AGRESTE PSICODÉLICO
Banda Quiçaça mistura coco, reggae, rock e cordel em novo EP
‘Dichavadores de fumo de Arapiraca’ estreia nesta quinta (8) nas plataformas digitais


A música da banda Quiçaça não se escuta apenas: ela se atravessa com ouvidos atentos. “Dichavadores de fumo de Arapiraca” é o novo álbum do grupo e desembarca nas plataformas no dia 8 de maio. A proposta é um transe coletivo atmosférico. É som de terreiro, de quintal, de poeira. Rito, viagem e reza. A produção é caprichada, em mais uma amostra da potência agrestina na música alagoana.
Natural de Arapiraca – cidade onde o fumo é que cultiva histórias de gente –, a banda une coco, reggae, rock e psicodelia a cantos de trabalho e evocação mística. São seis faixas que firmam Quiçaça como uma das vozes mais inventivas da cena alternativa contemporânea. O disco é bruto como raiz, mas delicado como reza de beirada de rede. Um nordeste profundo emerge da mistura de tradição oral, crítica social, mitologia e poesia de chão batido.
A faixa “Carrego”, que abre o álbum, ganhou um videoclipe dirigido por Rodrigo Cruz, com direção de fotografia de Iago Caíque e e câmera e making of de Wesley Barros. “Carrego” é um hino de resistência popular, retrato da lida diária de quem sobrevive puxando o peso do mundo – mandioca, silo, palma, tambor d’água, barrão pra feira – com o mesmo peito que puxa a vida. O clipe mergulha no cotidiano de Arapiraca, entre carroças, animais, poeira, suor e poesia. Gravado entre as Craíbas e a Folha Miúda – onde o sertão começa e o agreste termina – o audiovisual é um retrato fiel de quem constroi caminhos sem precisar de asfalto.

Produzido pela própria banda, formada por Ruan Mello, Rodrigo Cruz, Ricardo Evangelista, Janu Leite e Gleyson Matheus, ao lado de Joaquim Prado, também responsável pela mixagem, o álbum conta com participações de Mestres da cultura popular: Mestre Nelson Rosa, as Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Luiz de Assis (da banda Vibrações). A masterização é assinada por Júnior Evangelista.
Há cordéis lisérgicos e encantarias. Matinta Pereira sussurra entre versos, assim como carpideiras, carroceiros, agricultores, benzedeiras. “É uma obra ancestral, mas contemporânea; regional, mas universal; bruta, mas poética”, resume o grupo.
Quiçaça, como o nome diz, brota no descuido – nos quintais, entre rachaduras, no que sobra do tempo. E como planta insistente, canta o que persiste: o cheiro do barro, o som da enxada, o lamento abafado de uma reza antiga.
A obra do grupo está disponível nas plataformas digitais, como Spotify, Deezer e YouTube. O novo álbum estreia no dia 8 de maio. Também é possível acompanhá-los pelo Instagram: @quicaca_banda.