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Caderno B

OS TRAÇOS DE PEDRO LUCENA

Artista alagoano integrará exposição, possivelmente virtual, decorrente de edital emergencial do Itaú Cultural

Por Maria Clara Araújo/Estagiária | Edição do dia 22/05/2020 - Matéria atualizada em 22/05/2020 às 16h48

Foto: Reprodução
 

Em meio a pandemia do novo coronavírus e visando ajudar os artistas durante o isolamento social, o Itaú Cultural lançou múltiplos editais de emergência, voltado para as artes visuais, nas categorias: Produção Artes Visuais e Série Fotográfica. O site do Itaú Cultural anunciou, na quarta-feira (20), os selecionados para o terceiro edital dessa série ‘Arte como respiro’. Primeiro, foram contemplados 140 trabalhos de todos os estados do Brasil; da segunda vez, foram 60 de 18 estados que abrangem todas as regiões do país. O alagoano Pedro Lucena foi um dos nomes selecionados para apresentar seus desenhos na programação do Itaú cultural.


Pedro Lucena foi o único artista plástico alagoano a ser selecionado pelo edital. O artista se expressa através de seus desenhos desde muito pequeno e sua arte flerta com elementos como o universo feminino e infantil, além de dialogar com a natureza, muito presente em suas obras. Pedro visa sempre incorporar aos desenhos um quê sobre autoconhecimento e de busca por um diálogo consigo mesmo. “Essa é a minha relação com a minha arte. Ela tem basicamente esses três pilares, a coisa da infância, o feminino e no meio disso tudo a natureza”, explica o artista.


Segundo Lucena, o processo seletivo para o Itaú Cultural foi bem delimitado, já que eles pediram um desenho artístico que já estivesse pronto, ou alguma pesquisa que estivesse sendo desenvolvida, ou impressões sobre a pandemia. O Itaú tem um prazo de até seis meses para montar a exposição, que será possivelmente virtual, com os desenhos e trabalhos dos artistas selecionados, incluindo o de Pedro, que leva o nome de “Lampião e Maria Bonita chegando à Ilha do Ferro”.


Em relação aos seus projetos para depois da pandemia, e os trabalhos que estão sendo produzidos durante a quarentena, o artista comenta que está se mantendo bem ativo em sua criações. Além das artes plásticas, Pedro Lucena também é professor de artes e linguagens, o que o mantém ativo e sempre trabalhando com a arte, mas em seus projetos pessoais, ele também está bem focado.


“Eu tenho feito muitas coisas durante a pandemia. Projetos e coisas que eu estava querendo fazer antes, estou fazendo agora, e para destacar eu tenho uma coleção de 40 peças em MDF que será lançado possivelmente daqui a dois meses”, revela Pedro.


O artista estava desenvolvendo um muro em uma parede na rua onde mora, mas após o isolamento social ser decretado, ele preferiu parar e retomar apenas depois da quarentena. Outro projeto em andamento é uma estampa corrida toda feita à mão, a qual ele ainda não decidiu em que usar, talvez em almofadas ou ecobags.


“Tem também uma série de desenhos homoeróticos que eu sempre tive vontade de fazer, envolve poesia e o monoteísmo, é uma série que está em andamento.”


Provocado, o artista também expôs sua visão sobre o cenário em que o mundo e, principalmente, o Brasil se encontram.


“É um cenário de terror. Estamos também num cenário de ingerência por parte dos nossos gestores públicos. Existe um grande problema em relação ao não cumprimento das funções. É um estado caótico onde as pessoas que deveriam está fazendo algo, não estão fazendo nada. Estamos precisando do cumprimento da ciência, isso é muito triste e muito revoltante também”, afirma Lucena.


E falando das artes, de acordo com o artista, mesmo com o leque de projetos e atividades, e mesmo que a arte sirva como um escape, em tempos assim se torna muito difícil produzir algo sem uma tristeza no coração.


“Para mim é o momento em que eu me desligo e o tento ser criativo para não enlouquecer. Eu tento preservar a minha sanidade, até mesmo porque a coisa tá bem complicada e pelo que tudo indica vai ficar bem mais complicado ainda.”


Em relação ao Itaú Cultural, conforme previsto no regulamento, a categoria Produção Artes Visuais recebeu obras realizadas na linguagem audiovisual, como performances ou videoarte e trabalhos executados em outros segmentos, como pintura, gravura, escultura, desenho, colagem. Uma boa parte versa sobre temas ligados diretamente ao período de suspensão social.


Já na série fotográfica, foram inscritos conjuntos fotográficos produzidos neste período refletindo a visão dos artistas sobre o isolamento social. Os trabalhos recebidos trouxeram diversas narrativas e ampla diversidade de olhares, como, por exemplo, a cidade vazia ou o cotidiano dentro de casa com as famílias, amigos e, ainda, em estado de solidão.


*Sob supervisão da editoria de Cultura

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