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Sabores que brotam no Sertão

Chefs alagoanos levam técnica e afeto à Ilha do Ferro, em imersão gastronômica em Pão de Açúcar

Visita foi uma das etapas da Oficina de Sabores no Balanço das Águas, projeto realizado pela Galeria Karandash

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Imagem ilustrativa da imagem Chefs alagoanos levam técnica e afeto à Ilha do Ferro, em imersão gastronômica em Pão de Açúcar
| Foto: Divulgação

Na segunda-feira, antes mesmo que o sol abrisse o dia sobre as águas do São Francisco, a feira de Pão de Açúcar já fervilhava. Entre bancas de pastéis com caldo de cana, queijos amarelos como o entardecer, peixes do rio, verduras frescas e temperos que lembram quintais da infância, a cidade sertaneja recebia visitantes inusitados: quatro dos mais renomados chefs de Alagoas, Wanderson Medeiros, Mariana Bernardes, Thiago Brandão e Antônio Mendes, chegavam para comprar insumos, trocar receitas e ouvir histórias. O destino final não era um restaurante estrelado, mas a Ilha do Ferro, povoado ribeirinho que, nos últimos anos, se tornou ponto de encontro entre tradição e criatividade.


A visita à feira foi uma das etapas da Oficina de Sabores no Balanço das Águas, projeto realizado pela Galeria Karandash, que há mais de uma década atua na região, com patrocínio do Magazine Luiza, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, e do Sebrae Alagoas. A proposta: unir a cozinha contemporânea à cultura popular, capacitando moradores e impulsionando o turismo gastronômico do Baixo São Francisco. “A ida dos chefs à feira foi emocionante. Quando vi eles nas bancas, conversando com as pessoas, falando sobre o que poderiam fazer com aqueles produtos, percebi que tudo ali era estética: as cores, o rio, a feira. Foi um encontro de mundos”, conta a artista visual Maria Amélia Vieira, uma das idealizadoras.

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| Foto: Divulgação

No roteiro, além das compras, houve parada no Bar do Vaqueiro, onde forró e comida dividem espaço com as conversas animadas, e visita ao ateliê de Beto do Meirus, artesão e guardião de causos, cuja habilidade com couro e improviso é tão afiada quanto a memória do lugar.


Da feira para a ilha, o dia se transformou em cozinha comunitária. Às 17h, o “Baião de Todos os Chefs” abriu oficialmente as atividades, com Picuí, Mariana, Thiago e Antônio cozinhando juntos para a comunidade. Paralelamente, no Barco-Museu no Balanço das Águas, visitantes conheciam exposições de arte popular, fotografias e histórias da culinária ribeirinha.


Para Mariana Bernardes, que trabalhou o tema da economia criativa e circular, a experiência foi reveladora. “Toda a aula foi montada em cima de produtos que Pão de Açúcar me ofereceu. Isso mostra o quanto é possível criar usando técnicas certas para fazer novos pratos. Usamos quiabo, maxixe, goiaba... tudo da feira, para mostrar que tudo o que eles precisam está aqui”. Ela também ensinou a preparar conservas e fermentações, técnicas que ajudam na entressafra e abrem possibilidades para novos negócios gastronômicos.

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| Foto: Divulgação

Antônio Mendes, chef do Nalva Cozinha Autoral, de Piranhas, destacou aalegria de encontrar peixes do rio à venda, como pirambeba, piranha e piau. “Foi muito interessante. Aqui na ilha, vou ensinar a fazer hambúrguer de peixe, maionese de cactos, arroz de bode, carré, caramelo salgado de café... A ideia é mostrar as várias maneiras de utilizar e recriar produtos. O Sertão está sendo enxergado além da seca. É uma mudança de visão: estamos mostrando a abundância”, reflete.


O Oficina de Sabores no Balanço das Águas é mais um capítulo de uma história iniciada em 2010, quando Maria Amélia Vieira e Dalton Costa começaram a levar arte e formação às comunidades ribeirinhas. Do trabalho itinerante nasceu o Barco-Museu, que se tornou ponto de partida para ações que unem cultura, educação e turismo. Agora, a gastronomia entra como nova vertente.

Imagem ilustrativa da imagem Chefs alagoanos levam técnica e afeto à Ilha do Ferro, em imersão gastronômica em Pão de Açúcar
| Foto: Divulgação

“O primeiro destaque dessa experiência foi a receptividade. Os chefs abraçaram o povoado, usaram insumos locais, envolveram-se com a comunidade. É o começo de uma grande história”, afirma Maria Amélia. Ela já planeja uma nova edição: “O povoado precisa de outro evento assim. Vamos batalhar em busca de apoios e patrocínios significativos para fazer mais e ainda mlehor. Vamos juntar forças para que isso aconteça”.

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