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Nº 5854
Caderno B

Grupos culturais celebram ‘Festa das Águas’ na Praia da Pajuçara

Em Maceió, grupos culturais tradicionais se apresentam na Praça Multieventos; evento é gratuito

Por Thauane Rodrigues* ESTAGIÁRIA | Edição do dia 08/12/2022 - Matéria atualizada em 08/12/2022 às 17h26

 

Foto: ASCOM FMAC
  

Flores, perfumes e muita fé, compõem o cenário do tradicional 8 de dezembro na capital alagoana. Unidas pela data e pela devoção de milhares de cidadãos, Iemanjá e Nossa Senhora da Conceição, anualmente, dividem as atenções dos religiosos de matriz africana e dos fiéis católicos.


Com Iemanjá sendo a divindade africana que domina os mares, o povo de axé historicamente leva sua festa até o seu reino, levando os saberes e celebração dos terreiros até as praias locais. Ao som dos atabaques, os religiosos de matriz africana entoam cânticos sagrados que enaltecem a senhora das águas salgadas e realizam a tradicional festividade.


Entregando presentes, agradecendo pelos bons acontecimentos e criando novas conexões de fé, diversos terreiros alagoanos se deslocam até a Praia da Pajuçara durante todo o 8 de dezembro para festejar Iemanjá. Vestidos de branco, fios de conta no pescoço e compartilhando axé, a orla é tomada pelas mais diferentes manifestações religiosas de matriz africana.


O babalorixá Wagner de Xoroquê é um dos líderes religiosos que leva sua comunidade do Ilê Axé Alaketú Sóhòke, do bairro do Eustáquio Gomes, para celebrar a rainha dos mares na Praia da Pajuçara.


“É uma tradição muito antiga e que não pode ser perdida. Para nós é uma data muito importante e que representa toda nossa luta contra a intolerância religiosa. Levamos oferendas que não agridem a natureza, e claro, muito ebô (milho branco) para pedir paz para todos nós”.


Para as oferendas de Iemanja, o babalorixá leva frutas, flores e comidas sagradas, evitando deixar plásticos ou objetos que prejudiquem a natureza. Acompanhado de sua casa matriz, o Ilê Axé Iemanjá Boamyn, que é dirigido pela Ialorixá Telma de Iemanjá, pai Wagner já dá continuidade à tradição ancestral há quase 8 anos, fazendo questão de levar os filhos para prestigiar a festa.


CULTURA AFRO PRESENTE


Além das celebrações religiosas, os grupos afro e os afroempreendedores locais também participam da festividade, fazendo acontecer a tradicional Festa das Águas. Durante os dias 7 e 8 de dezembro, 26 grupos se apresentam no palco da Praça Multieventos, sempre a partir das 16h.


Ontem (7), estiveram presentes os grupos Maculelê Mestre Josivaldo, Capoeira Brasil, Baianas Flor do Bairro, Capoeira Expansão Brasil, Baianas Ganga Zumba, Capoeira Zuavos, Banda Ogbom, Maracatu Baque Alagoano e Afro Zumbi. Luana Costa e Mel Nascimento também fizeram parte do primeiro dia de festa.


Já nesta quinta-feira (8), se apresentam após o xirê do Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê, os grupos Afojubá, Afro Dendê, Afoxé Ofá Omin, Afoxé Povo de Exu, Samba de Roda Kposu, Maracatu Raízes da Tradição, Afoxé Odô Iyá, Coração de Mainha, Afoxé Omim Omorewá, Afro Afoxé e Afro Mandela.


Presente desde a primeira edição da Festa das Águas, para o Afoxé Odô Iyá - o primeiro afoxé de Alagoas, estar presente no evento é sempre gratificante e uma forma de ajudar a manter viva a festividade tradicional. Com 22 anos de história, o grupo que se veste de azul e branco em homenagem à senhora dos mares preparou um repertório especial para o momento.


“Nós somos um grupo que temos Iemanjá como matriarca e estar na festa que enaltece aquela que nos protege é sempre um privilégio. Será mais um ano cantando, dançando e louvando nossa mãe com todo afeto e axé que nosso afoxé carrega, tanto que nosso nome já é uma saudação a senhora das águas salgadas”, afirmou Luh Turbantes, dançarina e coreógrafa do Afoxé Odô Iyá.


Para colaborar com o evento, as lojas afroempreendedoras Pretoberância, Olegário Turbantes, Vitória Bastos Artesanatos, Nobre Viver de Arte e D’nega estarão expondo seus produtos. Além deles, o sabor das comidas ancestrais estará sob responsabilidade do Odara Restaurante, Kitutu Comedoria, Pastel do Negão, Edineizia Doces e Salgados, Casa da Empada e Caldinho da Negona.


*Sob supervisão da editoria de Cultura

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