O BOI RESISTE
Bumba Meu Boi encanta público em cortejo popular e é tema de exposição em Maceió
Manifestação popular é patrimônio de Alagoas e do Brasil; mostra especial ocorre no Complexo Cultural Teatro Deodoro


O Dia Nacional do Bumba Meu Boi, festejado nessa segunda-feira (30/06), ganhou em Alagoas seu prelúdio mais emocionante. No domingo (29), quarenta grupos desfilaram em oito polos distribuídos por Maceió, Barra de Santo Antônio, Matriz de Camaragibe e Barra Nova. Nem a chuva insistente conteve os cortejos: desde a praia de Jatiúca, às dez da manhã, até as últimas batidas de ganzá, por volta das 17h, a cidade foi tomada por bois célebres como Africano, Cobra Negra, Trovão, Jaguar, Pura Raça, Kimera, Imperador, Pérola e Vingador.
A programação, organizada pela Liga do Bumba Meu Boi de Alagoas, integra o calendário cultural do estado, reconhecimento assegurado por lei aprovada neste ano, e movimenta a economia criativa local, beneficiando cerca de 4,5 mil pessoas, entre artesãos, costureiras, músicos e brincantes. “É muito mais do que uma apresentação, é a prova de que resistimos e existimos por meio da nossa cultura”, afirma Allan Vitor, do grupo Águia de Ouro, presente desde o início do evento.

Reconhecido pelo Iphan e pela Unesco como Patrimônio Cultural do Brasil e da Humanidade, o Bumba Meu Boi sintetiza matrizes indígenas, africanas e europeias herdadas do período colonial. Em Alagoas, a festa mantém vivo um repertório de toadas, indumentárias e coreografias que se atualiza a cada junho desde 2004, quando a Liga passou a promover o festival anual.
EXPOSIÇÃO

Enquanto os cortejos atravessavam a cidade, o Complexo Cultural do Teatro Deodoro abria ao público a mostra “Boi, Brinquedo de Todos”, com figurinos, cabeçorras, instrumentos e adereços cedidos por grupos da capital. A visitação é gratuita durante toda a semana. “O boi é afirmação de identidade”, ressalta Zé do Boi, diretor da Liga em Maceió. “Há dois anos conquistamos o título de patrimônio imaterial do Estado; agora, levamos essa história para dentro do teatro para que aqueles que nunca foi à rua também se reconheça na nossa tradição”.