PADROEIRA DA LIBERDADE
Morre Rita Lee Jones, maior estrela do rock brasileiro
Artista foi ícone dos Mutantes e morreu aos 75 anos


“Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkkk’”. — Com o estilo que lhe era peculiar, direto e irreverente, Rita Lee falou sobre a própria morte em sua autobiografia. A obra narra, com o mesmo sarcasmo, como foi a vida da maior estrela do rock brasileiro, as travessuras, polêmicas, o abuso de álcool e drogas, a lucidez, a altiva luta contra o câncer. Tudo o que fez de Rita Lee Jones uma artista única que dominava, para além do seu ofício, a arte de viver.
Rita Lee morreu no final da noite da segunda-feira (8). O anúncio, no entanto, pegou a todos de surpresa na manhã de ontem (9). A artista tinha 75 anos e enfrentava um câncer desde 2021. Dessa época em diante, passou a viver mais reclusa, no interior de São Paulo.
O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera. A cerimônia ocorre nesta quarta-feira, dia 10, das 10h às 17h, conforme informou a família por meio de uma publicação na página da cantora no Instagram.
Nascida em São Paulo em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee Jones era filha de pai dentista e tinha avós imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs.
Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals. A fama estourou quando, com os Mutantes, grupo formado em 1966, com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez?na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop rock com grande sucesso, se tornando a trilha sonora de gerações distintas e, principalmente, da rebeldia de quem entende que a vida é mais que pagar contas.
Leonardo Araújo tem 27 anos e é fã da rainha do rock nacional desde a infância. Ele conta que foi seduzido por Rita Lee por vê-la esbanjar a ousadia e a coragem que todos deveriam ter diante da vida. “E isso aparecia em suas músicas. A perda é gigante, ainda mais hoje, quando quase ninguém, na música brasileira, se propõe a trilhar um caminho de liberdade e rebeldia, como ela trilhou. Hoje é tudo água com açúcar, o Brasil precisava da Rita Lee”, opina o fã.
Entre os diversos artistas que lamentaram a morte de Lee está o alagoano Djavan, que está em turnê com a turnê do disco ‘D’, seu álbum mais recente. Para o artista de Maceió, Rita Lee era um ícone nacional, por sua força e talento.
““Rita Lee nos presenteou com canções que vão ficar pra sempre no imaginário de todos os brasileiros. Todo carinho aos filhos, família, amigos e fãs da grande rainha do rock brasileiro. Viva, Rita Lee!”, postou Djavan em suas redes sociais.