loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quinta-feira, 10/07/2025 | Ano | Nº 6007
Maceió, AL
27° Tempo
Home > Caderno B

MÚSICA

Trap de Alagoas ganha força e vê potencial para alcançar paradas nacionais

Gênero musical que domina o Brasil ainda busca seu espaço no estado, apesar do talento e dos eventos locais que movimentam Maceió

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Imagem ilustrativa da imagem Trap de Alagoas ganha força e vê potencial para alcançar paradas nacionais
| Foto: Pedro Sant

Nos últimos anos, o trap — subgênero da música urbana nascido da mistura entre hip hop, rap e funk, com o uso marcante do autotune — deixou de ser apenas uma batida repetida nas periferias para ocupar o topo das paradas brasileiras. Em nível nacional, artistas como Matuê, WIU, Teto, Filipe Ret, Orochi, Veigh e Kayblack puxaram a fila de um movimento que, em menos de uma década, já acumula bilhões de reproduções nas plataformas digitais e ingressos esgotados em grandes palcos.

Em Alagoas, porém, a cena ainda caminha em busca da consolidação. Apesar do crescente número de artistas, coletivos e eventos, os desafios estruturais e a ausência de uma rede consolidada de apoio dificultam que o trap feito no estado alcance a projeção que se vê em outras regiões do País.

Imagem ilustrativa da imagem Trap de Alagoas ganha força e vê potencial para alcançar paradas nacionais
| Foto: Pedro Sant

Um dos nomes mais ativos da cena local é Jotap, que além de cantar e compor, também atua como produtor musical e instrumentista. Para ele, o principal obstáculo está na fragilidade dos laços entre os artistas e na instabilidade das colaborações. “A união entre os artistas daqui é muito instável, dividida entre nichos de amizade ou selos. Ainda assim, há uma abertura para quem quer começar”, diz Jotap.

Seu parceiro de palco no terceiro e um dos atos mais marcantes do festival Zero8dois, Dabiig,é citado como promessa por diversos integrantes da cena. O próprio festival, realizado desde 2023, tem sido um ponto de resistência e renovação para o trap alagoano. Em três edições, o evento reuniu centenas de pessoas em Maceió e ofereceu estrutura e visibilidade a artistas da base, mantendo a proposta de pagamento justo pelos shows e produzindo conteúdos que aproximam os músicos do público.

Imagem ilustrativa da imagem Trap de Alagoas ganha força e vê potencial para alcançar paradas nacionais
| Foto: Pedro Sant

“Projetos como o Zero8dois têm ajudado a impulsionar a cena, oferecendo uma plataforma concreta para mostrar o talento dos nossos artistas”, afirma DJ Lynz, que também é produtor. Com seis anos de estrada no gênero, ele observa que o cenário em Alagoas tem mudado, mas ainda está longe do ideal. “Faltam eventos acessíveis, estúdios, profissionais de produção. A maioria dos espaços existentes é privada, voltada a interesses comerciais, e não necessariamente conectada com as culturas urbanas”, comenta.

Segundo ele, a ausência de uma cadeia produtiva local dificulta o crescimento do trap no estado. “Não temos, até agora, um artista alagoano que tenha furado a bolha nacional. Isso não é por falta de talento, e sim por falta de estrutura”, afirma.

Essa avaliação é compartilhada por DTonny, também cantor e compositor. Para ele, embora o cenário atual seja mais fértil do que há alguns anos, o crescimento ainda é tímido. “Estão surgindo mais eventos, mais projetos e mais nomes em destaque. Muito mais do que antes, mas ainda aquém do potencial que temos”, aponta.

Imagem ilustrativa da imagem Trap de Alagoas ganha força e vê potencial para alcançar paradas nacionais
| Foto: Pedro Sant

Apesar das dificuldades, há um entusiasmo crescente por parte de quem acompanha o movimento, como se a qualquer momento a cena fosse explodir e ganhar a atenção do Brasil. A produção do Zero8dois aponta que o trap já é consumido por públicos diversos em Maceió, indo das periferias aos bairros nobres. “Ainda não temos um público completamente consolidado, mas há uma adesão significativa da juventude e uma clara vontade de fazer parte desse movimento”, afirmam os organizadores.

Com a força das redes sociais, o surgimento de festivais independentes e o talento de artistas como Aldo Vinicius, Dabiig, Kvtrapstar e MG Alvezz — citados por DJ Lynz como promessas da cena —, o trap alagoano segue construindo seu próprio caminho.

Mas, para alcançar novos voos, ainda será preciso mais que rima, efeitos e batida: será necessário investimento, formação de público e, sobretudo, uma estrutura que permita aos artistas locais viverem de sua arte.

No Brasil, isso já é realidade. Em 2023, o trap ultrapassou o sertanejo como gênero mais ouvido, um feito que nenhum outro ritmo foi capaz de realizar nos útlimos anos. Além disso, o trap brilhou como protagonista no The Town, festival paulistano dos criadores do Rock in Rio.

Relacionadas