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Nº 5861
Caderno B

MAQIAVEL

Após hiato de 10 anos, banda alagoana se reúne para lançar álbum inédito e vídeo especial gravado no Teatro Deodoro

Por MAYLSON HONORATO/ COM ASSESSORIA | Edição do dia 11/11/2020 - Matéria atualizada em 11/11/2020 às 04h00

Foto: Ananda Zambi/Divulgação
 

Foto: Ananda Zambi/Divulgação
 

Foto: Ananda Zambi/Divulgação
 

Foto: Ananda Zambi/Divulgação
 

Foto: Ananda Zambi/Divulgação
 

Após um hiato de 10 anos, a banda Maqiavel retorna à cena musical alagoana em grande estilo: tem disco inédito e ainda um minidocumentário produzido para a versão virtual do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato. O grupo, que parece ter amadurecido em excelente forma, lançou, nessa terça-feira (10), o álbum Caixante Viajeiro, disponível em todas as plataformas digitais. Formada no início dos anos 2000, a Maqiavel despontou como uma das autênticas representantes do rock mais comum àquela época, influenciado pelo hardcore melódico e pelas guitarras robustas da música alternativa, mas com um clima inconfundível do final dos anos 60. A banda encerrou as atividades em 2010, sem nunca ter lançado um disco. Agora, as canções que faziam a cabeça do público provam que resistiram bem ao tempo e integram este novo trabalho, que também conta com faixas inéditas. “A Maqiavel era uma banda feita para acabar, tinha um ciclo a cumprir, já que todo mundo tinha uma atividade paralela, na qual tinha sucesso. Todos se davam muito bem e isso significava o fim da banda. Esse ciclo chegou ao fim em 2010, a banda acabou, mas a amizade continuou. Nós somos padrinhos de casamento e de filhos um do outro. Os filhos começaram a nascer e vimos que não tínhamos nada de qualidade para mostrar a eles de uma época tão bonita de nossas vidas. Foi aí que decidimos nos juntar, a princípio, para gravar um disco”, conta Márcio Maqiavel. No início, o repertório da banda era de versões e covers de outros artistas, o que levou o grupo a, rapidamente, preencher um calendário rigoroso de apresentações. Em poucos meses, eles já haviam se apresentado nos principais palcos de Maceió, Recife e Aracaju, além de algumas cidades do interior de Alagoas, incluindo aberturas de shows de Natiruts e Cidade Negra. Porém, o objetivo era fazer um trabalho autoral. Então, veio uma demo, produzida pela própria banda, com as canções “Sandra Maldita”, que batizava a obra , “O Caixante Viajeiro” e “Prece A 7 Palmos” – todas de autoria de Márcio Jr. A demo tocou em algumas rádios de Maceió (Educativa e Pajuçara), entrou na seleção de artistas promissores da Bienal do Livro de Pernambuco, e deu à banda o primeiro lugar no Femusesc, de 2006, com “Sandra Maldita”. Como prêmio por este resultado, a banda participou do Femucic, de Maringá-PR, daquele mesmo ano, fazendo shows na cidade e em São Paulo. Também em 2006, a banda estreou o primeiro show autoral, dirigido pela fotógrafa e cineasta Renata Voss. A apresentação no Teatro Jofre Soares foi registrada em áudio pelo produtor Clilton Feitosa e se tornou um bootleg ao vivo, com várias músicas inéditas, como “Morte e Vida Messalina”, “Declamação de Guerra”, e “Só Pra Brincar Com Você”, versões de “Nordeste Independente” (Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova), e “A Bela e a Fera” (Chico Buarque). Em 2007, a banda lançou o single “Morte e Vida Messalina”, que, ainda hoje, pode ser encontrado na programação da rádio Educativa de Maceió. Em 2008, veio “Compreensão”, porém, logo após, anunciou um recesso. Este foi o ano em que vários membros da banda saíram de Maceió para assumir compromissos em carreiras particulares. Em 2010, contudo a formação clássica se reúne, com exceção de Christian Machado, para lançar ”Maria me Tem e Eu Não Sei Partir”, arranjada e produzida exclusivamente para uma apresentação no Femusesc, daquele ano. As gravações do novo disco começaram em 2018 e terminaram somente em 2020. O resultado vem reafirmar a história de outrora e contar novas. Grande referência na música alagoana, há 20 anos neste universo, o produtor musical Clilton Feitosa também fala da Maqiavel. “Conheci a banda em 2006, quando eu trabalhava no Sesc e eles se inscreveram no Festival. Para nós da comissão, foi uma coisa inusitada porque foi a única banda até então que entrou com duas músicas, porque as composições eram tão inteligentes, tanto na parte de letra, quanto de harmonia, um pop com brega, como Sandra Maldita, música que a gente escolheu primeiro naquela época, e ver aquele material tão bem construído e arranjado. Foi uma felicidade muito grande, porque daí nasceu uma amizade com esses meninos, a gente começou a trabalhar, a fazer gravações e, por conta dessa música, a Maqiavel foi selecionada para o Festival do Sesc, em Maringá, tocamos no teatro Calil Hadad. Foi bacana, a banda nos surpreendeu bastante com o nível de qualidade deles, os meninos são fantásticos.”


O CAIXANTE VIAJEIRO

“O Caixante Viajeiro” é composto por composições antigas e atuais da banda, de autoria de Márcio Jr., solos de Bruno Queiroz, linhas de baixo do Bruno Ribeiro e tambores de Rodrigo Caires. Em sua produção, os integrantes da banda se dividiram nas tarefas para seguir a linha do “faça você mesmo”, mas também contaram com reforços e parcerias. O álbum traz as participações de João Paulo (Mopho), Marcos Bruno (Sifrão) e Vítor Peixoto (guitarrista do Wado). A mixagem e masterização são assinadas por Jair Donato. A capa é uma pintura do artista Lucas Lamenha. O disco fala dos heróis dos músicos, de Beatles a Roberto, de Led a Raul, de Guns a Paralamas, de Hermanos a Muse, de Mopho a Wado, sem deixar de fora a trilogia roqueira de Caetano, a profundidade de Gil e a palavra de Chico Buarque.


DOC NO YOUTUBE

Além de curtir o álbum da banda alagoana no streaming, um vídeo produzido pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal) exibe depoimentos que ilustram os bastidores desse retorno e, de quebra, registra a primeira performance ao vivo da música que dá nome ao novo álbum. O vídeo está disponível no YouTube do Teatro Deodoro. A gravação reúne todo o grupo, formado por Márcio Maqiavel (voz e piano), Bruno Queiroz (guitarra), Bruno Ribeiro (baixo), Victor Lyra (violões) e Ivalter Jr. (bateria). A produção é de Carlota Mendes e Robério Cesara e a mixagem e masterização de áudio ficaram com Jair Donato. O show O Caixante Viajeiro seria apresentado em 01/07 no projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato, mas foi adiado para 2021, assim como toda a programação do projeto, por causa da pandemia da Covid-19. Na gravação, o depoimento de um fã de carteirinha da banda, Robério Cézar, chama atenção. Ele acompanha o grupo desde o início, esteve em momentos especiais, como o show do Sesc e uma seletiva em Salvador. “Sou fã porque a banda é inteligente. As músicas são pop, mas tem uma grandiosidade e passam uma mensagem, coisa que hoje se encontra pouco no mercado. Eu acredito fielmente na banda e espero que faça o sucesso que merece, ressurgiu das cinzas para tentar encontrar o lugar ao sol que sempre foi dela.” Para o baixista Bruno Ribeiro, esse reencontro no Teatro Deodoro foi muito significativo. “Acho que a banda tinha que voltar pelo menos para gravar um disco e ter um registro. A gente conseguiu reunir mais da metade da formação original e fazer esse encontro no melhor palco do estado”.

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