CLUBE DO VINIL
Evento voltado à escuta analógica de música acontece nesta quarta-feira
Encontro, que acontece na Ufal, vai promover debate sobre maneiras de ouvir música e audição de álbuns selecionados


O auditório no prédio A do curso de Comunicação Social (COS), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), abre um portal de viagem no tempo nesta quarta-feira (30), com o Clube do Vinil, um evento que traz rodas de conversas e discussões sobre as formas de ouvir música, além da audição de álbuns selecionados e até sorteio de discos. Na mesa-redonda, estarão presentes os professores Victor Pires e Laís Falcão, que também contam com a presença de Jailson Alvim, apaixonado por vinil e dono da Solar Discos, referência na venda de LPs. A mesa-redonda será mediada pelo estudante de Jornalismo Pedro Vermelho. O evento é gratuito, tem início às 19h, e é aberto ao público, mas é necessário fazer um cadastro no portal Doity para garantir uma vaga.
A barreira entre a geração que nasceu com fones de ouvido e streamings de música vem sendo quebrada aos poucos. Mesmo aqueles que nasceram na era da tecnologia têm buscado cada vez mais as formas como seus pais e avós faziam para curtir uma boa música. Mas não basta ouvir: como diz Pedro Vermelho, estudante de Jornalismo e colecionador de discos de vinil, a experiência vai muito além da audição.

“Além da qualidade sonora do disco de vinil por si só, o ritual de garimpar, abrir o encarte e muitas vezes receber discos com dedicatórias para outras pessoas, são experiências fundamentais para a minha escuta. Espero que o público enxergue o consumo de discos de vinil como um resgate da história da música, um hábito afetivo de ter seu disco preferido em mãos e se debruçar sobre sua história, seu design, suas letras”, diz o estudante.
Pedro Vermelho, que será o mediador do evento, coleciona vinis há pelo menos cinco anos. Segundo a professora Dra. Laís Falcão, especialista em gestão de mídias digitais e pesquisadora da MPB, essa interação entre professores, alunos e entusiastas mostra a diversidade interessada no antigo disco.
“Entre os próprios alunos temos gerações diferentes, e dois colecionadores, um deles é Pedro Vermelho, que será o mediador do evento. Alguns já tiveram contato com discos de vinil e outros que o projeto fez com que conhecessem essa mídia sonora física e analógica. Além disso, os convidados palestrantes da mesa também são de gerações diferentes e com experiências diversas com os discos de vinil”, diz a professora.

A ideia de fazer a escuta no evento supera o simples efeito de adicionar uma experiência aos participantes. De acordo com a professora Laís, o disco de vinil, analógico, possui uma qualidade de áudio superior quando comparado ao digital.
“A escuta no disco de vinil proporciona uma escuta com maior qualidade de áudio, e é isso também que muitos ouvintes de música buscam nessas ‘bolachas’, como também são chamados. Os formatos de arquivo de áudio digital mais utilizados nas plataformas de streaming, como MP3 e AAC, comprimem o áudio e oferecem menor qualidade sonora se comparado ao som do disco de vinil, mesmo o vinil sendo suscetível a ruídos”, explica.

Além da professora Laís Falcão, outro convidado para a mesa-redonda é o professor Dr. Victor Pires, pesquisador e membro do Laboratório de Análise de Música e Audiovisual da Ufal. Por meio de sua área de atuação, Victor leva uma visão única sobre nossa forma atual de consumir música.
“A minha pesquisa acaba se conectando com essa proposta muito por conta de pensar as práticas de escuta. De pensar como, muitas vezes, as práticas de escuta musical estão sendo cada vez mais contaminadas por esses aspectos, digamos assim, não musicais da música: tecnologias, modos de escuta, articulação com certas biografias dos artistas”, reflete Victor.
Mas, assim como reflete o mediador Pedro Vermelho, Victor também traz a questão da prática de adquirir esses discos, fazendo um panorama acerca de buscar aquilo que é tangível para adquirir o intangível: a música.
“Pensar que o vinil hoje em dia está vendendo e talvez seja a mídia física mais vendida, em tempos onde a gente tem debatido cada vez mais essa desmaterialização da música a partir das plataformas digitais. A gente fala sobre produto numa época em que tem entendido cada vez mais a música como quase um serviço, assim, a lógica do streaming, como o Spotify”, afirma.

Unindo o conhecimento do mundo de vendas às reflexões teóricas sobre música e cultura, Jailson Alvim, apaixonado por discos de vinil desde criança, acrescenta sua visão a partir de seu sebo Solar Discos, uma referência no segmento dedicado à venda de vinil.
“Cada um dos três convidados trará sua própria perspectiva acerca do consumo de discos de vinil: Jailson a partir da perspectiva das vendas; Victor a partir de seus estudos sobre escuta conexa - dessa vez voltado para a escuta de discos de vinil; e Laís com seu conhecimento sobre discos e MPB. As discussões, portanto, perpassarão na área que cada convidado tem mais intimidade, mas outras questões mais gerais em relação ao consumo de discos e gosto musical de cada um também serão levantadas”, explica Pedro, o mediador.
O Clube do Vinil ainda está em sua primeira edição, mas a ideia é que este encontro se repita no semestre que vem, instigando cada vez mais admiradores da música e de suas mais diversas formas de ouvir. Os participantes ainda terão a chance de concorrer a discos que serão sorteados durante o encontro. O evento será realizado hoje, quarta-feira (30), às 19h, no bloco A do prédio de Comunicação Social (COS), na Ufal. Os interessados devem fazer o cadastro gratuitamente no portal Doity.