22 e 30 DE MAIO
Dêza retorna a Alagoas com show em homenagem a Djavan
Artista se apresenta em Maceió e Arapiraca com espetáculo que marca nova fase da carreira e reflete sobre raízes, saudade e permanência


O cheiro do mar e da cidade. O calor que não abranda. A esquina familiar da adolescência. Para Dêza, voltar a Alagoas é reencontrar o lugar onde cresceu, em um movimento de reconexão com o que permanece depois dos encontros e despedidas de quem sai daqui para voar lá fora. Radicada em São Paulo, a cantora e compositora alagoana volta ao estado para apresentar o show “Dêza canta Djavan”, uma homenagem ao conterrâneo que, para ela, sempre foi inspiração e chão.
A apresentação chega ao Teatro Jofre Soares, em Maceió, no dia 22 de maio, e ao Teatro Hermeto Pascoal, em Arapiraca, no dia 30. No repertório, clássicos como Flor de Lis, Samurai e Oceano, entre outras canções que ganharam novas camadas afetivas na voz de Dêza, que se reconhece no caminho trilhado por Djavan: um artista que, como ela, saiu de Alagoas para firmar carreira no Sudeste e alcançou reconhecimento a partir de uma sonoridade genuinamente brasileira.
“O projeto nasceu em São Paulo, num momento em que eu buscava um elo entre minha história e a cidade. A música de Djavan foi esse elo. Me reconectava com quem eu sou, com minhas origens”, conta Dêza. No palco, ela é acompanhada por uma banda formada por músicos também alagoanos: Dinho Zampier (teclado), Allysson Paz (bateria), Fabinho Oliveira (baixo) e Toni Augusto (guitarra). Um retorno que é também um reencontro coletivo.

Na voz de Dêza, os arranjos ganham outro fôlego. A escolha de homenagear Djavan vem dessa admiração estética e musical, mas também desse reconhecimento simbólico detalhado pela artista: ele representa, segundo ela, a possibilidade de construir uma carreira autoral e consistente, sem perder o vínculo com as raízes. “Ele é mestre, cantor, compositor, dono da própria editora. Um espelho enorme para quem, como eu, está construindo algo de forma independente, com as próprias mãos”.
Criada entre Arapiraca, Feira Grande e Maceió, Dêza soma anos de estrada musical. Com o disco Desanuviar e os singles Maria Marisqueira e Mulher Reverenciada, todos disponíveis nas plataformas digitais, ela é uma voz potente da nova cena da MPB. Já cantou com Ivete Sangalo em Nova Iorque e foi finalista do projeto internacional Avon Voices, que selecionou artistas de nove países. Em São Paulo, entre idas e vindas desde 2008, amadureceu artisticamente e iniciou uma nova fase como artista independente, produtora e gestora da própria carreira.
“Cantar Djavan é, para mim, cantar o Brasil. Mas é também afirmar de onde eu vim. Quando estou longe de Alagoas, as músicas dele me fazem lembrar de casa — me dão coragem. Uma delas, ‘E que Deus me ajude’, me fez sair daqui e ir gravar em São Paulo. Não é fácil sair, e mais difícil ainda é se manter lá. Mas essas canções eram o meu refúgio”, revela a cantora.

O projeto estreou em São Paulo, em 2023, com apresentações em espaços como o Sesc Pompeia. Agora, volta ao estado como uma espécie de ciclo que se fecha — ou talvez se reinicie. Em Maceió e Arapiraca, Dêza reencontra públicos que a viram crescer e vê, nas canções, a chance de um reencontro imprescindível. “Quando eu cheguei em Alagoas dessa vez, fui ao mercado de artesanato buscar umas coisas pro cenário e senti o cheiro da cidade. Alagoas tem cheiro. E cantar Djavan aqui é como cantar esse cheiro também, essas pequenas coisas que fazem nosso lugar, nosso. Graças a Deus eu sou alagoana”.
A iniciativa é realizada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, por meio do governo federal e da Secretaria de Estado da Cultura e da Economia Criativa de Alagoas. A entrada é simbólica: 1kg de alimento não perecível, destinado ao programa Sesc Mesa Brasil.
Além dos shows na capital alagoana e no Agreste, Dêza promete novidades ainda para este ano. Enquanto isso, canta Djavan, até mesmo como um mantra artístico: Vá com fé e Deus / E que Deus ajude / Que Deus te cuide / Deus não ilude”.