Caderno B
TEATRO DE ARENA CHEGA AOS 48 ANOS COM CELEBRAÇÃO VIRTUAL
Palco mais democrático de Alagoas é celebrado por artistas de diversos segmentos


As cortinas se fecharam, a luz apagou, o palco pausou, artistas buscam caminhos, figurino e adornos estão engavetados, os técnicos aguardam a cena, a produção segue cheia de ideias, os projetos se voltam para o digital e é lá onde fica a plateia. Este é o cenário que vivemos com a suspensão das atividades, provocada pela pandemia da Covid-19. O teatro e toda sua magia fazem muita falta. É nesse contexto que o Teatro de Arena Sérgio Cardoso chega aos seus 48 anos de existência. Um espaço forte, importante e representativo das artes cênicas de Alagoas. Para não deixar a data passar em branco, mesmo em tempos tão difíceis para toda a sociedade, a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal) produziu um vídeo que conta a história do Arena e apresenta a cultura hip-hop. “O Teatro de Arena Sérgio Cardoso é uma casa que acolhe muito bem os artistas alagoanos e com muito orgulho. A comemoração do aniversário do espaço faz parte da agenda fixa de eventos da Diteal. Este ano, tivemos que nos readaptar e elaboramos um vídeo para dar parabéns ao Arena, abraçar os nossos artistas e dialogar com o público. Agradecemos aos parceiros e convidamos a todos para esta celebração virtual”, afirmou a diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf. O vídeo, disponível pelo site, nas redes sociais e no canal do Teatro Deodoro no Youtube, traz composições do Fernando Rozendo, mais conhecido como MC Tribo, depoimentos dele, dos MCs Elhy Santhos e Diego Verdino, do grafiteiro Raffa e do gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda, além de recortes das Mostras que ocorreram no local. O audiovisual inicia mostrando o trabalho do Fernando Rozendo, músico, produtor cultural e educador popular, mais conhecido como MC Tribo, que trabalha com música desde os 15 anos. Em 2010, ele fundou a banda Favela Soul, com o amigo Laedson. O grupo tem no currículo premiações, como o 3º lugar no Femufal e 1º lugar no Festival Em Cantos, produzido pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas. Como educador, participou de projetos como Na Base da Cultura e Vida Nova nas Grotas, da Secult/AL, utlizando o hip-hop como ferramenta pedagógica. Em 2014, ele criou o Coletivo Nois Q Faiz com o parceiro Diego Verdino, com o objetivo de fortalecer a cena e seus artistas. “Todos esses trabalhos que me envolvi e me envolvo têm um fundamento na cultura hip-hop, de periferia, que propicia ao jovem enxergar o mundo de um jeito diferente, se vendo como o autor da sua história, como ator principal, e poder descrever, de forma autônoma, através da cultura e da arte a sua história”, conta MC Tribo. Sobre o teatro: Em 14 de julho de 1972, o Teatro de Arena Sérgio Cardoso foi inaugurado com o espetáculo “O Homem da Flor na Boca”, de Luigi Pirandello, que tinha no elenco os atores Sérgio Cardoso, Jardel Melo e a atriz alagoana Nana Magalhães. Idealizado pelo ator e então diretor do Teatro Deodoro, Bráulio Leite, o Arena foi construído e inaugurado no governo Afrânio Lages, aproveitando estrutura física já existente, onde funcionava o Bar Deodoro. A inauguração contou com a presença de personalidades do teatro brasileiro, como embaixador Paschoal Carlos Magno, que liderava no país o movimento de teatro amador. Um mês depois de inaugurado, falecia o ator Sérgio Cardoso. Em sua homenagem, o Teatro de Arena recebeu o nome dele. Durante a ditadura militar (1964-1985), o Arena fez história, foi colocado à disposição dos poucos grupos de teatro amador de Maceió, que se mantiveram atuantes, apesar das restrições impostas à liberdade de expressão. Entre eles, a Associação Teatral das Alagoas (ATA), que existe até hoje e é o grupo mais antigo de Alagoas, à época, constituído por universitários, liderado pela atriz Linda Mascarenhas, a grande dama do teatro.
*Sob supervisão da editoria de Cultura
