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Caderno B

HOJE É DIA DE ROCK!

No Dia Mundial do Rock, alagoanos e alagoanas defendem que gênero musical virou estilo de vida. A celebração da data será com shows e workshops durante a semana

Por THAUANE RODRIGUES (Estagiária)* | Edição do dia 13/07/2022 - Matéria atualizada em 13/07/2022 às 14h51

Unindo paixão, estilo de vida e diferentes gerações, o rock continua ganhando adeptos em Alagoas. E nesta quarta-feira (13), quando é comemorado o Dia Mundial do Rock, eles e elas falam sobre o gênero musical que é muito mais do que isso, é uma maneira de ver o mundo.

Celebrada desde a década de 1990, a data faz referência ao festival beneficente Live Aid, realizado em 1985, simultaneamente, nos Estados Unidos e no Reino Unido, para levantar fundos e combater a fome em países da África. A data, entretanto, é comemorada apenas no Brasil.

Para a social media, Fernanda Bulhões, celebrar o 13 de julho é uma das formas de manter o gênero vivo, enaltecer o quanto ele já contribuiu com as causas sociais do mundo e homenagear os artistas que contribuíram e contribuem com a arte.

Já para o artista Filipe Mariz, vivenciar o Dia Mundial do Rock vai muito além de celebrar o gênero musical, sendo também uma forma de resistir às mudanças da indústria musical.

“O rock é mais que só um estilo de música, é também o lifestyle que marcou e marca muitas gerações e, em tempos em que não é mais prioridade de mercado é que se surge a necessidade de marcá-lo, de ter um dia para celebrar e lembrar o significado dele para todos os amantes do gênero”, disse ele.

Com o passar dos anos e o avanço do mercado da música, o rock teve que se reinventar para conseguir a notoriedade que tinha em décadas passadas, mesmo com o público sendo fiel e apaixonado.

“Tive algumas bandas de rock e o problema sempre foi oportunidade, palcos, como monetizar os projetos musicais. Felizmente, isso tem melhorado bastante com iniciativas do setor público”, contou Filipe.

“Eu trabalho na noite fazendo covers, mas também sou compositora e tenho trabalho autoral no streaming. A minha visão da cena rock alagoana, hoje em dia, é que tem crescido bastante, tem muita banda boa e a demanda se deve ao crescimento da área do entretenimento, os pubs e os bares, os editais também estão aí pra trazer cada vez mais espaço aos artistas do gênero, porém precisamos de mais espaço para os artistas/bandas independentes que fazem rock, ter mais eventos para bandas autorais e seu público”, completou Natasha Aretha, vocalista da banda Fita K7.

Para o roqueiro veterano Sebage, a nova geração roqueira está vindo com toda força, cheia de rebeldia, com muita bagagem legal para apresentar ao mundo.

“Tá surgindo uma galera jovem, como o Pedro, que é muito interessante. E tem o Diogo Oliveira, esse um veterano que veio do rock dos anos 1980/90, que se tornou cantor erudito, mas que mantém suas raízes roqueiras. Logo mais tem um álbum dele cheio de provocações. Há, também, esse monstro sagrado que é a banda Mopho”, disse ele.

PERPASSANDO GERAÇÕES

O espírito roqueiro passa de pai para filho e, assim., muitos alagoanos cresceram ouvindo os clássicos do rock internacional e nacional dentro de casa Fernanda Bulhões conta que é uma dessas pessoas que despertou para o rock através da influência do pai.

“Eu e meus irmãos crescemos ouvindo rock por causa do nosso pai, que sempre amou o gênero. Um dos nossos programas favoritos em família era ficar em casa ouvindo álbuns de bandas e cantores como Legião Urbana, Capital Inicial Cazuza, Lobão, Paralamas do Sucesso, Titãs e Engenheiros do Hawaii. E os internacionais, Beatles, Queen, Pink Floyd, entre outros”, relembra ela.

“Hoje, eu vejo amigos influenciando seus filhos desde criança a ouvirem o gênero e até mesmo a tocar instrumentos musicais como bateria, guitarra, e, com frequência, inserir o rock através de vídeos, clipes, em casa”, completou.

O roqueiro e artista alagoano Sabage conta que foi ouvindo o rock brasileiro de 1960, durante a infância na casa da avó, que ele conheceu o gênero e o estilo de vida. Apesar dos aos na estrada e nos palcos, ele diz que segue aprendendo com a nova geração.

“Eu ouvia a Jovem Guarda, Wanderléa e Roberto Carlos, na casa da minha avó, em Porto Calvo. Minha vó não vivia sem o rádio ligado e me pedia para eu dançar o iê-iê-iê para suas amigas. Eu tinha uns cinco ou seis anos. Já a minha filha, Isadora, não é tão roqueira quanto eu, mas foi ela que me apresentou à cantora moderna que eu mais amo, Amy Winehouse”, disse ele.

ESTEREÓTIPOS

Lidando com os estereótipos de que só usam roupas pretas, maquiagem forte, com estilo gótico, os roqueiros enfrentam os olhares sociais seguindo a paixão e mostrando a diversidade do rock.

“Eu não ligo não. O povo acha, às vezes, que rock é somente aquele rock pesadão, hard rock. Daí tenho de explicar que sou romântico. Que meu rock é elegante e complexo, como o do Brian Ferry e David Bowie, e folk como Bob Dylan. Que é sinuoso como a dark wave do The Cure, Siouxsie & The Banshees, New Order. E que sou tão apaixonado quanto o aloprado e pretenso suicida Arnaldo Batista, o ex-Mutantes”, disse Sebage.

A cantora Natasha Aretha afirma que o estereótipo é algo que não atinge mais sua vida.

“Eu lido com esses estereótipos não me importando. O que é diferente e fora da caixa sempre vai incomodar. Porém, podemos ver que, hoje em dia, o rock tem se tornado tendência, está presente no estilo, na moda até mesmo de quem não curte”, contou ela.

Já Filipe Mariz conta que o rock é diverso demais para rotular ou criar um padrão. Segundo o artista, para os roqueiros, o que importa é a autenticidade.

“Ainda existe muito esse estigma, é difícil definir o que é uma atitude ‘Rock’, pois são diversos subgêneros e tribos dentro do rock. Acho que o mais importante é ser você mesmo, quer se vestir como seu ídolo? Vai lá! Pra mim, ser ‘rock’ é vestir a camisa do que se acredita, sem preconceito ou coisas do gênero, é uma das principais lições que o rock nos ensina”, disse ele.

VOZES FEMININAS

Mesmo com nomes femininos renomados dentro da cena rock, o machismo ainda dificulta a chegada das mulheres aos holofotes. Cada vez mais, as vozes femininas do universo rock vêm lutando por visibilidade e conquistando aos poucos um espaço.

“Ainda continuamos sendo minoria no mundo do rock, ainda vejo muito machismo, infelizmente, é difícil ser mulher e fazer o mesmo que os homens fazem sem provocar julgamentos. Já passei por certas coisas... como, por exemplo, minha banda não ser contratada para fazer um certo especial simplesmente pelo fato de uma mulher ser intérprete de um vocal masculino”, contou Natasha Aretha.

“É difícil, mas tem que continuar sendo forte, continuar conquistando nosso espaço e motivando outras mulheres a não desistirem do sonho de fazer sua arte. Fico muito feliz de ver que continuamos firmes e fortes no rock. Em Alagoas tem muita representante feminina”, completou.

“O machismo é uma mazela que atinge todas as áreas sociais do mundo. Não seria diferente com a música, o rock. The Runaways, banda feminina formada por mulheres em 1975, revolucionou o gênero na época. Atualmente, é bacana perceber que muitas mulheres se lançam com coragem em busca do que querem e fazem cada vez mais bonito nesse cenário que inspiram tantas outras mulheres através das suas letras e músicas e nos dão orgulho. Nos dias atuais, é cada vez mais comum bandas com mulheres tocando ou cantando e imprimindo sua verdade através da música”, disse Fernanda Bulhões.

PROGRAMAÇÃO

Para marcar o Dia Mundial do Rock, comemorado no dia 13 de julho, Maceió terá uma semana inteira de atrações inspiradas num dos mais populares gêneros musicais de todos os tempos. Os eventos ocorrem no Parque Shopping, no bairro Cruz das Almas.

Além da pré-estreia de “Elvis”, cinebiografia do Rei do Rock, que chega à telona do Cinesystem nesta quarta-feira (13), a Rock Week traz uma programação gratuita na Praça de Alimentação (piso L3), nos dias 13 e 14, das 19h às 22h, com uma série de pocket shows, apresentações, palestras, oficinas, workshops e exposições sobre o tema.

Já nos dias 15 e 16 de julho, o evento “Rock in Park” transforma o estacionamento do Parque Shopping Maceió em uma grande “Arena do Rock”, que contará com Vila Gastronômica, Rock Store e shows de bandas autorais alagoanas.

No dia 15, noite dedicada ao Rock autoral alagoano, a entrada é gratuita e serão arrecadados alimentos não perecíveis para instituições de caridade. Já no dia 16, o encerramento da Semana do Rock contará com dois palcos que receberão algumas das melhores bandas de Rock da cidade, como Alma de Borracha, Giramundo, Jam 80 e Sifrão, entre outras, tocando os grandes hits do Rock Nacional e Internacional. Os ingressos para este dia estão à venda na Guitar Tattoo (Parque Shopping), no Bar de Praia Caatinga Rocks (Ponta Verde) e na plataforma Sympla.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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