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DESTAQUE EM CANNES

Cinema brasileiro no topo

Wagner Moura leva troféu por melhor ator e Kleber Mendonça Filho por melhor diretor no Festival de Cannes, ambos pelo filme “O Agente Secreto”, que se passa no Recife

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Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura durante gravações de 'O Agente Secreto'
Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura durante gravações de 'O Agente Secreto' | Foto: Divulgação

O Brasil, mais uma vez, celebra a força do cinema nacional após ser destaque na 78ª edição do Festival de Cannes. O ator Wagner Moura conquistou o prêmio de melhor ator, enquanto o pernambucano Kleber Mendonça Filho foi laureado com o troféu de melhor direção, ambos pelo filme “O Agente Secreto”.

O filme se passa no Recife, em 1977, e é protagonizado por Wagner Moura, que vive um pesquisador perseguido por homens truculentos. Apesar de a história não ser exatamente sobre a ditadura militar, ela denuncia a violência e a corrupção que marcaram o período. A trama mistura elementos fantásticos com a realidade para refletir sobre a reconstrução da memória.

O longa foi bem recebido por críticos e jornalistas após sua estreia no festival, na semana passada, e era esperado que levasse algum prêmio para casa. No começo da tarde de sábado, o longa já havia vencido o prêmio da Fipresci, da Federação Internacional de Críticos de Cinema.

Esta foi a primeira vez que um brasileiro venceu o prêmio de interpretação masculina na competição principal do festival. Wagner Moura não foi à cerimônia de premiação por estar nas filmagens do longa "11817", de Louis Leterrier. O ator foi ao festival para a estreia do longa no domingo (18), mas pegou um avião de volta já na segunda, no fim da tarde. No palco, ele foi representado por Mendonça Filho, que destacou a sorte de ter a oportunidade de trabalhar com Moura.

“Um grande ator e uma grande pessoa. Espero que este filme lhe traga coisas maravilhosas. Obrigado ao júri e à presidente Juliette Binoche", disse o cineasta ao agradecer pelo colega.

Após representar o ator, o diretor Kleber Mendonça Filho subiu novamente ao palco, dessa vez, para receber o prêmio de direção. A vitória acontece seis anos após o diretor pernambucano levar o prêmio do júri para casa por "Bacurau".

Esta é a segunda vitória de um cineasta brasileiro na categoria, 56 anos após Glauber Rocha leva o troféu por "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro". O Brasil também venceu uma Palma de Ouro por "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, em 1962.

Kleber Mendonça FIlho subiu duas vezes ao palco
Kleber Mendonça FIlho subiu duas vezes ao palco | Foto: Valery Hache/AFP

"Meu país, o Brasil, é um país cheio de beleza e poesia. Eu tenho orgulho de estar aqui nesta noite para aceitar este prêmio. Eu estou muito feliz", disse o cineasta, trocando do francês para o inglês.

"E queria mandar um abraço para todo mundo vendo no Brasil, especialmente no Recife, em Pernambuco. Queremos que esse filme saia nas salas, porque as salas de cinema formam o caráter de um filme", continuou, em português. Ele ainda agradeceu à mulher e produtora do longa, Emilie Lesclaux.

A láurea de agora encerra um ano histórico para o Brasil no evento, com recorde de profissionais no Mercado do Filme, área de negócios que elegeu o país como grande homenageado desta edição.

Os prêmios também reforçam o bom momento do cinema brasileiro, que acaba de vencer seu primeiro Oscar de filme internacional, por "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, e o Urso de Prata no Festival de Berlim, por "O Último Azul", de Gabriel Mascaro.

COMEMORAÇÃO

Wagner Moura gravou um vídeo para comemorar os prêmios conquistados pelo filme "O Agente Secreto" no Festival de Cannes, na França. O ator não pôde estar presente para receber o troféu devido às gravações de outro filme em Londres, na Inglaterra.

"Agora são quase 22h em Londres. Eu não fiquei em Cannes porque tinha que filmar. Eu recebi a notícia dos prêmios que a gente ganhou da forma mais louca possível, no set de filmagem. Eu queria só dizer da felicidade que eu tenho por mim, por Kleber, pelo 'Agente Secreto', pelo cinema brasileiro, pela cultura brasileira. O Brasil é o país da cultura, o país da arte", falou.

Wagner Moura fez um vídeo para comemorar premiação
Wagner Moura fez um vídeo para comemorar premiação | Foto: Divulgação

OUTRAS PREMIAÇÕES EM CANNES

O Festival de Cannes encerrou sua 78ª edição premiando "It Was Just an Accident", ou "Un Simple Accident", de Jafar Panahi, com a Palma de Ouro. O iraniano completa, assim, a tríade de prêmios dos três maiores festivais europeus, após vencer o Leão de Ouro em Veneza e o Urso de Ouro em Berlim.

Entre as atrizes, Nadia Melliti foi escolhida por "The Little Sister". "Sentimental Value", do norueguês Joachim Trier, recebeu o grande prêmio. "Sirat", do franco-espanhol Oliver Laxe, empatou com "Sound of Falling", da alemã Mascha Schilinski, no prêmio do júri.

Melhor roteiro foi para os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, por "Young Mothers", e um prêmio especial foi entregue ao cineasta chinês Bi Gan, por "Resurrection".

Entre os curtas-metragens, avaliados por um outro júri, "I'm Glad You're Dead Now" recebeu a Palma de Ouro, numa versão pequenina, como é o caso desta seção, e "Ali", uma menção especial. A Câmera de Ouro, destinada a diretores estreantes, ficou com "The President's Cake". Houve também uma menção especial a "My Father's Shadow".

O júri deste ano foi presidido pela atriz francesa Juliete Binoche. No time estavam ainda a atriz americana Halle Berry, o ator americano Jeremy Strong, a atriz italiana Alba Rohrwacher, o cineasta coreano Hong Sang-soo, a cineasta indiana Payal Kapadia, o cineasta mexicano Carlos Reygadas, a roteirista franco-marroquina Leila Slimani e o cineasta congolês Dieudo Hamadi.

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