Caderno B
FAGNER LANÇA ÁLBUM “SERENATA” E RESGATA CLÁSSICOS DO RÁDIO
Cantor diz que disco é homenagem para irmão e para os seresteiros que conheceu


O novo álbum de Raimundo Fagner é uma seleção de serestas e clássicos da música popular, gravados originalmente por grandes vozes da Era do Rádio, como Francisco Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Vicente Celestino. A seleção afetiva de Fagner reúne temas de Pixinguinha, Silvio Caldas, Cartola, Orestes Barbosa, Vinícius de Moraes e Chico Buarque, entre outros compositores. Batizado de “Serenata”, o projeto foi lançado no dia 18 de dezembro, nos formatos físico e digital, e marca a estreia de Fagner na Biscoito Fino. A relação com essas canções começou nos tempos de criança: “Meu irmão Fares Cândido Lopes foi o grande seresteiro de Fortaleza, me criei ouvindo ele cantar com Evaldo Gouveia, grande compositor da MPB que era nosso vizinho e afilhado de meus pais. Na minha infância eu ouvia música de adultos, grandes seresteiros, especialmente Silvio Caldas, a quem considerava o maior. É uma homenagem ao meu irmão, eu devia esse disco. Ele também me influenciou na paixão pelo futebol e fez muito pelo esporte, tendo sido presidente do Fortaleza”, pontua Fagner. O primeiro single, “Lábios que Beijei”, primeiro grande sucesso de Orlando Silva, em 1937, estreou nas plataformas digitais em outubro. O segundo, “Serenata”, que antecedeu a chegada do álbum, revelou a colaboração especialíssima de Fagner com Nelson Gonçalves, feita com ajuda da tecnologia, tendo como base a voz original da gravação que Nelson lançou em 1991.
Além de homenagear a um dos mais populares cantores do Brasil, o agora registro em dueto resgata histórias de Fagner com um de seus grandes ídolos na música. “Comecei a fazer seresta com as músicas do Nelson, jamais imaginaria que um dia viesse a gravar com ele. Na verdade, nossa relação não começou nada bem. Quando estourei com a música ‘Noturno (Coração Alado)’, a mais severa e contundente crítica que recebi foi dele, o que muito me entristeceu. Até que um dia o Nelson me apareceu no estúdio da Som Livre, com o produtor José Milton, me convidando pra gravar no disco ‘Eu e Eles’. Sentamos no mesmo banco do piano pra tirar o tom de ‘Mucuripe’: a partir daí, nossa amizade era como a de dois adolescentes. Fazer este dueto com o Nelson é realizar um sonho, acho que refiz esta voz umas cinquenta vezes”. A ideia de um projeto como “Serenata” é antiga e se fortaleceu quando Fagner visitou a cidade de Conservatória (RJ), berço da seresta: “A convite do meu parceiro e amigo Paulinho Tapajós fui à terra de seu pai, Paulo Tapajós, pioneiro do rádio brasileiro. Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida ser homenageado por uma multidão cantando “Mucuripe”, à porta da casa dos Tapajós”, relembra Fagner. Com tantas serestas em sua vida, selecionar 12 para o álbum não foi tarefa fácil: “Esta foi talvez a parte mais difícil. Meu amigo e produtor José Milton tanto ajudou quanto complicou a minha escolha. Além de grande cantor, ele é um profundo conhecedor deste repertório”, finaliza o cantor e compositor cearense.