Caderno B
DE VOLTA AOS CINEMAS
Autorizados pelo governo, cinemas voltam a funcionar nesta sexta-feira (14), após mais de 1 ano com as portas fechadas; em Alagoas, perdas do setor na pandemia chegam a R$ 18 milhões


Fechados, ininterruptamente, desde março de 2020, os cinemas de Alagoas começarão a reabrir nesta sexta-feira (14). As perdas provocadas pelos 14 meses de portas fechadas podem chegar à marca de R$ 18,1 milhões, tendo em vista que esse foi o valor arrecadado em bilheteria no mesmo período em anos anteriores, segundo a representante de uma das redes que possui salas em Maceió.
Patricia Cotta, gerente nacional de marketing do Kinoplex, conta que nesse mesmo período em anos anteriores, os cinemas de Maceió, juntos, receberam 1.25 milhões de espectadores. De acordo com Cotta, na última semana de operação no ano passado, em março/2020, Maceió tinha 5 cinemas e 23 salas. A executiva confirmou para sexta-feira (14) o retorno das atividades nas salas da rede que ela representa, que ficam em um shopping situado na Mangabeiras.
Sherlon Adley, diretor comercial e de marketing do Cinesystem, que possui salas em um shopping no bairro Cruz das Almas, também confirmou o retorno para esta sexta-feira. A Cinesystem também possui salas em um shopping na cidade de Arapiraca, mas, segundo a empresa, não voltarão a funcionar agora, pois passarão por ajustes e serão reabertas em breve.
O diretor do Cinesystem pondera que o impacto da pandemia para o setor de exibição foi muito forte. “Foi mais de um ano de geração de receita zero. Isso, sem dúvidas, é um baque enorme para o setor. Nosso setor vive de experiência presencial. Encontro com os amigos, pipoca quentinha, não existe um equivalente virtual para a emoção única que o cinema é capaz de oferecer”, frisa.
Sobre a situação dos trabalhadores da rede, ele conta que a Cinesystem tomou a decisão de manter o quadro. “Fizemos um projeto interno chamado ‘Não Abro Mão da Minha Equipe’ e garantimos os empregos, mantivemos o time pronto para nos auxiliar na retomada, e fizemos todos os esforços necessários para não piorar ainda mais o cenário do setor”, detalha. Além disso, o executivo conta que a rede que representa não aumentará o valor dos ingressos. O Kinoplex também informou que nenhum funcionário foi demitido no último ano.
COMO SERÁ O RETORNO?
Patricia Cotta diz que a rede que representa tomou todas as providências para retomar as atividades com o maior nível de segurança possível.“Durante esse período em que ficamos fechados, estudamos minuciosamente a jornada do cliente em nossos cinemas e cada ponto de contato, cruzamos essas informações com os protocolos dos órgãos de saúde e governos e criamos processos operacionais e de higienização bastante rígidos e detalhados para preservar o bem-estar e a segurança de todos”, afirma.
Segundo ela, entre as medidas de prevenção, está o bloqueio 360 graus ao redor dos espectadores, garantido por um sistema de vendas inteligente, no momento da compra; a renovação contínua de ar dentro das salas, que garante ar limpo e purificado durante toda a sessão e o uso de máscaras, que será obrigatório em todos os ambientes e para todos os espectadores e colaboradores.
A executiva conta ainda que o consumo de alimentos e bebidas será permitido, exclusivamente, quando o espectador estiver sentado em seu lugar marcado dentro da sala de exibição, e este será o único momento em que a máscara poderá ser retirada. “Não será permitido consumo no foyer ou em qualquer outra área do cinema”, completa.
Patricia Cotta explica ainda que nas salas da rede será exibido um vídeo, reforçando os procedimentos para uma experiência segura antes de cada sessão. Ela conta que a capacidade das salas também foi reduzida a 30% e deverá ser obedecida uma distância mínima de 1,5 metros entre as pessoas. No entanto, espectadores que têm convívio diário, como casais e famílias, por exemplo, poderão sentar juntos.

Sherlon Adley, do Cinesystem, explica que os protocolos da rede que ele representa são alguns dos mais rígidos do mercado e garantiram que tivessem um período de funcionamento em 2020 e 2021 sem qualquer tipo de risco ou mesmo ocorrências por parte de clientes e colaboradores em diversas cidades do Brasil.
Adley explica que, livre de qualquer falha de cálculo humano, a distância entre as poltronas e o número de pessoas por sessão é definida automaticamente, por meio de um sistema no ato da compra do ingresso. Segundo o executivo, cada cliente chega a “bloquear” em média seis outros lugares ao redor de onde estará sentado, assim que seleciona sua poltrona. “Para se ter uma ideia, uma sala grande, com cerca de 350 lugares, hoje não recebe mais do que 50 clientes por sessão. É quase uma sessão exclusiva, com um percentual de público inferior ao determinado pelos decretos”, completa.
ARTE PAJUÇARA
Único exibidor independente de Alagoas, o tradicional Centro Cultural Arte Pajuçara ainda não possui uma data para retomar as atividades. De acordo com o diretor de programação da instituição, a data será divulgada até o final da próxima semana, já que o local passa por reformas e adaptações para atender aos critérios de reabertura.
“Estamos terminando pequenas reformas no cinema. Estamos reformando toda a parte de poltronas, então quem for ao cinema encontrará poltronas reformadas e mais confortáveis, estamos revisando todo o sistema de som e projeção, então aliamos a implementação responsável das medidas de segurança a essas mudanças”, diz.
Marcos Sampaio diz que serão comercializados apenas 50 ingressos por sessão, com distanciamento mínimo de pelo menos duas poltronas entre uma pessoa e outra. O local também pretende realizar intervalos longos entre as sessões, aproveitando o momento para higienizar a totalidade das poltronas e os banheiros.
“O uso de máscara será obrigatório. As pessoas não poderão comprar alimentos na bomboniere para consumo no saguão, somente durante a sessão e com o distanciamento que o protocolo prevê. Vamos sinalizar tudo para que o público saiba como se comportar e lidar com o espaço. Vale lembrar que há levantamentos que apontam que os cinemas, seguindo esses rígidos protocolos de segurança, é hoje um dos espaços com menor risco de contaminação”, afirma Sampaio.
“Queremos deixar claro que nossa posição sempre foi a favor das medidas sanitárias e de prevenção. Além disso, é claro, defendemos a vacinação para todos, para que tenhamos mais tranquilidade. Mas como houve uma iniciativa do Governo de Alagoas de liberar os cinemas e que o público existe, estamos tomando todos os cuidados para que isso aconteça de maneira segura”, continua o diretor do Arte Pajuçara.
Há 14 meses sem funcionar, o estabelecimento não conseguiu manter os três funcionários que possuía e ainda arcar com despesas como aluguel, condomínio e manutenção. No entanto, todos serão recontratados na reabertura.
“A verdade é que o que nos ajudou a permanecer foi que tivemos acesso a algum recurso da Lei Aldir Blanc, através da Fmac, o que nos permitiu a manutenção de parte do espaço e algumas despesas”, diz Sampaio.
“Na reabertura, temos o compromisso de recontratar esses funcionários, todos serão recontratados. Nosso interesse é dar continuidade ao atendimento e ao serviço que o público sempre elogiou em relação ao Centro Cultural Arte Pajuçara”, finaliza.
A Gazeta tentou contato com a assessoria da rede Centerplex, que possui salas no Shopping Pátio Maceió, no bairro Benedito Bentes, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.