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Nº 5693
Caderno B

CINCO ESCOLAS DE SAMBA ESTÃO FORA Do desfile OFICIAL

Unidos do Poço, com mais de 60 anos de tradição, fica de fora por questão burocrática

Por MARIA CLARA ARAÚJO/ MAYLSON HONORATO | Edição do dia 15/02/2020 - Matéria atualizada em 15/02/2020 às 06h00

Escolas não receberão aporte da prefeitura por não cumprirem exigências de edital
Escolas não receberão aporte da prefeitura por não cumprirem exigências de edital - Foto: Jonathan Lins
 

MARIA CLARA ARAÚJO MAYLSON HONORATO

Cinco das seis escolas de samba habilitadas para o tradicional desfile na Praia da Pajuçara não irão mais desfilar no Polo Orla, espaço organizado pela Prefeitura de Maceió. Por meio de nota, a Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac) informou que se tornou inviável a manutenção do patrocínio de R$ 10 mil às escolas de samba, depois que as agremiações Samba Girassol, Gaviões da Pajuçara, 13 de Maio, Arco-Íris e Unidos do Poço informaram que desfilariam somente com camisas e bateria. O formato contraria as normas estabelecidas no Edital de Chamada Pública da Fmac, de 14 de janeiro de 2020. “O tópico ‘c’ do item 4.1 do referido edital determina que as Escolas de Samba sejam, obrigatoriamente, compostas por alas contendo comissão de frente, porta-bandeira e mestre-sala, baianas, bateria, ao menos duas alas temáticas, carro alegórico e samba-enredo temático”, diz trecho da nota publicada pela Fmac. A nota ainda elucidou que o descredenciamento se deu após a Associação Cultural Alagoa do Sul, pessoa jurídica que representava as escolas de samba, retirar a representação, alegando que as escolas não conseguiriam manter o que estava previsto no edital público. Ainda segundo a Fmac, não é possível substituir essa representação em tempo hábil. O resultado é que. das seis habilitadas para receber o aporte da prefeitura e desfilar nas festividades oficiais, somente a Escola de Samba Estação Leões de Jaraguá sairá do barracão.


OUTRO LADO

Dirigentes das escolas de samba descredenciadas no edital informaram que se pronunciariam por meio de uma coletiva de imprensa na última quinta-feira (13), na sede da escola Gaviões da Pajuçara, mas a coletiva foi desmarcada. Segundo José Hilton Lopes Feitosa, mais conhecido como Mestre Prego, da Gaviões da Pajuçara, as escolas de samba se reuniram e levaram uma contraproposta que consistia em sair com mestres salas, porta bandeiras, todos com fantasia e as alas com camisas adequadas de cada escola, porém não houve acordo. Ele confessa que todos estavam cientes das exigências contidas no edital, mas, José Hilton argumenta que o tempo que foi dado para se cumprir os requisitos foi curto. “Como a secretaria disse que o dinheiro só sai depois do carnaval e também não deu opção para gente, os requisitos que estão lá no edital, eles querem que a gente cumpra os requisitos, mas não querem nos dar uma oportunidade da gente mostrar na avenida o que a gente conseguiu fazer” diz. De acordo com Mestre Prego, para cumprir as exigências da Fmac, cada escola teria que contar com, pelo menos, R$60 mil, quantia muito distante dos R$ 10 mil oferecidos no edital público. Ele explica que a Gaviões faz shows e apresentações durante todo o ano para angariar um valor próximo aos R$ 60 mil, e a principal questão não era o dinheiro do aporte da prefeitura e sim os requisitos que eles não teriam como custear no que consideram pouco tempo.

As cinco escolas de samba se reuniram e decidiram que não irão participar do desfile oficial da Prefeitura, mas, para dar satisfação às comunidades, cada escola desfilará em seu próprio bairro. “A comunidade não merece a gente passar o ano todinho ensaiando e se preparando e quando chegar o dia não termos uma resposta para dar.” conclui José Hilton. Diretor-presidente da escola 13 de Maio, José Albérico diz que o momento é de frustração.

“O que estão repassando é muito pouco. Não dá para colocar uma escola de samba na avenida com dez mil reais”, disse o presidente. “Estamos vivendo uma humilhação. Eles querem acabar com nosso desfile. Com dez mil reais não sai escola de samba. A gente sabe que eles não têm obrigação de gastar com a gente, mas pelo menos uma ajuda de custo. O problema é que essa ajuda de custo quer nos obrigar a sair com um carro abre-alas, comissão de frente, trezentos componentes, baianas, não tem condições”, lamentou.

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