app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5881
Caderno B

Retrospectiva: veja os destaques culturais do ano de 2022

Protagonismo do audiovisual alagoano, a retomada definitiva dos espetáculos cênicos e o filme Deus Ainda é Brasileiro, do cineasta Cacá Diegues

Por THAUANE RODRIGUES (Estagiária)* | Edição do dia 02/01/2023 - Matéria atualizada em 02/01/2023 às 16h35

O ano foi marcado por resistência cultural, com a volta dos artistas aos palcos, aos sets de filmagem, aos estúdios, às ruas. 2022 contou com projetos culturais ousados, que ocuparam praças, bairros e cidades inteiras em Alagoas. Foi o ano do protagonismo do audiovisual, com produções locais sendo reconhecidas mundo afora.

Aqui não foi diferente, outro destaque do ano foi a filmagem do longa-metragem ‘Deus Ainda é Brasileiro’, do cineasta alagoano Caca Diegues. Cacá Diegues concedeu uma entrevista exclusiva ao Caderno B em meados de 2022 e, agora no final do ano, reuniu a equipe e movimentou Maceió e o sertão de Alagoas com a gravação do novo filme, que traz o ator Antônio Fagundes no papel de Deus.
Aqui, nas páginas do Caderno B, passaram nomes 

JANEIRO

O ano da retomada, após o período mais crítico da pandemia, começou com cancelamentos. Os shows de Xamã, da banda Titãs e do humorista Zé Lezin, que abririam a temporada de 2022 para os grandes eventos em Alagoas, foram cancelados em decorrência do aumento do número de casos de Covid-19. Isso, no entanto, não arrefeceu os artistas e produtores culturais. Muito mais estava por vir.

Correndo por fora, editoras independentes apostaram alto em autores alagoanos e em novas experiências envolvendo seus lançamentos, que priorizaram escritores e escritoras alagoanas e valorizam a diversidade. Em janeiro, as editoras Sapatilhas de Arame e Trajes foram destaque por aqui.

O ano também começou com uma grande homenagem ao cantor Djavan, que inspirou um clipe coletivo que mobilizou artistas de Alagoas, do Brasil e até do Japão, para celebrar os 73 anos do alagoano. De Alagoas, a homenagem contou com as vozes de Wilma Araújo, Silvio Ricardo, Carlinhos Maceió e Rodrigo Avelino, que também assinou o arranjo, violão, teclados e a programação eletrônica da faixa. O projeto foi idealizado pelo bloco Flor de Lis.



FEVEREIRO

Fevereiro foi o mês de refletir sobre os 110 anos da resistência do povo de terreiro alagoano que, mesmo com todo preconceito sofrido, ressignificam o 2 de fevereiro e o episódio sombrio que foi o Quebra de Xangô. Este ano, mais uma vez, eles transformaram a data em um momento para celebrar a memória e enaltecer a cultura negra.

Ainda falando sobre fatos históricos, o centenário da Semana de Arte Moderna também foi destaque no B. Em uma reportagem com artistas alagoanos foi possível descobrir as peculiaridades do modernismo em Alagoas e a repercussão da Semana de 22 no cenário local.  

Logo em seguida, mesmo com os avanços da ciência, o carnaval alagoano foi adiado mais uma vez, em decorrência do aumento do número de casos de Covid-19, por isso, foi preciso reviver na memória os carnavais de antigamente. 

O artista alagoano Jonathas de Andrade, de 40 anos, representou o Brasil na Bienal de Veneza, exibindo seu trabalho que transformava ditos populares, principalmente do Nordeste, em obras de arte.



MARÇO

As águas de março levaram o filme “Transversais”, do alagoano Emerson Maranhão, para Netflix, potencializando o protagonismo de pessoas trans e a presença do audiovisual nordestino no streaming. Alagoas também chegou às terras portuguesas, com os membros da Academia Alagoana de Letras que receberam um título honroso da Confraria Queirosiana.

Com o tema “A história e a contação de história”, a 4º edição da Feira Literária do Pontal da Barra homenageou o historiador Douglas Apratto e a escritora infanto-juvenil Rosana Mont’Alverne, e levou muita cultura e diversão para o tradicional bairro das rendeiras.

Infelizmente, nem tudo são flores. Em reportagem com o colecionador Claudevan Melo, descobrimos que Alagoas corre o risco de perder um raro acervo musical, com quatro toneladas de obras importantes do patrimônio musical do estado, muitas desconhecidas pela sociedade alagoana, devido à falta de interesse público. O problema persiste quase um ano depois.



ABRIL

Já Abril começou com todo gás. Após dois anos, as encenações da 'Paixão de Cristo' foram retomadas em Alagoas. 

Reabrindo as portas e revivendo sonhos adormecidos, a Casa da Arte ganhou vida novamente com a exposição de Tito Mendes dedicada à mãe, Edna Constant. 

Além disso, a Aliança Francesa celebrou a chegada dos 70 anos de existência, que festejou com uma exposição fotográfica cheia de afeto. 

Ainda no clima de comemorações, o Maracatu Baque Alagoano debutou, deixando registrado mais um marco na retomada dos movimentos de maracatu dentro do Estado. Seguindo com o clima de memória cultural, o mês também marcou o relançamento do último álbum de Juvenal Lopes, promovido pela Associação dos Forrozeiros de Maceió. 


MAIO

Entre idas e vindas, os amantes do Centro Cultural Arte Pajuçara viveram momentos de alegrias e angústias durante o mês de maio. Iniciando com a volta do tão amado Corujão, logo em seguida o público foi surpreendido pela ameaça de fechamento do local. Felizmente, tudo foi resolvido com a força e colaboração dos alagoanos.

Misturando arte e fé, o mês também foi marcado pelo lançamento do fotolivro de Jorge Vieira sobre a Lavagem do Bonfim de Maceió, realizada há mais de 20 anos pelos religiosos de matriz africana de Alagoas.

A comemoração do Dia Alagoano do Teatro, comemorado em 14 de maio, levou espetáculos de Maceió e do interior de Alagoas para o palco do Teatro Deodoro, decretando a retomada oficial dos espetáculos.

O cantor e compositor Bruno Berle também lançou o single “Quero Dizer”, que marcava uma nova fase da carreira do artista, que vem ganhando cada vez mais reconhecimento pelo Brasil.


JUNHO

Em junho, os corações quadrilheiros e dos amantes do forró e da cultura nordestina vibraram de felicidade. As quadrilhas voltaram e toda Alagoas foi tomada pelo espírito junino, tanto que o coco alagoano não ficou de fora e ganhou dia especial para ser dançado nas noites do BarZarte, no tradicional bairro de Jaraguá.

Os amantes do cinema também festejaram a retomada presencial do Festival Varilux de Cinema Francês, promovido pela Aliança Francesa de Maceió.

Infelizmente, a cultura popular também sofreu com o falecimento do cordelista e xilógrafo Enéias Tavares, também conhecido como Pica-Pau.

O mês terminou com a notícia de que 32 anos da comunidade LGBTQIA+ em Alagoas foram reunidos e registrados pelos escritores Elias Veras e Marcelo Nascimento, no livro “Orgulho LGBTQIA - Acervos, memórias e escritas de si - Alagoas (1990-2022)”.


JULHO

Julho, por sua vez, chegou com o encantamento e ensinamento ancestral do espetáculo 'As Meninas de Lá' do Coletivo Hetéaçã. Além disso, também teve o lançamento do álbum 'Amor Preto Cura', da alagoana Mary Alves. 

Durante o mês, também foram comemorados os 50 anos do Teatro de Arena. Falando em resistência, as meninas do Bumba Minha Vaca se destacaram, mostrando que o machismo não pode ter vez dentro da cultura popular.

Outro exemplo de protagonismo feminino foi o Festival Alagadiças, que contou com um time de mulheres artistas e gigantes em um evento feito para elas.

A Rede Globo gravou uma nova novela em Alagoas, com uma cidade cenográfica inspirada em Piranhas.

A rapper alagoana Alice Gorete participou da maior batalha de rimas do Brasil e disputou um prêmio de R$ 60 mil. Fez muito bonito!



AGOSTO

Começando com coletividade e solidariedade, o show "Águas de Julho" tornou a arte de fazer música em boa ação e ajudou famílias que foram atingidas pelas fortes chuvas do mês anterior.

O cantor Djavan lançou o álbum ‘D’, 25º álbum do artista alagoano. Com quase todas as músicas escritas em Alagoas, destacamos uma entrevista exclusiva com Djavan, que revelou seus processo criativo e a vontade de realizar o primeiro show do álbum em sua cidade natal, Maceió.

Por fim, a aventura de alagoanos que navegaram de Maceió ao Rio de Janeiro em uma jangada de pau completou 100 anos e foi relembrada com uma reportagem especial no Caderno B. 



SETEMBRO

O mês começou com a música 'Grande Poder', do Mestre Verdelinho, brilhando em rede nacional, na novela Mar do Sertão, da Rede Globo. Celebrando outro mestre da cultura popular, o Festival Manguaba ocupou as ruas do Jaraguá e homenageou seu Nelson da Rabeca.

Maceió teve uma sessão especial com a presença do diretor de ‘Marte Um’, que até então era o indicado do Brasil ao Oscar 2023. Não foi dessa vez, mas o filme é incrível!

Além disso, também festejamos os 100 anos do rádio e descobrimos os afetos e histórias dos profissionais e ouvintes. 

Infelizmente, setembro também foi marcado pelo falecimento de Mãe Vera, ialorixá alagoana que lutava pelos direitos das mulheres, do povo de terreiro e dos negros.



OUTUBRO 

Idealizado por Hélvio Gama, proprietário do Rex Jazz Bar, o projeto Som do Beco ocupou definitivamente o Beco da Rapariga, no bairro Jaraguá, com shows muito gostosinhos toda semana, bem no meio do bairro histórico.

Além disso, celebramos a chegada dos 50 anos do Coretfal, que apresentou o espetáculo ‘Festança’ para compartilhar alegria e festejar o jubileu de ouro.

O projeto Jazz Panorama ao Vivo chegou a sua 20ª edição e promoveu o encontro musical do Clube do Jazz Maceió com o saxofonista carioca Marcelo Martins, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira.

Diva do samba e uma das vozes mais marcantes da música brasileira, a cantora Alcione celebrou 50 anos de carreira em 2022 e, claro, tivemos uma super entrevista com a Marrom.

Com atrações locais, nacionais e internacionais, o 5º Festival de Música de Penedo ocupou os espaços públicos da cidade histórica e contou com shows de Guilherme Arantes e Derico Sciotti.

Lá no Sertão de Alagoas, na cidade de Santana do Ipanema, descobrimos o seu Roninho Ribeiro artista que transforma sucata em grandiosas obras de arte.

Uma das grandes perdas da cultura alagoana em 2022 ocorreu em outubro, com a morte do cantor, compositor, jornalista e agitador cultural Sebastião Jorge Lins Barbosa, o Sebage. 


NOVEMBRO

Novembro foi responsável por trazer novidades em vários setores culturais diferentes. Aconteceu o lançamento do livro que celebra os 100 do audiovisual alagoano e o relançamento do livro que revive as memórias e festeja o centenário do fotógrafo Japson Almeida.

Um dos grandes destaques do ano, o filme "Deus Ainda é Brasileiro", de Cacá Diegues, começou a ser gravado em Alagoas.

Os 112 anos do Teatro Deodoro proporcionaram vários dias de espetáculos gratuitos, muita arte e até feira agroecológica. O destaque fica para a participação do ator Paulo Betti na celebração. O artista, inclusive, nos concedeu uma entrevista exclusiva.

Emblemático, o também conhecido como 'novembro negro' movimentou a cena local com os eventos ligados à temática, como o Vamos Subir A Serra, o Saurê Palmares e a tradicional subida da Serra da Barriga no dia 20. 



DEZEMBRO

Movimentado, o mês que está terminando deu grande destaque ao audiovisual alagoano. Além da tradicional Mostra Sururu, que completou 13 anos de história, o curta-metragem da alagoana Lais Santos Araújo está apto para ser indicado ao Oscar. 

O escritor e historiador Douglas Apratto lançou 4 livros em edição especial do Projeto Chá de Memória. Mas a literatura se destacou ainda mais este mês, com o lançamento coletivo de dezessete obras de autores alagoanos, de escritores clássicos a nomes destacados da literatura contemporânea. O evento foi idealizado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.

Para os religiosos de matriz africana o mês foi memorável. Quatro sacerdotes alagoanos receberam o título de Doutor Honoris Causa em Recife.

Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte e exibe mais de 80 obras em exposição na galeria do Teatro Deodoro. Inclusive, vale muito ir lá conferir!

Além disso, o mês também contou com a comunidade cultural desaprovando e repudiando a declaração do ritmo Brega Funk como Patrimônio Cultural e Imaterial de Alagoas.

Mais matérias
desta edição