LANÇADO NA BIENAL
Livro infantil de Graciliano Ramos é adaptado para o sistema braille
'A Terra dos Meninos Pelados' ganhou edição voltada aos deficientes visuais; livro será doado para o Centro Educacional Cyro Accioly


Um menino careca, com um olho de cada cor e que sofre preconceito. Essa é a história de Raimundo, em A Terra dos Meninos Pelados, livro infantil de Graciliano Ramos, alagoano que é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira. Na história, a jornada do protagonista muda quando ele descobre Tatipirun, um mundo mágico habitado por crianças iguais a ele. Foi assim, pensando em pessoas que lidam com o mundo de outra maneira, que o título foi lançado no sistema braille, durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no estande da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
Neste lugar, onde a diversidade é valorizada e as pessoas podem ser o que elas são, o livro ganhou vida. O texto é exatamente o mesmo, sem alterações, e a capa, com as ilustrações, é assinada por Cauê Oliveira. Uma tradução apropriada para pessoas deficientes visuais. A obra é a primeira feita em sistema braille pela Imprensa Oficial. A escolha se deu por conta do lançamento da coleção de sete livros do Mestre Graça - sendo quatro voltados ao público adulto e três destinados ao público infanto-juvenil.
Por ter um custo de produção mais elevado do que os livros em linguagem corriqueira, foram produzidas, inicialmente, poucas cópias, que serão doadas para o Centro Educacional Cyro Accioly, espaço referência no atendimento a deficientes visuais em Alagoas.
“O custo de produção de um livro em braille é super alto, porque é um livro que precisa de uma impressão e um papel diferenciados. Então, por ter esse custo mais alto, a gente está estudando a melhor forma de, a partir desse, produzir mais para mais lugares”, explicou a coordenadora editorial da Imprensa Oficial, Clarice Maia.
Ela salientou o aprendizado resultante da produção do título em braille. “Com esse livro, a gente está tendo um aprendizado que é olhar com mais atenção para pessoas que querem ler livros, mas tem algum tipo de limitação. Então, por exemplo, esse é feito em braille para pessoas cegas, mas existem pessoas que têm baixa visão, por exemplo, e precisam de livros mais confortáveis com letras maiores, livros diferenciados. Tem livros que podem ser gravados para audiobooks, para as pessoas conhecerem. Então, a gente está entendendo que é tempo de ampliar a nossa produção”, frisou.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas, acontece até este domingo (9), no Centro de Convenções de Maceió.
