Alagoano Paulo Vitor vence o Concurso Guitarra de Ouro

Segurando uma guitarra “ao contrário”, o músico alagoano Paulo Vitor conquistou o primeiro lugar no Concurso Cultural Guitarra de Ouro, realizado no início deste mês, em Arapiraca, no Agreste de Alagoas. O evento foi promovido pelo Centurião Motociclista, organização cristã de motociclistas que desenvolve projetos sociais.

Até alcançar o título, Paulo soma 13 anos de trajetória musical, iniciada ainda na infância com o apoio da família. Aos 3 anos, ganhou da mãe uma guitarra de brinquedo — o que despertou uma paixão imediata. Mesmo sem instrumento próprio por um período, não desistiu de aprender.

“Eu aprendi a tocar violão entre os 8 e 9 anos. Tocava Scorpions todos os dias, e aos 14 anos ganhei minha primeira guitarra, presente da minha avó junto com minha mãe”, lembra o músico, que chegou a tentar a carreira de jogador de futebol. “Eu tentei, joguei em escolinha, mas a paixão pela guitarra sempre falou mais alto”.

Autodidata, Paulo desenvolveu uma técnica singular. Ao copiar exatamente o que via nos DVDs dos guitarristas, passou a segurar o instrumento “invertido”, como se fosse canhoto. “Pensei que tocando assim era o certo. Hoje vejo que é mais desafiador, mas foi assim que aprendi e que consigo dominar meu jeito de tocar”, conta.

Antes mesmo de ter sua própria guitarra, aos 12 anos, ingressou na banda da igreja onde congregava. Já adolescente, começou a se apresentar em diversas igrejas do estado. Inserir-se no mercado musical exigiu estratégia: como instrumentista ou produtor, buscou oportunidades e ampliou sua rede de contatos. Na antiga Feira Expomusic, em 2016, foi quando o jovem guitarrista se projetou no cenário nacional.

“Toquei na Expomusic, a maior feira de música e negócios da América Latina. Lá conheci músicos que me influenciaram e consegui fazer networking. Algumas marcas até me procuraram para ser artista representante”, relembra.

Desde então, participou como guitarrista de bandas conhecidas em Alagoas, como Karisma e Cazuadinha. Como produtor, gravou o DVD Forrozão das Antigas ao vivo em Marechal Deodoro, além de trabalhos com Ana Lobo, Millane Hora e Léo Rosa. No meio gospel, acumula reconhecimento. “Sou muito conhecido no meio gospel porque foi de onde eu vim. Gravei e gravo para muitos cantores. Uma produção minha já foi campeã como melhor música cristã do estado”, afirma.

O CONCURSO

Na etapa online, Paulo se destacou interpretando “Sultans of Swing”, do Dire Straits, e “Beat It”, de Michael Jackson. Os jurados avaliaram técnica, improviso, performance e timbre. Dos participantes, apenas sete chegaram à final presencial em Arapiraca.

Com a mãe, sua única companhia, torcendo e orando na plateia, Paulo enfrentou os outros dois finalistas na execução de “The Final Countdown”, do Europe, em uma prova cheia de critérios. “Ganhei como 1º colocado com diferença de 13 pontos para o segundo. A emoção foi tão grande que minha mãe chegou a passar mal”, relata.

Apesar do susto, mãe e filho voltaram para casa com o troféu e o sentimento de responsabilidade renovada: representar Alagoas com sua música e sua trajetória singular.

*Estagiário sob supervisão da editoria de Cultura