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Jurandir Bozo lança ‘AM Pros Pés’, primeiro álbum solo do mestre de coco alagoano

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| Foto: Divulgação

“Eu cheguei, Alagoas, eu cheguei para cantar, venho acompanhado da cultura popular” — É cantando versos assim que Jurandir Bozo, em 16 faixas que falam sobre ancestralidade, sentimento e resistência, apresenta o álbum ‘AM Pros Pés’, já disponível em todas as plataformas digitais. O primeiro projeto solo do mestre de coco de roda alagoano chega cercado por emoção e expectativa.

Misturando de forma lúdica a tradição com a contemporaneidade, o álbum, segundo o artista, é uma homenagem ao coco alagoano, a sua história e aos amigos que o acompanharam durante todo esse processo. Com quase trinta anos de carreira, neste novo trabalho o mestre Jurandir Bozo trouxe os trupés mais tradicionais, agradecimentos aos deuses e muita sabedoria popular. Um dos intuitos do álbum é divulgar e difundir toda a riqueza cultural que Alagoas possui.

De acordo com Bozo, ‘AM Pros Pés’ surgiu a partir de uma ideia central sua, mas contou com a ajuda de muitas mãos importantes para ele e para sua trajetória.

“Ele representa muita coisa, pelos mais diversos motivos. Um misto de satisfação, alegria, gratidão... De verdade, é um turbilhão de sentimentos, pois é meu primeiro projeto solo. Ao mesmo tempo, ele também é de tanta gente que acreditou em mim que não sei se posso afirmar com veemência que é solo, mas digo que é uma homenagem a muitos”, afirma Bozo.

TRADICIONAL E CONTEMPORÂNEO

“O disco fala de coco, mas de uma forma contemporânea, como manifestação artística cultural, como cultura popular, vivo, capaz de se comunicar com o tempo de agora e até mesmo com o amanhã. Não é sobre o coco como folclore, parado, quase morto. Partindo disso, ele fala de muita coisa, de amor, de amizade, de paixão, de respeito. As canções falam de forma muito pessoal com cada um, mas não posso deixar de dizer que é basicamente um disco de coco. Um disco de cultura popular, com arranjos artísticos mais atuais, uma junção da tradição com os tempos atuais”, conta.

O álbum tem músicas de Arnaud Borges, dos gêmeos Jefferson Júlio e Jonathan Silva, arranjos de Kaw Lima e participação do violonista Wilbert Fialho, Fagner Dübrown, Samia Miranda, Miran Abs, Rose Mendonça, Wanderlândia Melo, Kelly Baeta, Mestre Chau do Pife, Lucy Muritiba, Mel Nascimento e Gama Júnior. Além da participação de Julien Costa e Artur Finizola, recitando um poema, e Jéssica Euzébio, que recita um poema de Rafael Arley. As obras de ilustração são do Artista Sousa Maria, a arte gráfica é de Pedro Ivo Euzébio.

Com o coco de roda sendo cantado e brincado dentro dos terreiros, nas festividades juninas, nas rodas da cultura popular, ou nas periferias que abrigam os ensaios dos cocos estilizados, o trupé de coco é dançado desde a época dos festejos nos quilombos e se estende até a atualidade. E foi buscando formas de se reinventar e de ser eternizado na geração das redes que o álbum foi lançado inicialmente nas plataformas de streaming.

‘AM Pros Pés’ ainda terá seu lançamento físico, promete o artista, que informa que, por enquanto, é possível ouvir o álbum no YouTube, Deezer e Spotify. Segundo Mestre Bozo, mesmo com poucos dias e sendo um estilo ainda difícil de ser trabalhado e divulgado, o álbum tem sido bem recepcionado pelo público.

ENFRENTANDO DIFICULDADES

O artista conta que, mesmo com Alagoas possuindo um grande leque de manifestações artísticas e culturais, a falta de investimento ainda é um problema para os fazedores de cultura local.

Segundo o mestre do coco de roda alagoano, o álbum irá divulgar e difundir a cultura local, mas ainda é muito pouco, diante de toda história e da quantidade de mestres e cantadores alagoanos que não têm seus trabalhos publicados.

“Infelizmente, nós, fazedores de cultura, enfrentamos um descaso imenso. A falta de músicas de artistas populares da cultura alagoana nas plataformas digitais é o reflexo disso. Nosso material é algo raro, principalmente o mais tradicional. Isso é muito triste”, diz ele

“Espero que seja um começo e que, cada vez mais, tenhamos mais e mais materiais nas redes que mostram nossa cultura e identidade, nossa cultura popular de tradição e até mesmo nossa cultura autoral alagoana”, completa.

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