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sábado, 14/06/2025 | Ano | Nº 5989
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TRADIÇÃO

No compasso do São João

Quadrilhas juninas enfrentam maratona de apresentações e encantam o público alagoano com suas cores e enredos

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Imagem ilustrativa da imagem No compasso do São João
| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

As quadrilhas juninas alagoanas já estão a todo vapor, ganhando os palcos nas festas populares e prontas para disputar os concursos que reúnem grupos de várias cidades do estado e até de fora dele. Mais do que dança, as apresentações são um verdadeiro espetáculo cênico, com enredos, coreografias e figurinos cuidadosamente planejados ao longo de todo o ano. A tradição, que mistura alegria, cultura popular e muito forró, segue viva nas comunidades, envolvendo jovens, adultos, crianças e famílias inteiras, em um movimento que valoriza as raízes nordestinas.

Os trajes coloridos, bordados à mão e cheios de brilho, são uma atração à parte. Inspirados no estilo caipira e nas festas de interior, os figurinos das quadrilhas se modernizaram, mas sem perder a essência. As mulheres vestem saias rodadas e cheias de volume, enquanto os homens trocaram as tradicionais camisas xadrez por blusas com muito brilho e aplicações. Tudo pensado para contar uma história no tablado, que vai muito além do “anarriê” e “alavantú”.

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| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

A dedicação dos integrantes impressiona, e cada passo e cada gesto dos quadrilheiros é ensaiado com disciplina e foco. Muitos grupos começam a preparação logo após o São João anterior, com reuniões, escolha de tema, composição de músicas e criação de figurinos. Os ensaios, que no início são semanais, vão ficando mais intensos à medida que o mês de junho se aproxima. E todo esse esforço é recompensado com o carinho do público, que lota as festas juninas para assistir aos espetáculos e se encanta a cada apresentação. As arquibancadas se enchem de aplausos e sorrisos, mostrando que, no coração do povo alagoano, a quadrilha junina é mais do que tradição: é uma paixão. E disso ninguém duvida.

Com oito anos de existência, a quadrilha junina Olhos da Luz nasceu em Santa Luzia do Norte e se apresenta no interior e em Maceió. “Desde os primeiros ensaios, o clima é de empolgação. Surgem dificuldades durante o caminho, mas com a garra, união e determinação conseguimos vencer e fazer acontecer", diz Thayse Brandão, que se transformará em “Maria Bonita” na apresentação deste ano.

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| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

Thayse conta que a expectativa cresce a cada passo ensaiado, a cada batida que embala os movimentos. "Cada detalhe de uma produção ou figurino apresentado nos encanta e faz crescer a ansiedade de mostrar ao público um trabalho tão lindo que construímos”, completa.

A abertura da temporada de apresentações já começou, mas é nessa reta final que os trabalhos se intensificam. Tudo para mostrar o resultado de tanta dedicação para o público. E mais que os passos ensaiados ao longo de meses e os figurinos pensados exclusivamente para as performances, as quadrilhas alagoanas sempre apresentam um enredo em suas apresentações, colocando em cena temas importantes que merecem reflexão. E esse é um dos pontos que mais chamam a atenção e prendem os olhares de todos os presentes.

"Esse ano nossa quadrilha está contando uma história nordestina, cheia de fé, amor e devoção, com o tema ‘O milagre da hóstia, um santo em vida’. Todos irão se encantar com a quadrilha junina Olhos da Luz”, comemora Thayse.

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| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

Já a quadrilha Santa Fé, do Trapiche da Barra, está contando, este ano, a história de Chico Rei, perpetuada através da tradição oral e das celebrações das Congadas, que celebram a realeza africana. Galanga Muzinga, mais tarde conhecido como Chico Rei, foi um Rei africano que foi capturado e trazido ao Brasil em um navio negreiro, onde perdeu sua esposa e filha. Ele se destacava pela postura de resistência e dignidade.

“Estamos em um momento de muita correria, ajustes na produção cenográfica, finalização de figurino, ensaios técnicos. A gente se dedica 100% e são 8 meses de muito trabalho para que tudo saia da forma que foi planejado", afirma Glória Oliveira, diretora de disciplina, dama e integrante do grupo.

Vencedora do último Concurso de Quadrilhas Forró e Folia, a Amanhecer no Sertão, este ano, traz no tema “Até que a morte nos separe”, discussões sobre violência contra a mulher.

Com 24 anos de existência e 140 integrantes envolvidos no espetáculo atualmente, o que inclui dançarinos, marcatriz, músicos e equipe de apoio, a Amanhecer no Sertão começou a se preparar para as apresentações deste ano ainda em novembro do ano passado, com reuniões de criação, desenvolvimento de roteiro e início dos ensaios, que atualmente ocorrem diariamente.

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| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

“O tema deste ano é ‘Até que a morte nos separe’, uma proposta que traz à tona a discussão sobre a violência contra a mulher, dentro do contexto do casamento. Através da linguagem junina, a quadrilha apresenta uma narrativa de denúncia, superação e empoderamento, sem abrir mão da emoção e da estética característica do São João”, afirma Diogo Santos, presidente da quadrilha.

A estreia da nova apresentação da quadrilha aconteceu no último dia 31 de maio, no Benedito Bentes, em Maceió, e o grupo já se consagrou campeão 2025 nas cidades de Marechal Deodoro e Arapiraca. No total, durante todo o período junino, cerca de 25 apresentações são esperadas pelos membros do grupo, o que inclui os principais eventos da região, como o Forró & Folia, além de apresentações em comunidades, em municípios do interior de Alagoas e também em festivais.

“Entre uma apresentação e outra, continuamos em busca dos ajustes de algumas questões. A gente costuma dizer que quanto mais apresentações, melhor é o mês junino”, conta Diogo.

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| Foto: Kaique Leonardo/Divulgação

Ele destaca a dedicação dos membros do grupo, que neste período do ano se entregam de corpo e alma, dando o melhor de si. “A essa altura, os ensaios acontecem praticamente todos os dias, muitas vezes até de madrugada. Tem gente que emenda ensaio, ida pra casa e logo em seguida ao trabalho. Essa é uma realidade muito presente dentro dos grupos juninos, inclusive. Além da parte coreográfica, a gente trabalha muito nesse período na confecção da produção que será utilizada no espetáculo. É como se cada minuto fosse mais do que importante”, fala.

Com um tema atual e de grande relevância social, Diogo diz que a é grande a expectativa do grupo para saber a recepção do público.

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