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Hábitos Culturais 2025

Consumo cultural cresce no digital e estagna no presencial, aponta pesquisa

Streaming domina consumo de cultura dos brasileiros, enquanto eventos ao ar livre perdem espaço; segurança, distância e desigualdade social ainda limitam o acesso à arte

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A sexta edição da pesquisa Hábitos Culturais revela estabilidade no consumo cultural, fortalecimento do digital e desigualdades persistentes no acesso presencial
A sexta edição da pesquisa Hábitos Culturais revela estabilidade no consumo cultural, fortalecimento do digital e desigualdades persistentes no acesso presencial | Foto: ANDER GARCIA

A sexta edição da Pesquisa Hábitos Culturais 2025, do Observatório Fundação Itaú e Datafolha, mostra estabilidade do consumo cultural dos brasileiros com leves altas neste ano, queda nas atividades ao ar livre e distância persistente entre classes e territórios.

Os números, colhidos em entrevistas presenciais com 2.432 brasileiros de 16 a 65 anos, desenham um país que consome cultura com constância, mas não em igualdade de condições. 97% por cento dos ouvidos disseram ter feito alguma atividade cultural em 2025. Se a presença física marca 61% de frequência mensal, o formato remoto, consolidado como rotina doméstica, chega a 90%, dois pontos acima de 2024.

O digital consolida liderança e cresce em 2025

A tela manda no repertório. Plataformas de música permanecem como o hábito mais popular, citadas por 85% dos entrevistados. Filmes em streaming vêm em seguida, com 74%, e séries online, com 70%. É uma liderança que ajuda a entender o resto: consumo alto, custo relativamente controlável e uma oferta que, sem filas ou deslocamento, pousa no sofá de capitais, regiões metropolitanas e cidades do interior praticamente no mesmo compasso. Na prática, a diferença semanal do remoto entre capitais/metrópoles (75%) e interior (74%) é mínima, um empate técnico, enquanto a frequência semanal presencial fica ligeiramente mais acentuada fora dos grandes centros (29% no interior contra 26% nos centros urbanos).

Desigualdade por renda persiste no presencial

Quando o recorte é renda, a curva se separa. Nas atividades presenciais semanais, 30% das classes A e B comparecem, frente a 27% nas classes C, D e E. No remoto, o salto é maior: 80% das classes A e B praticam semanalmente, contra 65% das classes D e E. O bolso pesa também na decisão de sair de casa. 40% dizem não gastar nada com atividades presenciais e 49% gastam até R$ 100. No online, 22% não gastam nada e 61% ficam no até R$ 100. Mesmo com maior poder aquisitivo, 80% das classes altas recorrem a atividades online gratuitas. Entre os mais pobres, esse índice é de 50%. Mais escolaridade também se associa a maior acesso a opções gratuitas, reforçando que renda e formação são chaves para abrir portas.

A fotografia por modalidades presenciais tem pequenas movimentações. O cinema foi frequentado por 37%, um ponto percentual a menos que no ano passado. As atividades ao ar livre, apesar de seguirem entre as favoritas e ocuparem a quarta posição no ranking, registraram a maior queda de 2025: de 66% para 61%. Já as artes cênicas oferecem um respiro: espetáculos de dança passaram de 30% para 33%, e o teatro de 19% para 22%, altas modestas se comparadas ao salto de 2024 (dança de 18% para 30% naquele ano). A leitura de livros impressos subiu para o quinto lugar do ranking, com 53% e duas posições acima de 2024. O livro digital desce degrau a degrau: 42% em 2023, 36% em 2024, 35% agora. Entre os produtos seriados, as novelas recuam de 56% para 53%.

Gastos e escolhas: quando o bolso decide a cultura

Os motivos do afastamento presencial voltam a apontar para o país real. Questões financeiras lideram com 34%, seguidas por insegurança e violência (31%), índice menor que os 35% de 2024, mas ainda expressivo. Entre quem cita segurança, 47% temem assaltos e furtos e 21% falam em violência contra mulheres em espaços culturais. Entre mulheres, esse percentual chega a 28% e supera o do ano passado. A percepção de risco também passa por cor e classe: 32% das pessoas pretas dizem temer participar de eventos culturais, frente a 29% das brancas. Nas classes A e B, o índice de insegurança cai de 37% para 30%; nas D e E, de 34% para 30%.

Há ainda os entraves de tempo e fôlego. Cansaço, desânimo ou preguiça somam 26%, a indisponibilidade de horários marca 24%, a distância até eventos e equipamentos, 21%, e a superlotação, 19%. Em meio a tantas razões, a manutenção da liderança do consumo remoto, com uma pequena expansão em relação a 2024, confirma um padrão que já é amplamente observado. Quando a economia aperta, a cultura não desaparece, muda de lugar. O streaming vence pela conveniência, mas a desigualdade decide quem atravessa a rua para ocupar a plateia.

Tags:

atividades presenciais consumo cultural desigualdade social hábitos culturais pesquisa cultural streaming

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