“ESSE CARA VAI APRONTAR”
Em minidocumentário lançado na versão virtual do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato, Rodrigo Avelino canta e fala sobre carreira influenciada por Djavan
Por DIMITRIA PIMENTEL*/ ESTAGIÁRIA | Edição do dia 27/10/2020 - Matéria atualizada em 27/10/2020 às 04h00
Elogiado até por Djavan, Rodrigo Avelino é essencialmente musical O alagoano começou a trilhar seu caminho na arte muito cedo, ouvindo a mãe cantar, no final da década de 1980 e início dos anos 1990. Desde os primeiros anos na escola, ele já demonstrava interesse pela música e por atividades que a envolvessem, mas só começou a tocar instrumentos quando, anos mais tarde, iniciou a jornada como compositor. É a essa referência que ele atribui a paixão pela música que não lhe permite ficar parado. Durante a pandemia do novo coronavírus, o artista realizou uma série de lives e acaba de estrear um minidocumentário que integra a versão virtual do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato. Do primeiro violão, recebido em 2001, o menino nunca mais parou e seus anos seguintes foram promissores. Em 2007, participou do seu primeiro festival de música, o Femusesc, no qual apresentou um samba chamado “Passista”. Em 2008, voltou a ter uma música selecionada no mesmo festival, um outro samba, denominado “Real”. Nos dois anos seguintes, 2009 e 2010, ele teve mais três músicas selecionadas, com destaque para o ano de 2009, onde apresentou duas músicas: “Pra você”, interpretada pela cantora Myrna Araújo e “Tão leve”, interpretada pelo próprio Rodrigo. Os primeiros shows da carreira já de sucesso, aconteceram nos anos de 2009 e 2011, dentro do projeto Quartas Musicais do SESC. Recentemente, em 2018, o artista foi selecionado para participar de um projeto onde apresentou um show intimista nomeado “Rodrigo Avelino Convida”, e na ocasião dividiu o palco com quinze artistas, entre cantores e instrumentistas. Do nome desse projeto surgiu um quadro que ganhou vida no Instagram de Rodrigo nos últimos meses em decorrência da pandemia da Covid-19. Com a quarentena, o músico achou, por acaso, nas lives, um jeito divertido de aproximar os amigos de palco e da vida em uma conversa de 1 hora, limite máximo permitido pela plataforma. Os convidados de Rodrigo são os mesmos que outra vez já emprestaram suas vozes para as composições dele, como a artista May Honorato. “No começo da pandemia, eu estava tentando entender o que estava acontecendo, fiquei meio perdido daí fui procurar fugir das lives já que todo mundo estava fazendo, procurei ficar meio quieto. Mas teve um dia que eu decidi fazer aleatoriamente. Estava em casa, a toa e decidi, entrei do nada. Depois dessa, fiz outra comemorando o aniversário de lançamento do disco. Foi quando eu pensei na ideia da série de lives convidando amigos e inicialmente a ideia era fazer com artistas que participaram da gravação do álbum, mas acabei não seguindo, ainda faltam três participantes. Então, na segunda edição, busquei compositores, principalmente do interior, porque nós aqui da capital temos uma visibilidade maior do que eles. Eu quis trazê-los para que as pessoas pudessem conhecer”, comenta Avelino. Além da cantora de Clarão, outras artistas de Alagoas também já dividiram canções com o violão e voz de Rodrigo, como Lousanne Azevedo, Millane Hora, Renata Peixoto e Kel Monalisa, a última, interpreta duas composições de Avelino em seu trabalho autoral: Ao Mais e Ser Feliz.
O MAIOR BARATO
Avelino diz que não é seu forte ficar parado. Agora, no último dia 22, o músico lançou através da edição especial do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato - que ocorre virtualmente, um vídeo apresentando a canção Faltar e falando sobre a carreira. “Faltar, essa música fala um pouco dessa necessidade que a gente tem de sair de onde está para tentar enxergar de fora, buscar essas respostas e até mesmo dar oportunidade para que o outro repense a situação e busque essas respostas. Então, é uma música que traz um pouco disso: faltar para fluir”, diz em um trecho do vídeo. Peça importante na trajetória do artista e, consequentemente, no vídeo de Avelino, o cantor e compositor Júnior Almeida também fala sobre o trabalho do jovem músico e sobre como se conheceram. “Um dia, estava no Museu da Imagem e do Som, (MISA), trabalhava lá e veio um garoto, todo assustado, me procurando. Ele veio falar que viu uma apresentação minha e de outros artistas, lá na Escola Técnica Federal, onde ele estudava, e falou que queria ser artista, veio mostrar umas músicas, umas coisas, eu virei e disse: esse cara é artista. Eu acho que tem uma diferença muito grande: tem aquelas pessoas que querem a fama, fazer algo que atraia a atenção sobre ela, faça, é bacana, cada um que viva a sua felicidade, mas tem aqueles que são artistas, você olha para o sujeito e diz ‘esse sujeito vai criar uma obra, vai interferir na questão cultural da cidade’. O Avelino, desde aquela época, olhei para a cara dele e disse: esse cara vai aprontar. Hoje em dia, é uma certeza, ele é um compositor fantástico, gosto muito dele cantando, uma voz muito bonita, muito bem colocada. Ou seja, só orgulho, a gente ter uma cidade que traz artistas desse porte. Muito feliz em vê-lo trilhando a história, um disco super bacana e, com certeza, virão outros. Prazer imenso falar desse cara”, revela. Falando sobre a canção Faltar, Rodrigo relembra uma história com o ilustre Djavan e, alegre, fala da troca que teve com o seu ídolo. “Essa música é muito especial, porque, através dela, eu recebi um incentivo maravilhoso. Eu lembro que ela foi composta em fevereiro de 2018, no período que o disco estava parado. A gente tinha gravado 10 músicas, de seis à meia noite. Fiz essa canção, mostrei para uns amigos e, em junho, recebi o áudio de uma amiga que recebeu a música. Veio aquela voz masculina “oi, Rodrigo, ouvi sua música, adorei, você canta e compõe bem, grava um disco e, depois, manda para mim que eu quero dar uma opinião”. Só que no começo do áudio, não estava identificando quem era, botei no ouvido de novo e: caramba, era o Djavan, tio da Marcela. Mandei para a minha mãe, ela disse: deixa de ser mentiroso, menino, e riu. Foi um incentivo muito grande porque ele é uma das das maiores referências, por ser alagoano. Depois disso, coloquei esse projeto adiante e gravei Tempo de Ser Feliz. Faltar está presente nele”. O vídeo, gravado no palco do Teatro Deodoro, com Rodrigo de costas para a plateia, traz a canção Faltar, musicada por um quarteto, e possui entrevistas do músico Júnior Almeida e da musicista Débora Borges. Em 2021, o artista voltará ao palco centenário com seu novo projeto: Rodrigo Avelino – Concerto Íntimo, no Teatro Deodoro é o Maior Barato. Para assistir ao minidocumentário, basta acessar o canal do Teatro Deodoro no YouTube.
*Sob supervisão da editoria de Cultura