da fotografia em Alagoas, e inserir Maceió no roteiro anual dos eventos promotores de troca de conhecimentos e experiências no cenário da fotografia brasileira. O primeiro encontro aconteceu no ano passado. O evento começa com o Concurso Fotosururu, que está com inscrições abertas. O concurso é destinado a fotógrafos e amantes da fotografia. Os vencedores terão direito a participar do evento com a exposição de seus trabalhos na galeria da Casado Patrimônio do Iphan de Alagoas, além de poder participar de mesas sobre a sua produção. O regulamento para participar dos concursos do evento pode ser consultado no site (fotosururu.com.br). O evento em si é composto por palestras, oficinas, leitura de portfólio e, claro, exposições. Entre as que já estão confirmadas estão: Narrativas Poéticas, uma coletiva de ensaios fotográficos com a participação de poetas alagoanos; Benigno Benin, indivisual de Francisco Oiticica; Do humano ao mundo, coletiva com fotografias de membros do coletivo Fragma; Criattiva, com fotografias de alunos da Escola Criattiva; Mostra Nacional Fotosururu 20, com fotografias finalistas do edital do evento; Desmedo, dos fotógrafos Mateus Sá e Eduardo Queiroga; e Celebration, coletiva de das fotógrafas Cris Boldini e Silvana Pineda. “A ideia é criar um circuito na cidade, dividindo o evento em polos”, elucida Jorge Vieira. O Fotosururu ocorre em diversos prédios da parte baixa de Maceió, a partir do Jaraguá. A expectativa, inclusive, é que alguns eventos ocorram no Theatro Homerinho, teatro do Jaraguá que ainda não foi inaugurado. O evento ocorrerá de 3 a 5 de abril.

O primeiro objetivo deste encontro fotográfico, segundo o fotógrafo Jorge Vieira, é de promover uma visão poética da fotografia, de considerá-la, além dum produto comercial, como uma narrativa visual, uma obra de arte que estimula o debate e aguça novos olhares. Para ele, o Fotosururu oferece às pessoas uma oportunidade única para treinarem o olhar, mais especificamente o olhar crítico. “Máquina de fotografar, você compra na loja”, afirma. “Mas é esse [diz ele apontando para os próprios olhos] que as pessoas precisam treinar”. De acordo com a visão dele, a arte não acaba na peça, vai além dela, está na provocação e na crítica, no fértil debate que cria.

*É linguista belga e, de passagem por Alagoas, atuou como repórter voluntária sob supervisão da editoria de Cultura

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