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Nº 5691
Caderno B

PEQUENO PRODÍGIO ALAGOANO

Com apenas 12 anos, ator alagoano Gabriel Xavier já acumula dois prêmios em festivais nacionais pelo curta Trincheira

Por MARIA CLARA ARAÚJO*/ ESTAGIÁRIA COM ASSESSORIA | Edição do dia 26/05/2020 - Matéria atualizada em 26/05/2020 às 06h00

Foto: Flavia Correia
 

Há 12 anos atrás o cenário audiovisual de Alagoas, era completamente diferente. Em meados de 2007 havia dois importantes títulos em destaque na cinematografia local: Calabar, de Hermano Figueiredo, e 1912- O Quebra de Xangô, de Siloé Amorim. Nesse mesmo ano, outro destaque foi Bem Me Quer, videodança dirigida por Glauber Xavier e protagonizada por Valéria Nunes, pai e mãe de Gabriel Xavier, ator mirim, que com 12 anos já acumula dois prêmios em festivais nacionais pelo curta Trincheira, de Paulo Silver. O curta estreou em novembro de 2019 no Curta Cinema- Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, um dos principais eventos do gênero do país. Em Trincheiras, Gabriel interpreta um garoto que, num aterro de lixo, enquanto observa um grandioso condomínio de luxo, usa a sua imaginação para construir um mundo fantástico com os materiais que encontra pelo caminho. O universo mágico do filme foi criado pela equipe de direção de arte e pós-produção, com ajuda de efeitos especiais e centenas de quilos de material reciclável. O curta foi exibido em várias mostras pelo país, como o Festival de Tiradentes, em Janeiro de 2020. Ganhou como o melhor curta-metragem no II Festival Mazzaropi, e saiu consagrado da mostra Criancine no Curta Taquary, em abril, onde recebeu sete distinções: melhor filme, roteiro, direção, direção de arte, som, prêmio da crítica, e melhor ator para Gabriel Xavier. O troféu de melhor ator não parou por aí, o ator ganhou como melhor atuação no III Festival de Cinema de Rua de Remígio, no dia 16 de maio. “Às vezes, quando assistia alguns filmes, me imaginava sendo o ator principal. Porém não acreditava que isso seria possível”, conta Gabriel Xavier. O ator de 12 anos, é filho de dois atores, e já possui talento para atuação em sua veia. Nesse filme, Gabriel trabalhou junto de seu pai, Glauber, que foi escalado como preparador de elenco. Para Glauber, uma das principais missões foi separar o pessoal do profissional. Preparar uma criança para um filme já é por si só um desafio, porém instigante. “Ser pai deste novo ator fez desafio algo muito peculiar, pois esta posição de pai não podia ser esquivada, e uma relação ‘profissional’ precisou ser acrescida durante a preparação e a produção do curta”, explica Glauber Xavier. Dirigir uma criança não é fácil, principalmente quando é ator estreante. A preparação envolveu todos os cuidados necessários, com a montagem de um cronograma que não atrapalhasse as atividades escolares de Gabriel, e uma metodologia criada pela equipe para que o garoto se sentisse o mais confortável possível durante todo o processo, dos ensaios ao set de filmagem. O diretor do filme, Paulo Silver, trabalhou junto com o preparador, para encontrarem uma forma de aproximar aos poucos Gabriel da história do filme. Para isso, ele realizou uma série de tutoriais em vídeo, nos quais construía brinquedos a partir de objetos descartados. Assim como a maioria das crianças, o videogame é um hobby para Gabriel, e tentar assimilar a linguagem do mundo dos games ajudou no processo de preparação. “Havia sim um receio em relação ao processo de atuação e na relação entre diretor e ator. Encontrar Gabriel não nos trouxe apenas um ator para o filme, mas a descoberta do processo que deveríamos seguir. Se o processo natural seria aproximar o ator do personagem criado no roteiro, aqui, durante a nossa preparação, percebemos que seria mais sincero e importante fazer o caminho inverso: aproximar nosso personagem da realidade e mentalidade de Gabriel, deixando o ator livre para criar”, diz Paulo. Glauber explica como foi o processo de preparação em casa junto a família. Gabriel contou muito com a ajuda de seu irmão, Francisco. “Trabalhamos num processo de ação e observação em que ambos recriavam as cenas para minha câmera em pequenas improvisações. Num segundo momento, sempre procurando manter um clima de jogo/desafios e descontração diante do compromisso técnico e de produção, seguimos para os encontros/’ensaios’/preparação com a equipe de direção e as visitas às locações onde Gabriel teve a oportunidade de se deparar com a riqueza dos ambientes, como a oportunidade de poder se aproximar e observar outras crianças em situações semelhantes à de sua personagem”, relata Glauber. Gabriel conta que gostou de estar com toda a equipe que o ajudava no set, para ele a cena mais difícil, foi também a mais divertida “A maior dificuldade foi a cena final da ‘nave’, porque ficamos até o dia amanhecer para poder concluir, mas também achei que esse foi o dia mais divertido”, conta o ator. E deixa claro que pensa em fazer mais trabalhos assim: “Quero e penso muito nisso. Tô esperando o próximo”, finaliza Gabriel.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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