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Caderno B

UM SHOW PARA NINGUÉM

Experiência intimista da banda alagoana “Marinho” no palco do Teatro Deodoro será transmitida pelo Youtube e marca lançamento oficial do álbum “Leve Vazio”

Por Felipe Miranda e Maylson Honorato | Edição do dia 20/11/2020 - Matéria atualizada em 21/11/2020 às 02h51

Foto: FELIPE MIRANDA
 

Por anos, o Teatro Deodoro foi depósito. Em outros períodos, cinema. Entre reformas, festejos e incontáveis espetáculos artísticos, o palco de estilo italiano já esteve vazio por alguns períodos e ultimamente enfrenta a solidão por motivos maiores. Neste sábado (21), porém, a banda alagoana Marinho entrega ao mundo um experimento nascido durante a pandemia. Um show para ninguém. Gravado no grande salão neoclássico que todo alagoano de sorte já viu de perto, o show será transmitido no canal da banda no Youtube (musicamarinho), às 21h.

Nenhum dos 650 lugares foi ocupado para a gravação desse trabalho. Por respeito ao próximo, por segurança, por necessidade. Foi um sonho novo realizado. Segundo Rodrigo Marinho (vocal e bateria), o show marca o lançamento oficial do segundo álbum da banda, “Leve Vazio”, que está disponível nas plataformas digitais desde março deste ano. Inicialmente, o show de apresentação do novo disco estava previsto para acontecer no Festival Carambola 2020.

“Foi uma experiência diferente cantar e tocar no Deodoro sem plateia. Desde que a ideia surgiu, eu e todo mundo da banda sabíamos que seria uma espécie de transe. Inacreditável, bonito e ao mesmo tempo angustiante”, diz. A verdade é que o teatro é tão majestoso vazio, quanto é repleto de gente.

Marinho não é um só. Além de Rodrigo, a banda é composta por Victor de Almeida, na guitarra, e Joaquim Prado, na guitarra e synth, além de Felipe Chase, na bateria, João Lamenha, no baixo, e da participação de Robson Cavalcante, nos teclados. Depois da estreia com “Sombras”, em 2017, o segundo disco chegou como uma construção coletiva arriscada. Todos abriram mão de algo, todos testaram novas texturas, sentidos e possibilidades para as sete faixas que compõem o trabalho autoral.

A maior parte das canções que integram o repertório do show foram tocadas pela primeira vez. Apresentar os arranjos ao vivo não foi o único desafio do projeto, mas também tentar recriar em vídeo a atmosfera de um show de lançamento no atual contexto histórico.

“Fazemos música sem ansiedade e pressão, mas confesso que tocar em um palco tão importante para a música no estado nos deixou apreensivos”, afirma Joaquim. “Desde o primeiro segundo ali no teatro, tudo foi intenso. Sem dúvida uma das memórias mais bonitas que a banda inteira tem. É um registro histórico e respeitoso de quando lançamos um disco e não pudemos ter público apresentá-lo”.

NOVAS MEMÓRIAS NO DEODORO

O Teatro Deodoro completou 110 anos este mês e recebeu a reverência desses jovens artistas de Alagoas. Para eles, isso também é simbólico e evidencia que o palco continua sendo cenário para novas histórias de amizade, de amor à arte e, claro muita música.

“O Deodoro está presente em minha vida desde a infância. Meu pai, Juarez Gomes de Barros, iniciou a primeira grande reforma do teatro, no início dos anos 90”, lembra Joaquim Prado.

“Desde que iniciei minha trajetória como músico sonhei com o momento em que um dia me apresentaria no Teatro Deodoro. Andei inúmeras vezes por todos aqueles corredores e lugares secretos imaginando diversos cenários de como seria uma eventual apresentação naquele palco. Nos meus sonhos, porém, a plateia não estava vazia e muito menos vivíamos um período de pandemia”, completa o guitarrista.

Rodrigo diz recordar nitidamente a primeira vez em que subiu ao palco do Teatro Deodoro, lá em 2007.

“Voltar ao Deodoro agora, nesta ocasião, foi um liquidificador de emoções, as imagens na cabeça, todas misturadas com a concentração para fazer o melhor possível, numa etapa da vida tão complicada”, conta.

“No segundo em que pisamos no palco, depois de toda a arrumação, caiu a ficha. ‘Sozinhos’, sim, porém, privilegiados. No encantamento com as luzes e a beleza do teatro, olhava tudo ao redor, as cadeiras vazias, imaginando como seriam se estivessem ocupadas. Lembrei de 13 anos atrás, mas a todo o tempo voltava meu olhar para os amigos que dividiam aquele espaço comigo, todos juntos, num esforço comum para fazer um show real.”

Vários profissionais da cadeia musical que estavam sem trabalho devido ao isolamento social puderam voltar para atuar na produção do projeto. Todos foram remunerados com o montante arrecadado na venda das camisas “Amar é Coragem” - estampa que faz referência a uma das músicas da banda, o single “Coragem”. “É algo que nos enche de orgulho, inclusive. As camisas permitiram que a gente tivesse como investir na produção de ‘Leve Vazio’ e agora a gravar esse show de lançamento. O projeto saiu do papel e reuniu uma turma talentosa que atua nos bastidores e nem sempre é vista”, afirma Victor.

O show tem direção de Lucas Nóbrega e Denis Carrion, sonorização de Pedro Oliveira com Filipe Jere e Maikyel Victor na técnica de gravação, iluminação de Edner Careca e produção executiva de Lili Buarque. O show foi realizado em parceria com o Diteal e o Teatro Deodoro.

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