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Nº 5692
Caderno B

ARTE E REPRESENTATIVIDADE

Beyoncé lança álbum visual inspirado na ancestralidade africana e reforça representatividade; confira impacto em Alagoas

Por DIMITRIA PIMENTEL/ COLABORAÇÃO | Edição do dia 04/08/2020 - Matéria atualizada em 04/08/2020 às 05h00

Foto: Reprodução
 

Na manhã da última sexta (31) o Twitter amanheceu repleto de comentários sobre a nova ferramenta disponibilizada na plataforma. Toda vez que um usuário envia um tweet com a hashtag “black is king”, o ícone de like se transforma em um símbolo com dois leões dourados. Antes mesmo de descobrir o motivo da mudança, o nome da cantora norte-americana Beyoncé já era o assunto mais comentado no mundo todo, e assim ficou a maior parte do dia. O rebuliço causado pela artista gira em torno do lançamento de seu novo álbum visual, que recebeu o título de Black is King. A parte visual do projeto foi disponibilizada em uma plataforma de streaming com a duração de 1 hora e 25 minutos. Para realizá-la Beyoncé usou artifícios do remake em live action do clássico Rei Leão (2019), em que participou dando voz à leoa Nala. Roupas com estampas de felinos, cabelos trançados como poderosas deusas egípcias e coreografias que lembram os rituais umbandistas formaram a combinação que levou a diva pop ao topo das paradas musicais no final de semana. Usando trajes e acessórios que remetem ao afrofuturismo, a cantora aparece narrando musicalmente a vida de uma criança negra perdida, que acha forças em suas raízes para viver o ano de 2020. O mesmo período da história marcado pela luta contra o racismo e preconceito ao redor do mundo. Apesar do garoto ser uma referência ao pequeno leão Simba, que vive aventuras perdido de seus pais no clássico de 1993, a produção de Beyoncé traz um alerta para o mundo fora das telas, onde o racismo e a desigualdade agridem e matam diariamente. Inicialmente, Black is King foi filmado como uma peça complementar à trilha sonora de “O Rei Leão: O Presente” e a cantora passou um ano inteiro produzindo o álbum. Em uma postagem no Instagram, ela fala sobre o momento do lançamento e como as narrativas da ficção se cruzaram com a realidade: “O álbum teve como objetivo celebrar a amplitude e a beleza da ancestralidade negra. Eu nunca poderia imaginar que, um ano depois, todo o trabalho árduo nessa produção serviria a um propósito maior”, escreveu Beyoncé. Vários famosos negros ajudaram a artista a compor as cenas do longa, dentre eles o marido da diva - o rapper Jay-Z e a filha do casal, Blue Ivy, de 8 anos. O elenco é composto massivamente por negros “para que eles próprios contem suas histórias de riquezas do jeito que aconteceram e não como descritas nos livros de história”, concluiu a cantora. Mesmo com as claras referências à orixás e importantes personagens da história africana, os fãs da artista continuam achando novas inspirações em cada videoclipe. A mais recente foi observada por admiradores brasileiros da região Nordeste, que perceberam uma cena em que Beyoncé carrega objetos na cabeça em um tipo de cesto, cena tradicionalmente vista nessa região do país, entre as lavadeiras que carregam trouxas de roupas e até baldes de água.


RECEPÇÃO DE FÃS ALAGOANOS

A cantora possui uma comunidade de fãs muito sólida no mundo inteiro. Mesmo sendo uma pessoa reservada nas redes sociais, suas publicações alcançam facilmente a marca de 3 milhões de curtidas, em média. De Alagoas, a estudante Alaíde Marie Correia contou que sentiu uma forte conexão com o filme pela representação dos negros em cena. “Principalmente com as mulheres, pela forma que é mostrado a partir da nossa própria perspectiva. Pela exaltação da nossa beleza durante todo o filme, dos nossos tons de pele, dos penteados e do modo de se vestir. Tem uma pluralidade muito grande em o que é ser negro e me vejo nele, seja nas falas ou nas imagens. Fico muito feliz que a composição da produção é de pessoas negras, o resultado transparece isso”, pontuou a fã de Beyoncé. Marie evidenciou que o lançamento de Black is King ocorre bem no momento em que protestos acontecem em todo o mundo, desde a morte do afro-americano George Floyd, asfixiado por um policial branco na cidade de Mineápolis. “O filme fala muito sobre como a nossa construção pessoal é importante para, enfim, construir a comunidade que queremos viver; os negros em diáspora sofreram muito com as tentativas de esvaziamento das nossas culturas e com a desumanização dos nossos corpos. Os protestos hoje e o filme, estão inseridos num contexto em que é preciso resgatar a necessidade de organização e luta contínua pelo direito de poder ser uma pessoa negra sem que isso signifique ter um alvo nas costas”, concluiu a estudante. Além dela, admiradores comentaram na internet sobre o álbum, expressando gratidão à Beyoncé por exaltar a beleza do povo negro e sua presença na arte.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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