loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sexta-feira, 19/09/2025 | Ano | Nº 6057
Maceió, AL
22° Tempo
Home > Caderno B

ENTREVISTA

Simone canta o agora em show que chega a Maceió neste domingo

A Cigarra retorna aos palcos com espetáculo intimista, atual e inquieto, que reafirma seu lugar como artista atenta ao tempo, à liberdade e ao desejo de continuar — sempre

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Imagem ilustrativa da imagem Simone canta o agora em show que chega a Maceió neste domingo
| Foto: Divulgação

Aos 75 anos, Simone ainda é movida por desejo. É esse o motor por trás da nova turnê que leva o seu próprio nome no título. Não por vaidade, mas por síntese. Ela diz que este novo espetáculo, que chega a Maceió neste domingo, 21 de setembro, no Teatro Gustavo Leite, às 21h, não é só um alinhamento de canções, mas uma travessia afetiva por sua estrada musical. Ao lado de uma nova geração de músicos e sob direção artística de Ana Costa, a Cigarra costura clássicos, surpresas e canções que ficaram de fora da última turnê, em um roteiro que pulsa vida, liberdade e paixão.

Depois de celebrar os 50 anos de carreira com “Tô Voltando”, Simone retorna à estrada com um show menos retrospectivo e mais íntimo. Nele, repensa o tempo sem se render à nostalgia. É um espetáculo que caminha, bifurca, cutuca — como ela mesma define — e que reafirma seu lugar de fala como mulher, artista e cidadã que nunca se furtou de dizer o que pensa. Acompanhada por sete músicos em cena, interpreta músicas como Pão e Poesia, Paixão, Gente Aberta e Nada Será Como Antes, além de pérolas imortalizadas em sua voz, como Iolanda.

Imagem ilustrativa da imagem Simone canta o agora em show que chega a Maceió neste domingo
| Foto: Divulgação

A cantora baiana falou com a Gazeta e afirma que o show “Simone” é uma celebração do agora. É com os pés fincados neste presente que ela canta o que ama, abre espaço para o frescor dos músicos mais jovens e renova seu pacto com a arte. “Eu vivo minha vida hoje. Não vivo de lembranças nem de futuros. Eu vivo. Tô cantando. Entendeu?”, diz. E a gente entende. Porque quando Simone canta, o tempo parece que também canta junto.

GAZETA DE ALAGOAS. Este novo show leva o seu nome. O que há de novo e o que ele revela sobre a Simone de hoje?

SIMONE. Ele tem uma linha estruturada e se diferencia do outro em 11 músicas, e no conceito. Ele tem meu nome porque também se baseia na minha vida musical. Porque eu canto o que eu gosto, eu sou representada pela música. É um show em que, eu poderia dizer, estou na estrada. Até quero colocar um “na estrada” depois do meu nome, porque o show é que caminha, pela minha vida, pelas músicas que marcaram, por tudo. E o que há de mais novo é o som. Os músicos trouxeram coisas completamente diferentes do que eu costumava fazer. E eu adorei. Por exemplo, eu adoro tocar violão, guitarra. Neste show acontece. E acontece muita coisa. O que eu garanto é que não se trata de uma apresentação estática.

E como tem sido voltar a percorrer o País, revisitando essas canções que marcaram gerações e te marcaram também?

Tem sido muito bom. A gente tem percorrido o Brasil todo, as pessoas vêm juntas, e cantam, se emocionam. Eu sou muito bem recebida nos lugares, com muito calor e alegria e emoção. Todo mundo fica feliz, até porque é um show pra cima, ele é feliz. Mas, olha, ele também cutuca.

Cutuca de que maneira?

Cutuca. Não é só o auê. Ele não é um show morno. Ele tem, como as estradas, bifurcações. É indagativo. E isso é algo que também está presente no meu trabalho ao longo do tempo.

Imagem ilustrativa da imagem Simone canta o agora em show que chega a Maceió neste domingo
| Foto: Divulgação

Inclusive, você sempre teve muita coragem de se posicionar. Como mulher, cidadã. Isso está ligado também à persona da Simone artista?

Ah, eu acho que todo mundo tem os seus pontos de vista, as suas vontades e os seus desejos. Eu falo pelos meus. Eu não escondo absolutamente nada de ninguém. Eu canto o que eu gosto, o que me move. A vontade que eu tenho como cidadã é a de ver um país melhor. Já a vontade que eu explicito no palco é a de ser uma pessoa enamorada, apaixonada e feliz. É isso.

Como tem sido trabalhar com pessoas de diferentes gerações nesse novo projeto?

Há algo de muito valioso nisso. Conviver com a criatividade dos músicos novos, ter essa troca, é muito bom. É importante dizer que as pessoas mais jovens não são pessoas rasas, muito pelo contrário. Eu acho muito importante enaltecê-los. Quando o Chico Lira veio trabalhar comigo, chegou aqui em casa pra gente conversar um pouco, ele tem idade para ser meu neto. Depois, veio o Felipe Coimbra, também tem o Simão Neto. E esses meninos, junto com o Fábio Sá, André Siqueira, com Vitor Cabral e a Ana Costa, mudaram tudo. Somos sete em cena. A vivência que eles trazem pra mim, o frescor, foi uma troca que não foi difícil. E o respeito permeia essas relações. Eles querendo mostrar uma coisa, eu mostrando outras, a gente sempre chega num denominador comum. São meninos super, hiper, megacapazes. E eu tô muito feliz com a presença deles.

Muito se fala do seu álbum de Natal, mas você é dona de um repertório vasto. Que música sua você sente que o tempo ainda não reconheceu como merece? Consegue eleger uma?

Bom… você sabe que quando eu gravei pela primeira vez “Iolanda”, do Chico, a música passou batida, sabe? Eu diria que não teve a repercussão que ela merecia. Eu tô te dando um exemplo do final dos anos 1980, mas eu gravei essa música com o Chico, sozinha, com Pablo… acho que gravei umas cinco ou seis vezes. É uma música que não pode faltar no show. Mas, assim, música você não pode chegar e dizer “vai estourar”. Você não sabe. Uma das primeiras vezes que isso aconteceu comigo foi com “Jura Secreta”. Quem é que ia imaginar que ela teria essa dimensão de popularidade, de ser uma música que, quando começo a cantar, as pessoas cantam junto? Então, tem muitas. Isso é conversa de lado A, lado B, lado C… não tem fim.

Você já foi muitas vozes femininas nas canções que interpreta ao longo desses anos. Quem é a mulher que você sente estar sendo hoje, em 2025?

É a de hoje. A de hoje. A que vive o agora. Eu vivo minha vida hoje, eu vivo minha vida agora. Eu não vivo nem de lembranças, nem de futuros. Eu vivo. Setenta e cinco anos. Tudo certinho. Tá tudo bem. Tô cantando, entendeu?

E sem pensar em parar, né?

Isso aí não existe. Quem me para é quem me botou.

E o que você ainda deseja viver artisticamente? Existe um disco, um show, um projeto que ainda te inquieta?

A música não para, né? Mas a música futuca você o tempo inteiro. Eu garanto pra você que uma pessoa que lida com música não quer parar. É difícil. A não ser que seja praticamente obrigado. Mas ninguém quer parar. Todo músico quer compor, quer tocar, cantor quer cantar. Porque é uma renovação por segundo. É o ar. Literalmente.

Música, Música

Companheira do quarto dos rapazes

Entre revistas e fumaça

Confidente do quarto das meninas

Entre calcinhas e sandálias

Música, música

Conhece essa?

Não. Infelizmente.

Essa não? Ela é da Sueli Costa e do Abel Silva, se chama “Música Música”. É linda. Já foi cantada por mim, por Clara, Nana Caymmi, Golden Boys. Ouve essa música assim que acabar a entrevista. (OUÇA AQUI A MÚSICA MENCIONADA POR SIMONE)

Combinado. De volta a Alagoas. Como foi sua última passagem por aqui?

Ah, foi uma delícia. Foi ótimo. Eu adoro o Nordeste, uma coisa deslumbrante. Eu sou fã dessas praias. Bem fã. Eu gosto. Eu sou nordestina. Gosto de mar, gosto de sol. Gosto de pele, entendeu? Gosto de peixe, gosto de siri. Os nossos são pessoas fortes e quentes.

Você pode fazer um convite pros nossos leitores? O que eles podem esperar desta nova passagem por aqui?

Vai ser ótimo, tenho certeza. A gente tem um show muito bonito, muito feliz. O pessoal da equipe é maravilhoso. Então vamos apresentar pra vocês esse show, vai ser muito legal. Só tem música boa. A gente está de braços abertos pra vocês. E tenho certeza absoluta que vocês estão de braços abertos pra receber a gente. Vamos lá, vamos lá!

Imagem ilustrativa da imagem Simone canta o agora em show que chega a Maceió neste domingo
| Foto: Divulgação

Uma última pergunta. Você viajou muito por esse Brasil, conheceu diversos Brasis. Com seu olhar sensível, como você vê o Brasil hoje em relação ao da sua juventude?

O Brasil é um país que não pode ser dirigido, povoado, mandado por amadores profissionais. É um país continental, enorme. Um país que tem tudo que o cidadão precisa. O povo tem que ser amado. As crianças têm que ser respeitadas. O velho e o novo são as portas pra vida e pro céu. O país tem que ser dirigido por políticos humanos. Não pode faltar sensibilidade. O que posso dizer é que precisamos cuidar das pessoas que necessitam, porque enquanto o país não cuidar das pessoas que necessitam, não caminha. É educação, comida, segurança. Eu ouvi meu avô dizendo que o Brasil é “o país do futuro”, Mas é mesmo. É o país que tem tudo no mundo. A gente só precisa que os mandatários… não tô falando de uma pessoa, tô falando do Brasil todo, tenham mais humanidade e prezem pela democracia, pela liberdade.

Ainda há ingressos para a única apresentação de Simone em Maceió, neste domingo, 21 de setembro, às 21h. Clique aqui para adquirir.

Relacionadas