MOSTRA FOTOGRÁFICA EXPÕE LIGAÇÕES DE ALAGOAS COM A ÁFRICA
Exposição integra o Fotosururu, festival alagoano de fotografia criativa que ocorre entre março e abril
Por MARIA CLARA ARAÚJO*/ ESTAGIÁRIA | Edição do dia 14/03/2020 - Matéria atualizada em 14/03/2020 às 06h00
Benin é um pequeno país localizado no oeste do continente africano, de língua francesa. Seu território é banhado pelo golfo da Guiné e faz fronteira com países como: Burkina Faso, Níger, Nigéria e Togo. O pequeno país africano foi entreposto de escravos entre os séculos XVII e XIX e muitos dos escravos oriundos de lá foram trazidos para o Brasil. Homenageando a República do Benin, na última quinta (12), o Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa) abriu as postas para a exposição fotográfica Benigno Benin, do fotógrafo Francisco Oiticica Filho. A mostra faz parte da programação do FotoSururu 20 e poderá ser visitada até 13 de abril, das 9h às 16h. A entrada para o evento é gratuita. Os registros que estarão expostos, foram feitos durante a Missão Cultural de Francisco Oiticica Filho na República do Benin, realizada em maio de 2018, sob a coordenação do presidente da Fundação Municipal de Ação e Cultura (FMAC), Vinicius Palmeira. Estavam presentes na missão a antropóloga Raquel Rocha, o babalorixá e historiador Célio Rodrigues, o arquiteto Mário Aloísio Barreto Melo, a jornalista Valdice Gomes e um estudante de agronomia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), acompanhados do diásporo do Benin em Maceió, Aurel Alagbe. O país africano, que hoje tem como principal atividade econômica a agricultura de subsistência, teve grande parte de seus escravos trazidos para o Brasil nos tempos da escravidão, inserindo um pouco da cultura deles na nossa, como por exemplo a feijoada e o acarajé, que fazem parte da culinária beninense e o vodu, prática religiosa da maioria da população de Benin, que se assemelha ao candomblé. Francisco Oiticica Filho foi atrás das ligações que conecta os povos dos dois países. As fotos foram expostas ainda em 2018 na exposição “Subindo a Serra”, promovido e organizado pelo Centro de Cultura e de Estudos Étnicos Anajô e apoiado pela FMAC. O evento não foi exclusivo para o trabalho de Oiticica e por isso as fotografias não tiveram a visibilidade esperada e o fotógrafo almejou uma oportunidade melhor para apresentá-las ao público. Dois anos depois, a exposição foi integrada na programação do Fotosururu 20. “Foi consequência dos questionamentos que o evento propõe à nossa produção fotográfica e as temáticas que a motiva, bem como pelo interesse de apresentar a perspectiva fotográfica de alguém que, de alguma forma, vive sob influência da cultura alagoana.” afirma Jorge Vieira, fotógrafo e idealizador e organizador do FotoSururu.
FOTOSURURU 20
O FotoSururu é o festival de fotografia criativa alagoana, que é realizado em Maceió pela Fragma Imagem e conta com o apoio da Prefeitura de Maceió, por meio da Fmac. O evento está em sua segunda edição, e este ano sua programação está mais complexa com: palestras , mesas-redondas, oficinas e mostras competitivas espalhadas pelo MISA, IPHAN, Museus Théo Brandão Theatro Homerinho, auditório da prefeitura de Maceió, e galeria Galpão 422. A primeira mostra fotográfica ligada ao evento foi aberta para visitação no dia 03 de março e vai até 05 de abril no Complexo Cultural Teatro Deodoro, o Narrativas Poéticas que apresenta uma coletiva com ensaios fotográficos produzidos na oficina FOTOgrafando POESIA, com poetas e fotógrafos alagoanos. Várias outras exposições estarão abertas a visitação durante o mês de março e abril. O seminário “Panoramas de Rumos e Fotografia Alagoana” foi uma preparação para o FotoSururu e contou com a presença de de pesquisadores, fotógrafos profissionais, amadores e quem estivesse interessado de maneira geral. O ciclo de palestras, oficinas e chamadas para Pesquisadores, da segunda edição do festival FotoSururu’20 começará dia 03 até 05 de abril.
* Sob supervisão da editoria de Cultura.