LÍRIOS, ROSAS E OUTRAS FLORES
Fotógrafa alagoana Gabi Coêlho lança sua primeira exposição individual
Mostra "Lírios, Rosas e outras Flores" está disponível na Galeria de artes do Sesc Arapiraca

Criada no período de reclusão, onde a criatividade foi ativada e a vontade de ser “muito mais que uma selfie” surgiu, a exposição “Lírios, rosas e outras flores”, primeira mostra individual da fotógrafa e artista visual Gabi Coêlho nasceu trazendo uma série de autorretratos envolvendo a fotografia expandida. A exposição estará disponível para visitação do dia 20 de julho até 31 de outubro, na galeria de artes do Sesc Arapiraca.
Com 10 imagens, selecionadas pela curadoria de Karla Melani, “Lírios, rosas e outras flores” é, para Gabi Coêlho, um marco em sua trajetória profissional. A fotógrafa deu os primeiros passos na fotografia em 2014, mas apenas em 2018 começou a explorar com mais força o mundo da fotografia autoral e criar conceitos. A partir disso, Gabi iniciou participando de exposições coletivas, para aguardar o momento considerado certo para expor individualmente pela primeira vez.
“Em tempos de isolamento como aqueles, em que muitas vezes ficamos restritos à comunicação via telas e redes virtuais, eu queria ser mais que uma selfie, mais que uma foto passada num milésimo de segundos. Queria atravessar as pessoas causando algo, mesmo que fosse um breve desconforto. Como eu já trabalho com fotografia autoral há algum tempo, as imagens já nascem buscando uma forma de ganhar o mundo, então, virar uma exposição é um desdobramento quase que natural”, contou ela.
“A maioria dos artistas não espera tanto pela sua primeira individual, mas eu quis esperar. Já participei de diversas exposições coletivas, mas queria que minha primeira individual acontecesse num momento de maturidade para mim, para o meu trabalho. E está acontecendo agora, exatamente no momento que deveria. E, bem, aqui estamos nós, algum tempo depois, com o meu sonho realizado exatamente como eu imaginei”, completou a artista.
De acordo com Gabi, para fazer a mostra “Lírios, rosas e outras flores” foi preciso buscar inspiração nas mais variadas fontes de linguagens artísticas, principalmente na poesia, tanto que cada obra é interligada a um poema, que poderá ser encontrado no catálogo da exposição.
Com o despertar para o mundo das artes acontecendo muito cedo, muito antes de arriscar a fotografia, Gabi trouxe para a exposição uma forma das pessoas conectarem as imagens à literatura, assim como foi sua criação. A artista, que um dia já pensou em ser escritora, cresceu vendo a paixão do avô e da mãe pela fotografia e o pai sendo muito ligado à literatura e à música, dessa forma, em “Lírios, rosas e outras flores” é possível encontrar poemas de Fernando Pessoa, Jorge Luís Borges e outros autores se interligando às imagens apresentadas.
“Cada trabalho tem um processo diferente para mim. Normalmente, eu escolho materiais ordinários com os quais quero trabalhar um dia, mas não sei exatamente como. Levo para casa e deixo eles criarem poeira até o dia em que decido usá-los. Foi assim com as tintas usadas em Lírios. Então, eu quis ressignificar as fotografias de trabalhos anteriores usando tinta. Fiz as intervenções e busquei poemas que acreditei conversarem com cada uma das imagens”, contou Gabi.
Com altas expectativas para que o público descubra tudo o que foi produzido no íntimo do seu ateliê, Gabi torce e pede para que as pessoas conheçam a exposição de coração aberto, sem expectativas, mas prontas para sentir algo.
“Eu falo muito que não me importo que as pessoas achem meu trabalho bonito, pois eu não acredito que a função da arte seja só trazer beleza. A arte pode e deve inquietar. Então, eu puxo essa expectativa para mim, eu quero tocar as pessoas. Quero ver a reação das pessoas diante do meu trabalho, mesmo que a reação das pessoas seja dar de ombros para o possível incômodo”, disse ela.
Já pensando no futuro, a artista pretende seguir caminhando da forma que tem caminhado ao longo dos últimos cinco anos, produzindo e conectando as obras às pessoas. Além disso, segundo ela, uma nova exposição pode vir, com uma proposta completamente diferente, mas, dessa vez, em Maceió.
* Sob supervisão da editoria de Cultura.