Spotify bate recorde com R$ 1,6 bi em royalties para artistas nacionais

O Spotify repassou cerca de R$ 1,6 bilhão a artistas brasileiros em 2024 – um crescimento de 31% em relação ao ano anterior e mais que o dobro do valor distribuído em 2021. O dado é um dos disponibilizados esta semana, por meio da edição brasileira do relatório Loud and Clear, que a plataforma divulga desde 2021.

Há vários fatores por trás do resultado positivo, como explica Carolina Alzuguir, Head de Música do Spotify Brasil, em entrevista ao Estadão. Ela cita como um deles a própria penetração da plataforma entre o público brasileiro.

“O Spotify foi muito adotado pelos brasileiros. Os brasileiros são apaixonados por música, são fãs de música, e são muito engajados. Os números do Brasil e dos fãs brasileiros, principalmente, são tão grandes que a gente vê artistas dos outros países querendo fazer feats com artistas brasileiros”, aponta.

Colabora também o fato de o público brasileiro consumir muita música local: 84% das músicas que figuraram no Top 50 diário do País no ano passado eram de artistas nacionais. “A grande maioria dos royalties que são gerados no Brasil são pagos a artistas brasileiros - mais de 60%”, nota Carolina. “Quando a gente compara com outros países do Spotify, vemos que o Brasil é um dos poucos países em que o consumo de música local é muito maior do que o consumo de música internacional”, diz.

O Spotify não divulga os números de ouvintes no Brasil especificamente - mas já divulgou ter 678 milhões de ouvintes mensais no mundo - desses, 268 milhões são assinantes. “A América Latina representa 22% desses ouvintes mensais e 23% desses assinantes”, acrescenta a executiva.

Música brasileira é ouvida fora do Brasil

A plataforma registrou ainda um crescimento no consumo internacional de músicas cantadas em português – um indicativo de que a música brasileira tem “viajado” também para outros países. “A música em português teve em 2024 um aumento de 20% dos royalties gerados globalmente, se comparado com 2023. Então, houve 20% de crescimento de consumo de músicas em português”.

Outros dados corroboram isso: segundo a plataforma, a música brasileira esteve presente em mais de 815 milhões de playlists de usuários ao redor do mundo - Estados Unidos, México, Alemanha, Reino Unido e Espanha lideraram a lista de maiores fãs das faixas nacionais. E as mulheres foram parte importante disso, já que os streams internacionais de mulheres brasileiras cresceram 51% no ano.

Pequenos artistas também são contemplados

O Spotify não divulga o ranking especificamente por artistas e compositores, mas Carolina relata que o crescimento na distribuição dos royalties foi observado em diferentes faixas de receita - ou seja, tanto entre pequenos, médios e grandes artistas. “Nós medimos todos os patamares de receita e esse ano a gente confirmou mais uma vez que em todos os patamares essa receita vem crescendo e vem batendo recorde. Então, isso mostra que o Spotify está gerando impacto positivo para as carreiras de todos esses artistas”.

Isso parte, também, de mudanças conduzidas pela plataforma, que no final de 2023 estabeleceu um novo sistema para pagamentos. Pelas novas diretrizes, uma faixa precisa ter mil reproduções no período de um ano para ser elegível para pagamento - foi a forma que o Spotify encontrou para facilitar que os royalties chegassem a seus detentores, já que muitas gravadoras e editoras exigem um valor mínimo para que artistas possam retirá-los e, na prática, valores menores a serem recebidos acabavam perdidos.

No cenário global, o serviço tem registrado que há espaço para artistas de menor alcance. “No ano passado, 60% dos artistas que geraram mais de US$ 1 milhão de dólares no Spotify nunca apareceram no top 50 mundial. Antigamente, você precisava ser um dos artistas do topo da cadeia para ter visibilidade, para ganhar dinheiro etc. E hoje em dia não necessariamente. Você não precisa ter um hit para viver da sua obra, viver da sua arte. Você vai construindo a sua audiência”.