Festival Varilux chega a Maceió com 19 filmes franceses inéditos
Obras premiadas em festivais internacionais e aplaudidas por público e crítica chegam às telonas do Cinesystem e do Arte Pajuçara
Por Maylson Honorato | Edição do dia 08/11/2023 - Matéria atualizada em 08/11/2023 às 17h34
Há catorze anos, o Festival Varilux de Cinema Francês celebra no Brasil a língua, a cultura e a cinematografia do berço da sétima arte no mundo. Consolidado como o maior festival de cinema francês fora da França, o Varilux tem sua 14ª edição em Maceió e exibe 19 longas-metragens recentes, além de dois clássicos franceses. A mostra começa nesta quinta-feira (9) e segue até o dia 22 de novembro.
Talvez a diversidade temática e de gêneros explique o sucesso do festival em Alagoas, pois o fato é: o Varilux é aguardado pelo público que anualmente comparece às salas de cinema do Centro Cultural Arte Pajuçara e da Rede Cinesystem de Cinema. Esse gosto alagoano pela produção francófona faz com que Maceió sempre figure entre as 30 cidades com maior média de público da mostra, que este ano ocorre em 50 cidades brasileiras, com exibições em 94 salas de cinema.
Para Marcos Sampaio, diretor do Arte Pajuçara, o sucesso vem da relevância do cinema francês no mundo inteiro e da tradição que o Festival Varilux se tornou em Alagoas.
“É um festival consolidado no País e que cresce a cada ano, chegando a cada vez mais cidades. É importante para Maceió recebê-lo, ainda mais porque temos esse público cativo e que aguarda a chegada do Varilux para conferir o que há de mais atual no cinema francês.
PASSION
Este ano, a mostra leva às telonas filmes premiados e aplaudidos pelo público e pela crítica mundo afora, o que acaba por traçar um panorama do cinema francês atual, com sua diversidade e também identidade inconfundíveis. Além dos longas recentes, há dois clássicos na programação. São filmes para todos os gostos: animação, drama, comédia, suspense e romance. A maioria das películas é inédita no Brasil e integraram festivais como Cannes, Toronto e Biarritz.
O cinéfilo Lúcio Amaral diz que é apaixonado por cinema francês. O alagoano nasceu no interior e conta que a primeira vez que foi a uma sala de cinema, assistiu a um filme do Festival Varilux. “Eu vim para Maceió, ainda não morava aqui, e fui ver ‘Eu, Mamãe e os Meninos’, no Cinesystem, em 2013 ou 2014. Pronto, depois dali eu fiquei apaixonado por ir ao cinema e pelo cinema francês. Todo ano eu estou lá, batendo ponto no festival”, afirma.
E é essa paixão do público e as histórias entrelaçadas ao festival que continua impulsionando a iniciativa, enfatizam os diretores e curadores da mostra, Christian e Emmanuelle Boudier.
“O festival Varilux continua sendo a ferramenta mais estratégica para manter viva a paixão do público brasileiro pelos filmes franceses. Os espectadores sempre receberam com entusiasmo nossa programação e aguardam com ansiedade as datas do festival. O papel do Varilux é promover o cinema francês em todo o país e apoiar o trabalho dos distribuidores locais. A queda na audiência média das produções brasileiras e estrangeiras nos cinemas é estimada em 80% em 2023. Todos nós, que atuamos no audiovisual, trabalhamos para reverter esses números”, concluem.
ESTÁ IMPERDÍVEL
Entre os filmes inéditos no Brasil, selecionados para este ano, está o longa “Anatomia de um Queda”, de Justine Triet, ovacionado no Festival de Cinema de Cannes. O longa mostra a investigação de uma morte em circunstâncias suspeitas e tem como protagonista a atriz Sandra Hüller, vencedora do Urso de Prata da melhor atriz para sua atuação no filme “Requiem” em 2006.
Já “Making Of”, de Cédric Kahn, conta uma filmagem que sai dos trilhos, cheia de ideias, sentimentos e surpresas. No elenco, os atores Jonathan Cohen, Denis Podalydès e Stefan Crepon. Graças ao festival, o filme poderá ser assistido no Brasil antes da França, onde está programado somente para janeiro de 2024.
No papel de um casal que se muda para uma aldeia galega para se conectar à natureza, os franceses Denis Ménochet, Marina Fois protagonizam “As Bestas”, sob a direção do espanhol Rodrigo Sorogoyen - o longa foi apresentado na mostra Première no Festival de Cannes de 2022 e recebeu Prêmios Goya e Prêmios CEC em 2023 de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme 2022.
Integrante da competição oficial de Cannes desse ano, “Culpa e Desejo” marca o retorno de Catherine Breillat, após uma pausa de dez anos na direção (seu filme anterior, “Uma Relação Delicada”, com Isabelle Huppert” foi realizado em 2013). O drama conta com Léa Drucker no papel principal e a trama mergulha na intimidade provocante e erótica, tendo como pano de fundo um escândalo familiar.
Terceiro longa-metragem de Anna Novion, “O Desafio de Marguerite” estreou na seção de exibições especiais do Festival de Cannes 2023 e também foi destaque na 1ª edição do Festival Internacional de Cinema de Biarritz. Estrelado por Ella Rumpf, acompanha a saga de uma jovem que atua na matemática de alto nível, mas decide dar uma guinada e começar tudo de novo.
“O Astronauta”, novo filme de Nicolas Giraud, dá aos espectadores uma tentadora visão interna sobre a indústria espacial. Além da direção, Giraud também interpreta o personagem central, um engenheiro de aeronáutica que se dedica por anos a um projeto secreto.
Já entre os clássicos, o destaque é “O Desprezo”, de Jean-Luc Godard, um drama de 1963 – com a sétima maior bilheteria daquele ano, sendo recorde do próprio diretor. É aclamado pela crítica, considerado um dos melhores filmes de Godard e da Nouvelle Vague.
ALIANÇA FRANCESA
Em todo o país, o festival conta com a parceria da Aliança Francesa, que viabiliza as exibições. Nacionalmente, o Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, a Pernod Ricard/Lillet e a Transportadora Associada de Gás (TAG), além do Ministério da Cultura.