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Paul McCartney revisita o legado do Wings e celebra sua vida pós-Beatles

Ícone mundial, músico está lançando um pacote de produtos para celebrar sua antiga banda

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Imagem ilustrativa da imagem Paul McCartney revisita o legado do Wings e celebra sua vida pós-Beatles
| Foto: Taba Benedicto/Estadão

Mais de meio século após o fim dos Beatles, Paul McCartney volta o olhar para a banda que marcou sua trajetória nos anos 1970: o Wings. O músico britânico lança agora um pacote de produtos - incluindo livro, vinil triplo, CD duplo e Blu-ray - para celebrar o grupo formado entre 1971 e 1981, período em que construiu sua identidade musical além do quarteto de Liverpool. A iniciativa retoma o interesse crescente de novas gerações pelo trabalho de McCartney e revisita uma fase de intensa criação e turbulências pessoais.

O lançamento, que acontece neste mês de novembro, sucede o projeto Wingspan, de 2000, e promete um conteúdo mais robusto. O novo box surge em meio a um movimento de valorização do legado do Wings, reforçado por depoimentos de ex-integrantes e estudiosos, como o guitarrista Laurence Juber, a viúva de Denny Laine, Elizabeth Hines, e o pesquisador Luca Perasi.

Da depressão à reconstrução

Após o fim dos Beatles e em meio a disputas judiciais, Paul McCartney mergulhou em uma fase de isolamento e depressão. O Wings nasceu em 1971, na fazenda escocesa do músico, como tentativa de recomeço. Ao lado de sua esposa, Linda McCartney, do guitarrista Denny Laine e do baterista Denny Seiwell, ele lançou o álbum Wild Life. O nome da banda veio de um sonho de Linda, que imaginou anjos com asas logo após o nascimento da filha do casal, Stella McCartney.

Entre 1972 e 1973, o grupo viveu ascensão rápida com turnês por universidades britânicas e palcos europeus, mas também enfrentou problemas: prisões por porte de maconha e restrições de visto nos Estados Unidos. Mesmo assim, McCartney insistiu em manter o Wings ativo, gravando o clássico Band on the Run em Lagos, na Nigéria, após a saída de Seiwell e do guitarrista Henry McCullough. O disco consolidou o som do grupo e marcou o primeiro grande sucesso da nova fase do ex-beatle.

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| Foto: Divulgação

Os “melhores e piores tempos”

Em recente autobiografia, The Best and Worst of Times, o ex-baterista Denny Seiwell relembra os desafios do período. Ele descreve os anos no Wings como uma mistura de euforia e frustração, destacando a dificuldade de lidar com o perfeccionismo de McCartney e com as limitações financeiras da época. Seiwell deixou o grupo na véspera da gravação de Band on the Run, o que abalou profundamente o líder da banda. Décadas depois, os dois se reconciliaram, e Paul chegou a compensar o músico por questões contratuais mal resolvidas.

Com o sucesso do disco, McCartney montou nova formação em 1974, incluindo o guitarrista Jimmy McCulloch e o baterista Geoff Britton. Essa fase rendeu álbuns importantes como Venus and Mars e Wings at the Speed of Sound, além de uma turnê mundial que incluiu Austrália, Europa e Estados Unidos. Em 1977, Paul e Denny Laine gravaram Holly Days, tributo a Buddy Holly, e o single Mull of Kintyre, que se tornou um dos maiores sucessos do Natal britânico.

O adeus e a memória do Wings

Nos últimos anos da banda, novas mudanças de formação trouxeram Laurence Juber e Steve Holly. O grupo gravou Back to the Egg (1979) em um castelo inglês, com participações de nomes lendários do rock, como Pete Townshend e John Bonham, no projeto “Rockestra”. Embora o álbum não tenha alcançado grande sucesso comercial, tornou-se um registro histórico da união entre grandes músicos britânicos.

O Wings encerrou suas atividades de forma silenciosa em 1981. Problemas legais, o episódio da prisão de McCartney no Japão por porte de drogas e a morte de John Lennon, em dezembro de 1980, contribuíram para o fim do grupo. Segundo Laurence Juber, o encerramento foi natural: “Paul e Linda queriam ficar em casa e criar a família, em vez de viajar o mundo novamente”.

Imagem ilustrativa da imagem Paul McCartney revisita o legado do Wings e celebra sua vida pós-Beatles
| Foto: Divulgação

Reavaliação e legado

Durante os anos 1980 e 1990, a crítica minimizou o impacto do Wings. No entanto, a visão sobre a banda mudou com o tempo. As novas turnês de McCartney e a redescoberta de seu catálogo dos anos 1970 trouxeram reconhecimento à importância do grupo. O pesquisador Luca Perasi observa que o interesse atual é intergeracional: “Hoje, o público entende o valor dessa fase. Muitos jovens leitores buscam conhecer a história de McCartney além dos Beatles”.

Nos bastidores do relançamento, Elizabeth Hines, viúva de Denny Laine, revelou que Holly Days voltará ao catálogo com a capa original idealizada pelo guitarrista antes de sua morte, em 2023. Segundo ela, o relançamento foi o último desejo de Laine, com apoio pessoal de Paul.

A celebração em 2025

O projeto de McCartney reúne múltiplos formatos para recontar a trajetória do Wings. Na último terça-feira (4), foi lançado o livro autobiográfico Wings – The Story of a Band on the Run, com 576 páginas. Nesta sexta (7), chegam às lojas o LP triplo e o CD duplo, assim como o Blu-ray de clipes que reúne gravações inéditas e raridades. O ciclo se completa em 25 de fevereiro, com a estreia do documentário Man on The Road, no Prime Video.

Hoje, aos 83 anos, Paul McCartney mantém uma rotina ativa de turnês e gravações, acompanhado por sua banda atual, formada em 2002. Ele segue como um dos artistas mais reverenciados do planeta, revendo o passado sem nostalgia, mas com orgulho. A nova celebração do Wings não é apenas uma homenagem a um grupo, mas a um período em que McCartney reinventou a si mesmo e provou que havia vida criativa além dos Beatles.

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