Operação Maligno
Cinco cooperativas estavam envolvidas em esquema de fraude
Grupo criminoso desarticulado pelo Ministério Público Estadual desviou mais de R$ 240 milhões de 20 prefeituras

Cinco cooperativas estão envolvidas na organização criminosa especializada em fraudes na administração pública que desviou mais de R$ 240 milhões no estado. A informação foi passada pelo Ministério Público de Alagoas, durante uma coletiva à imprensa nesta sexta-feira (17).
As cooperativas fazem parte do grupo criminoso desarticulado durante uma operação realizada nessa quinta-feira (16), em Alagoas e Pernambuco.
Disfarçada de cooperativas de prestação de serviços, a organização oferecia diversos serviços ligados à administração pública, como coleta de resíduos sólidos, limpeza de vias públicas e contratação de profissionais para diversas funções. Tudo isso era parte de um esquema destinado ao desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito dos envolvidos.
“Estamos verificando quais outros municípios contrataram essa e as outras cooperativas que estão atreladas a ela, fazendo o mesmo esquema de colocar pessoas sem concurso público nas prefeituras conforme indicações, gerando essa fraude em que o dinheiro vai parar com particulares”, comentou o promotor de Justiça Klever Valadares.
Cinco pessoas foram presas durante a operação acusadas de peculato, fraude em licitações e contratos, falsidade ideológica, desvio e lavagem de dinheiro público, dentre outros ilícitos penais.
Segundo as investigações, o grupo firmou contratos milionários com 20 municípios de Alagoas, movimentando R$ 243 milhões entre outubro de 2020 e março de 2023. O líder da quadrilha, o advogado Frederico Benigno Simões, segundo o MP, comprou um Porsche vermelho, modelo Carrera 911 e ano 2021, do ex-jogador Daniel Alves.
O veículo, avaliado em R$ 828 mil, foi apreendido em Petrolina (PE), onde mora o suposto líder do grupo que foi preso. O carro foi comprado e recebido pelo suspeito, mas ainda está no nome do jogador e não foi transferido para posse oficial da quadrilha.
A operação, intitulada Maligno, cumpriu um mandado de prisão em Maceió, três em Petrolina e mais um na cidade de Japaratinga, no Litoral Norte de Alagoas. Oito mandados de busca e apreensão também foram executados nas mesmas localidades.
O Ministério Público informou que ainda conseguiu que a 17ª Vara Criminal da Capital determinasse o bloqueio e sequestros de bens dos denunciados no valor de R$ 46 milhões.
Além do advogado foi presa a esposa dele, Hianne Maria da Costa Pinto, Alisson Barbosa Freitas, Betuel Ferreira de Souza e Silvano Luiz da Costa.
Foram descobertos contratos estabelecidos com os municípios de Cajueiro, Quebrangulo, Porto de Pedras, Feira Grande, Pindoba, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Mar Vermelho, Porto Real do Colégio, Pão de Açúcar, Estrela de Alagoas, Tanque d’Arca, Porto Calvo, Taquarana, Poço das Trincheiras, São Luís do Quitunde, Limoeiro de Anadia, Senador Rui Palmeira, Chã Preta e Flexeiras. Tais contratos foram firmados por meio de licitações por “carona”, ou seja, através de atas de adesão ao registro de preço, modalidade licitatória que facilita a contratação.
“MESADAS”
O promotor de Justiça Frederico Monteiro disse que não há investigação em andamento contra agentes públicos, mas há indícios de que secretários recebiam “mesadas” das cooperativas investigadas. “Há indícios em alguns municípios de que talvez exista uma espécie de apadrinhamento político em algumas contratações, uma espécie de mesada para algum secretário, mas é inicial”, ressaltou.