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NESTA SEGUNDA-FEIRA

Na Bienal, escritor Ubiratan Muarrek propõe colocar o Brasil no divã

Autor participa da mesa “Assombrados pela Escravidão” na segunda (3), às 14h, ao lado de Adriana Vieira Lomar

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O escritor Ubiratan Muarrek apresenta o livro “Meio do Céu” na Bienal do Livro de Alagoas, discutindo as feridas históricas e linguísticas do país
O escritor Ubiratan Muarrek apresenta o livro “Meio do Céu” na Bienal do Livro de Alagoas, discutindo as feridas históricas e linguísticas do país | Foto: Divulgação

Depois de passar por São Paulo, Rio, Lisboa, Recife e Brasília, Meio do Céu, de Ubiratan Muarrek, chega à Bienal do Livro de Alagoas. O autor integra a mesa “Assombrados pela Escravidão” nesta segunda-feira (3), às 14h, ao lado da escritora Adriana Vieira Lomar.

A conversa parte de um ponto direto: o Brasil que não encerrou a própria herança escravocrata. Muarrek trata do tema pelo atrito entre o Nordeste e um olhar de fora que decidiu pertencer. Em Meio do Céu, duas recifenses em Londres — Greta e Sofitel, uma negra e outra branca — dialogam no dia da queda do Concorde, em 2000. A cena, escrita como peça e sem narrador, apresenta uma modernidade que rui enquanto a língua brasileira vira matéria de disputa. No Suplemento Pernambuco, o livro foi definido como “um voo arriscado sobre as ruínas do século 21”.

A presença de Muarrek em Maceió acompanha um ciclo de trabalhos ancorados no Nordeste. Além do livro, ele desenvolve a série documental Crianças do Cariri (Miração Filmes, direção de Sérgio Roizenblit), prevista para filmagem a partir de 2026 pela TV Brasil, em que meninas e meninos narram o território mítico e arqueológico do Cariri. No teatro, a peça Mãe Coragem, escrita para Fátima Patrício, transpõe Brecht para Canudos. O conjunto desenha uma pesquisa contínua sobre país, fala e cena. “O Nordeste não é meu cenário, é meu método. Escrever nele e a partir dele é escrever sobre o futuro”, diz o autor. “O português recifense, com sua música e violência, virou o campo onde testei os limites da literatura”.

Imagem ilustrativa da imagem Na Bienal, escritor Ubiratan Muarrek propõe colocar o Brasil no divã
| Foto: Divulgação

As leituras críticas convergem para a fricção entre riso e queda. Para Léo Lama, Meio do Céu “explicita o choque entre o trágico e o cômico, até que um se torne o espelho do outro”. Tatiana Eskenazi enxerga “uma mistura entre Esperando Godot e O Auto da Compadecida, onde a comédia é o disfarce mais perigoso da tragédia”. Muarrek resume a aposta: “Tempos ameaçadores pedem arte ameaçadora — não arte ameaçada”, provoca.

Muarrek é escritor, jornalista e produtor de cinema, colunista do Público Brasil (Lisboa). Publicou Corrida do Membro (2007) e Um Nazista em Copacabana (2016), semifinalista do Prêmio Oceanos 2017. Em Meio do Céu, reafirma a tragicomédia como chave de leitura do presente.

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BienalDoLivroDeAlagoas LiteraturaNordestina MeioDoCéu UbiratanMuarrek

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