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quinta-feira, 31/07/2025 | Ano | Nº 6022
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'SANKOFA'

Mostra no Museu Palácio Floriano Peixoto reúne esculturas e instrumentos que celebram a memória coletiva afro-brasileira

O Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa), no Centro de Maceió, se transforma em território de memória, arte e resistência

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Imagem ilustrativa da imagem Mostra no Museu Palácio Floriano Peixoto reúne esculturas e instrumentos que celebram a memória coletiva afro-brasileira
| Foto: Divulgação

A exposição “Sankofa – Sou quem foram todos antes de mim!”, do artesão e luthier alagoano Rodrigo Arapuá, propõe uma imersão sensível e potente na ancestralidade afro-pindorâmica por meio de instrumentos musicais e esculturas entalhadas em madeira.

Com mais de 15 anos de trajetória, Rodrigo reúne peças que carregam histórias e espiritualidade.

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| Foto: Divulgação

“Cada instrumento que construo é um mensageiro. Eles falam de quem eu sou, mas também de quem veio antes. O som de um agogô, o corpo de uma rabeca, a boca de uma carranca… tudo tem memória”, afirma o artista.

Nascido Rodrigo Pedrosa de Freitas, ele cresceu entre festas populares, rodas de capoeira e sambas de roda. O aprendizado, conta, começou em casa.

“Meu avô era um fazedor de coisas. Já meu tio e meu irmão mais velho me mostraram como trabalhar com madeira. Mas o primeiro instrumento eu fiz sozinho, ainda adolescente. Peguei o que tinha, errei muito, mas entendi que aquilo era meu caminho.”

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| Foto: Divulgação

Hoje, aos 36 anos, Arapuá é um dos nomes mais promissores da luthiaria ancestral em Alagoas. Seu trabalho mistura técnica, escuta e espiritualidade.

“A madeira fala. Antes de cortar, é preciso conversar com ela. Sentir o tempo certo de cada peça. Eu não fabrico instrumentos — eu acolho sons que já existem no mundo”, explica.

O nome da exposição vem do termo africano “Sankofa”, que significa “voltar para buscar o que ficou para trás”. A escolha não foi por acaso.

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| Foto: Divulgação

“É um chamado. Vivemos em um país que tenta nos desconectar das nossas origens. Com essa exposição, eu digo: ‘estou aqui, mas também fui lá’. Carrego meus ancestrais comigo. Sou quem foram todos antes de mim.”

As peças expostas vão de djembês a calimbas, de bongôs a rabecas, passando por esculturas como carrancas e objetos de uso ritual. Para Arapuá, essas criações não são apenas belas — são vivas.

“Quando alguém toca um xequerê meu, está tocando também uma história. É som, é cura, é afirmação.”

PROGRAMAÇÃO CULTURAL

Durante os dias de exposição, o Mupa também será palco de apresentações culturais que integram a proposta da mostra:

29/07, às 9h – Kizomba Cultural – Musicalidade Regional, com Mestre Gama, Gama Júnior, Mestre Wilson Santos, Daniel Ginga e Rodrigo Arapuá.

30/07, às 14h – Intervenção Poético-Musical, com Abides Oliveira, Gi Silva e Arapuá.

31/07, às 9h – Pagode Alagoano / Coco de Roda, com Os Verdelinhos, Comunidade Azul e Arapuá.

“A programação também é parte da exposição. Porque Sankofa não é só ver. É ouvir, sentir, dançar. É se permitir reencontrar com aquilo que sempre foi nosso”, afirma.

Em entrevista à Gazeta sobre o que espera do público que visitar a mostra, Rodrigo responde com simplicidade e afeto: “Se uma criança preta passar por aqui, ouvir o som de uma rabeca e se encantar, eu quero que ela saiba: aquilo também é dela. Que ela pode criar, tocar, entalhar o mundo com as próprias mãos”.

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