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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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Caderno B

Lauro Gomes era Cidadão Honorário de Maceió

Radialista, produtor musical, dramaturgo e diretor de teatro atuava em Alagoas desde 1971

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Nascido em Minas Gerais em 23 de março de 1937, Lauro Gomes tinha, em seu currículo, os cursos de interpretação e direção do Conservatório Nacional de Teatro, tendo encenado peças de Tchekhov e Oscar Wilde. Ademais, escreveu e dirigiu diversas obras, vindo a ser premiado com duas delas: O Patinho Feio e O Sapateiro do Rei. Em 1988, Lauro Gomes recebeu o título de Cidadão Honorário de Maceió.

No rádio, Lauro Gomes Pinto começou sua trajetória na Rádio MEC (à época, ainda Rádio Ministério da Educação e Cultura), após uma conversa, em frente ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com Reginaldo Magalhães, seu amigo e então assessor do diretor artístico da emissora. Em tom de brincadeira, pediu a ele para produzir um programa na rádio.

Para sua surpresa, aquele momento descontraído lhe abriria as portas do rádio e, em 1974, Lauro Gomes foi admitido na Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FCBTVE) como técnico de Programação Radiofônica. Ao longo de mais de 40 anos, Lauro Gomes produziu inúmeros programas, além de colaborar com tantos outros em uma carreira que teve importante papel na construção da imagem que a Rádio MEC mantém junto aos ouvintes.

Sob direção de Lauro Gomes, ATA lançou projetos que lotaram teatros em Alagoas
Sob direção de Lauro Gomes, ATA lançou projetos que lotaram teatros em Alagoas | Foto: Arquivo/ATA

SEMPRE PRESENTE

Em Alagoas, de 1971 até 2018, Lauro Gomes exercitou seu viés teatral, fomentando, dirigindo e escrevendo. Por aqui, atuou diretamente em 16 projetos, construindo uma carreira que ficará marcada para sempre na memória alagoana e na memória de todos os amantes do palco teatral.

“O Teatro Deodoro e o Teatro de Arena Sérgio Cardoso foram palcos de grande importância na relação de Lauro Gomes com o teatro alagoano. Sem dúvidas, ele veio cumprir um importante papel, numa trajetória que contou com montagens históricas, nas quais podemos destacar a antológica “Hoje é Dia de Rock”, de Zé Vicente, que ocupou o palco do Arena, logo em seguida a sua inauguração, com o ator Sérgio Cardoso, que veio a falecer aproximadamente um mês depois. Hoje é Dia de Rock fez uma temporada de 20 apresentações consecutivas, com casas cheias, disputa do público por um lugar na plateia, era o ano de 1972, e, certamente, acontecia ali, um grande momento da cena local, que se concretiza com a direção de Lauro Gomes e toda sua concepção para o espetáculo, um passo acima do fazer teatro em Alagoas ou melhor, mais um passo. Foram muitos os momentos de Lauro Gomes conosco, com os atores alagoanos das mais diversas gerações. Assim, quando a cortina se fecha para o homem Lauro Gomes, fica o legado, nos cabem as reverências e a certeza de quanto este grande “fazedor de arte” merece de nós imensa gratidão”, declara o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda.

“A gente tinha uma relação com o Lauro de ‘vamos chamar o Lauro para socorrer’. Ele nunca recusou nenhum convite, se ajustava ao que a gente propunha. Era uma relação dimensionada pelo respeito e pelo ofício, pela ação. Esses elementos são muito fortes em qualquer relação. Ele é um membro da ATA. Pela ATA passaram muitos diretores, mais de uma centena de atores e atrizes. Mas só a partir de Lauro a ATA conseguiu um núcleo. Então, a perda de Lauro é algo grande e dolorido para todos que fazem a ATA e para todo o Estado de Alagoas”, completa o presidente da ATA.

“Quem conviveu, naqueles tempos, sabe muito bem que Lauro vivia teatro o tempo inteiro. Respirava teatro. A gente terminava os espetáculos, íamos para um bar, para uma noitada, mas todo o tempo ele estava dirigindo os atores, 24 horas. Você achava que era uma conversa normal, mas, de repente, era uma direção, uma instrução. Essa presença fica, isso tudo será lembrado. O amigo, o profissional, um dos grandes articuladores do teatro alagoano”, finaliza Ronaldo de Andrade.

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