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Nº 5759
Caderno B

Documentário resgata memórias da Fábrica de Tecidos Norte Alagoas

‘Memórias por um fio’ de Ivana Iza e Thiago Laion traz relatos da família proprietária e dos profissionais que fizeram a história do bairro Saúde

Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 04/01/2023 - Matéria atualizada em 04/01/2023 às 16h12

 

Foto: TONY ADMOND
 


Revivendo memórias e sentimentos dos moradores que fizeram parte do antiga Fábrica de Tecidos Norte Alagoas (Companhia Fiação e Tecidos Norte de Alagoas), o documentário ‘Memórias por um fio’, de Ivana Iza e Thiago Laion, traz para a público relatos de quem fez parte da história de Alagoas, por meio de uma das fábricas têxteis mais importantes do Nordeste.


Por meio de sete entrevistados, o filme mostra o “céu na terra” que era a vila operária que abrigava mais de 300 casas, 700 funcionários e, hoje em dia, abriga o local conhecido como Saúde, no bairro Ipioca, em Maceió.


Motivados pela perspectiva de olhar a importância da memória local, Ivana e Thiago foram instigados pela inquietação. O desconhecimento da população alagoana em relação à história das atuais ruínas da fábrica foi o motor que impulsionou a produção.


“Ele demonstra a fragilidade da nossa memória enquanto alagoanos, por que a Fábrica da Saúde tem uma importância econômica e imensa para a história de Alagoas, foi uma das fábricas têxteis mais importantes do Nordeste, quiçá uma das maiores do Brasil”, afirma Ivana Iza.


Thiago Laion conta que ao conhecer a história da fábrica, conseguiu perceber que a ela sempre esteve ligada ao seu cotidiano. O diretor relembrou que alguns familiares já tinham frequentado o local e que pessoas próximas de sua família já tinham trabalhado na fábrica e no entorno.


“Todo mundo tem uma relação com aquela fábrica, eu já tinha ouvido falar sobre ela, é uma coisa que está ligado à gente sem nem a gente saber. Só me dei conta disso quando Ivana chegou com a proposta”´, revela Laion.


Os dois diretores contam que o processo de produção do documentário fluiu de uma forma impressionante e que mesmo com as dificuldades, devido à gravação ter acontecido durante a época da pandemia, cada passo dado reafirmava a certeza de que eles precisavam contar aquela história.


Thiago recorda que as coisas aconteceram de forma natural, que tudo começou muito no escuro, mas, aos poucos, foi clareando e se encaixando, tanto que o garçom de um restaurante próximo do local foi o responsável por indicar um dos entrevistados do documentário.


“Estávamos almoçando, quando o garçom perguntou o que nós estávamos fazendo pelas redondezas, contamos que estávamos gravando um filme sobre o bairro da Saúde e logo em seguida ele comentou que o pai dele havia sido gerente da fábrica. Tudo foi surgindo de maneira orgânica.”


Com os relatos de Amaury Leite, Aloísio Nogueira, Antônio Nogueira, Elusa Brandão, Iracy Wanderley, João Batista e José Paulino foi possível conhecer um pouco mais da dinâmica da fábrica que fechou as portas há quarenta anos. De acordo com Thiago, os depoimentos foram todos espontâneos e cada um fez referência ao papel que desempenhava dentro da fábrica e da vila operária.


“O que nós mais prezamos nesse documentário foi olhar para a memória e a imagem do trabalhador, o que não é muito feito. Normalmente, os documentários são feitos a partir de uma ótica única e exclusiva do proprietário. A gente desejou neste documentário um olhar mais genuíno, o olhar do trabalhador, pois ele é quem faz a fábrica acontecer e gera toda potência daquele empreendimento”, ressaltou Ivana Iza, diretora do filme.


Ganhando destaque na Mostra Sururu de 2022, o documentário, que é dedicado ao cineasta Pedro da Rocha e ao jornalista e cenógrafo Beto Leão, contou com a produção da Laion Studio; a produção executiva e direção de arte de Ivana Iza, que também assina roteiro e direção, juntamente com Thiago Laion; montagem e desenho de som de Glauber Xavier; trilha sonora de Mirian Abs; gravação e mixagem de Dácio Messias; direção de fotografia de Thiago Laion; assistência de produção de Arnaldo Ferju; argumento de Tainan Costa e fotografia still de Tony Armond.


*Sob supervisão da editoria de Cultura

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